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SAÚDE QUALIFICADA
Seminário internacional: acesso a novas tecnologias qualifica capacitação e melhora atendimento em saúde pública
A inteligência artificial pode ser aliada dos gestores em saúde pública e contribuir para traçar cenários futuros e melhor atender a população. Da mesma forma, o momento atual de algumas experiências internacionais também serve de exemplo para melhorias no Sistema Único de Saúde, o SUS. Esses temas foram abordados por especialistas no segundo dia de atividades do Seminário Internacional de Gestão da Educação e do Trabalho na Saúde, que ocorre até esta quinta-feira (29), em Brasília.
Na manhã dessa quarta-feira (28), segundo dia do evento organizado pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde, os trabalhos foram abertos com a palestra “O uso da ciência de dados para o planejamento de recursos humanos em saúde no Brasil: o caso da rede materno-infantil”.
O tema, abordado pelos professores Antonio Isidro e Daniel Pagotto, do Centro de Inovação e Gestão da Educação e Trabalho em Saúde, da Universidade Federal de Goiás, trouxe para a plateia, entre outros pontos, a aplicação da inteligência artificial para melhorar a alocação de recursos humanos nos serviços de saúde. Os especialistas explicaram que a metodologia, a partir da análise dos dados existentes, aponta cenários futuros e pode indicar aos gestores as necessidades de capacitação e alocação de profissionais para melhor atender a população.
“A agenda de recursos humanos em saúde precisa acompanhar o avanço tecnológico e sobretudo a produção de conhecimento baseada em dados”, disse o professor Izidro. Já o professor Daniel destacou que o uso da informatização permitiu escalar o trabalho que eles desenvolveram e, assim, “aplicar a solução não só para uma região de saúde, mas para todas do Brasil”.
Ensino de medicina
A preparação dos profissionais de medicina nas universidades brasileiras está defasada em relação à tecnologia disponível e carece de diretrizes específicas e nacionais para orientar o esse ensino. O diagnóstico é a opinião do coordenador de gestão de ensino da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Hervaldo Sampaio Carvalho. Ele foi o segundo palestrante do dia.
“Hoje, o ensino é baseado no tempo: se o estudante não cometer erros, ele se forma, com ou sem as competências necessárias”, disse Carvalho, que é médico formado pela Universidade de Brasília (UnB), onde também atua como professor da Faculdade de Saúde.
Sistema espanhol
Ainda no período da manhã, a conselheira técnica da Subdireção Geral de Coesão e Alta Inspeção do Sistema Nacional de Salud (SNS), Paloma Edurne Pizarro Ruiz, expôs sobre o estado atual e tendências da formação continuada em saúde e gestão de recurso humanos em saúde na Espanha.
Universalização
As diferenças da formação continuada em saúde e gestão em recursos humanos no Chile e na Colômbia foram acompanhadas pelos presentes durante as apresentações de representantes dos dois países. Com 19.250 milhões de habitantes e um sistema misto de atendimento à saúde, público e privado, o Chile enfrenta desafios semelhantes aos que são parte da realidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o país faz uma reforma para universalização da atenção primária que depende da educação e da capacitação permanente dos profissionais da área.
A situação foi descrita pela chefe do Departamento de Estudos, Planejamento e Controle de Gestão, do Ministério da Saúde do Chile, Claudia Godoy Cubilo. Ela destacou que os objetivos estratégicos são melhorar os processos de mudança que têm a ver com a universalização, aperfeiçoar o desempenho individual e da equipe e satisfazer as necessidades de desenvolvimento pessoal e profissional.
Já a a diretora de Desenvolvimento do Talento Humano, do Ministério da Saúde da Colômbia, Edilma Suarez, esclareceu que o país convive com escassez de profissionais da área de saúde.
Hoje, o país ocupa o último lugar na distribuição de enfermeiros, conforme a média da densidade demográfica, de acordo com classificação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Porém, o país está atuando nessa reestruturação que pretende melhorar consideravelmente a rede pública de saúde e o investimento na formação dos profissionais da saúde. A intenção é reformular o sistema nacional de saúde, que “será centrado na atenção primária e na atuação preventiva”, esclareceu a especialista.
O dia de palestras e debates foi encerrado com a participação da secretaria executiva da Comissão Nacional de Residência Médica. Ela abordou como as residências impactam o ordenamento de recursos humanos na saúde.
O seminário pode ser acompanhado ao vivo aqui.
Ministério da Saúde