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ESPERANÇA
Câncer infantil: conheça os sinais de alerta e os tratamentos ofertados pelo SUS
- Foto: Divulgação/Inca - Uma das voluntárias mais queridas e atuantes do programa é a Hope
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima o diagnóstico de quase oito mil novos casos de câncer infantojuvenil no Brasil para os próximos três anos (2023 a 2025). Apesar do alto número, a detecção precoce e o tratamento em centros especializados de atenção à criança podem garantir a cura dos pacientes. Na semana do Dia Internacional Contra o Câncer Infantil, o Ministério da Saúde reforça que a data foi criada para informar a população sobre os riscos e os sinais de alerta da doença.
Atualmente, o câncer é a segunda causa de morte em crianças e adolescentes no país e, segundo a chefe do Setor de Oncologia Pediátrica do Inca, Sima Ferman, “o grande problema é que muitos sinais iniciais se assemelham aos sintomas de doenças comuns da infância”. Por isso, a orientação da especialista é ficar atento a alguns sinais de alerta:
- Febre por mais de sete dias sem causa aparente;
- Dor óssea, com aumento progressivo e duração por mais de um mês;
- Petéquias, equimose (manchas arroxeadas na pele) e palidez;
- Leucocoria (reflexo branco na pupila do olho quando exposta à luz), estrabismo e protusão ocular;
- Distúrbios visuais;
- Linfonodos aumentados;
- Dor de cabeça persistente e progressiva, primariamente noturna, que acorda a criança ou aparece quando ela se levanta de manhã, acompanhada de vômito ou de sinais neurológicos.
Diagnóstico
Segundo estimativa do Inca, nos próximos três anos devem ocorrer, em média, 4,2 mil casos de câncer em meninos e 3,7 mil em meninas. Entre os diagnósticos, os casos de leucemia são os mais incidentes no público infantojuvenil.
Assim como acontece em casos de câncer em adultos, o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura entre os mais jovens. Para possibilitar a descoberta nos estágios iniciais da doença, Sima Ferman detalha algumas medidas que podem ser adotadas, como a "atuação efetiva da atenção básica no acompanhamento infantil, a vigilância e promoção de saúde e estratégias de divulgação de informações para profissionais e para a população”.
Outra medida citada pela especialista é o Programa de Educação Continuada, que orienta os profissionais da atenção básica sobre os sinais e sintomas do câncer infantil.
“Também é necessário o aumento da comunicação entre serviços primários e especializados”, avalia Sima Ferman. Ela explica que um dos grandes desafios é que muitas crianças chegam para tratamentos em estágios avançados da doença. “Muitos com comorbidades, além do impacto adverso das condições socioeconômicas desfavoráveis na aderência ao tratamento”, salienta.
A tecnologista da Divisão de Vigilância e Análise de Situação, Marceli Santos, destaca uma grande diferença entre o câncer em adultos e crianças. Nos adultos, a doença pode estar relacionada ao estilo de vida, enquanto nas crianças não há medidas para ser evitado. “Logo, o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura dos pacientes e diminuir os efeitos tardios relacionados ao tratamento”, explica.
Tratamento
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem locais especializados para o atendimento de pacientes diagnosticados, como, por exemplo, as Unidades de Assistência de Alta Complexidade (Unacon) e os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon).
Os Unacons são hospitais com recursos humanos e tecnológicos adequados para a prestação de assistência especializada de alta complexidade, como o diagnóstico definitivo e tratamento dos cânceres mais prevalentes no Brasil. Os Cacons são hospitais para a prestação de assistência de alta complexidade, não necessariamente apenas os cânceres raros e infantis.
Carinho que cuida
Ao lidar com as crianças, além de um bom atendimento, é importante criar ambientes descontraídos para os pacientes que ficam internados em hospitais. Diversos locais contam com o apoio de voluntários que dedicam seu tempo em prol de atividades recreativas e educativas para os pacientes.
A Área de Ações Voluntárias do Inca (INCAvoluntário), por exemplo, conta com uma sala ampla de recreação infantil, onde as crianças podem brincar e participar de atividades educativas enquanto aguardam consultas e exames.
O INCAvoluntário realiza de forma recorrente atividades com voluntários e funcionários vestidos de princesas e heróis, inclusive para estar com as crianças nos momentos dos exames radiológicos e evitar a sedação desnecessária.
Além de divertir, o trabalho é fundamental para auxiliar o paciente no enfrentamento da doença. “Isso torna a passagem do paciente mais acolhedora e ressignifica os dias que eles passam no hospital”, defende o INCAvoluntário.
Uma das voluntárias mais queridas e atuantes do programa é a Hope, (esperança em inglês), uma Golden Retriever que visita, geralmente uma vez por semana, as crianças em terapia no Instituto Nacional de Câncer. O processo não é uma via de mão única: Hope entrega, mas também recebe carinho dos pequenos.
Edis Henrique Peres
Ministério da Saúde