Notícias
ATENÇÃO PRIMÁRIA
Método Canguru: Brasil recebe especialistas internacionais para atualizar evidências e aprimorar a assistência materno-infantil
Foto: Fred Alves
O exemplo brasileiro trouxe ao País um time de especialistas internacionais em políticas de saúde materna, neonatal e infantil, para o “Encontro Internacional sobre o Método Canguru: trazendo o cuidado canguru imediato para o cotidiano de profissionais de saúde”.
O evento, aberto na quinta-feira (22), em Brasília-DF, foi proposto pela Academia Americana de Pediatria (AAP) e contou com o apoio do Ministério da Saúde. “O Brasil abraçou o Método Canguru desde o seu surgimento, pelo potencial de entrega à saúde materno-infantil. Graças ao método, contamos com excelentes resultados na diminuição da mortalidade neonatal, sobretudo em função do estímulo a esse contato pele a pele e ao aleitamento materno”, disse Raphael Câmara, secretário nacional de Atenção Primária à Saúde, em fala de abertura do evento.
O êxito do Brasil na implementação do Método Canguru e a liderança global da AAP, com o projeto Immediate Kangaroo Mother Care (IKMC), embasaram a troca de conhecimentos entre participantes do encontro, com cruzamento de informações, checagem evidências e apresentação de resultados de pesquisas. Tudo pela disseminação do método.
Método Canguru
O Método Canguru (MC) é um modelo de atenção perinatal que mira na qualificação do cuidado, por meio da abordagem humanizada. Utiliza estratégias de intervenção biopsicossocial que favorecem o cuidado ao recém-nascido, por meio da manutenção do vínculo com pai, mãe e família, articulando a atenção especializada e a atenção primária em saúde.
O MC foi incorporado à política de saúde do Brasil em 2000, quando o Ministério da Saúde passou a desenvolver o Projeto de Disseminação e Fortalecimento do Método Canguru nas maternidades brasileiras. A permanente capacitação de profissionais de saúde é outra frente da política, que visa garantir a qualificação do cuidado neonatal, com foco nas diretrizes do MC e no monitoramento dos indicadores.
“Sabemos da magnitude e da importância dessa política, por isso atuamos para ampliar sua abrangência em todos os estados. Essa política tem o aspecto fundamental de, além de frear a mortalidade, também trazer um desenvolvimento mais adequado para nossas crianças, desde o período gestacional”, explicou Janini Selva Ginani, coordenadora-geral de Saúde Perinatal e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde.
Panorama da mortalidade infantil
No mapa do Brasil, as regiões Norte e Nordeste figuram com 13,3% de taxa de mortalidade infantil, acima da média nacional (12,2%). O dado consta no levantamento Panorama da mortalidade infantil, apresentado pela Dra.Lana de Lourdes Aguiar Lima, diretora do Departamento de Saúde Materno Infantil da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde. A chefe da pasta reforçou que o órgão tem esses territórios como prioritários nas ações contra a mortalidade infantil. “Temos atuado de forma mais incisiva, com ações mais fortalecidas nessas regiões, para reduzir a mortalidade nos próximos meses e anos”, destacou.
Na cartografia da atenção neonatal, que acompanha recém-nascidos até a 28º dia de vida, os estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Santa Catarina e Rio Grande do Sul aparecem com expressivos percentuais de óbitos infantis por municípios.
A cada dado apresentado, a diretora evidenciou os desafios colocados, reiterando o compromisso do Ministério da Saúde em aprimorar o apoio e o estímulo ao desenvolvimento de estratégias que ajudem a superar o cenário de mortalidade infantil.
De acordo com o levantamento, no Brasil (2018 a 2022), 66,0% do total de óbitos infantis ocorrem por causas evitáveis, fundamento que, na análise de Lana de Lourdes, sinaliza para um “horizonte amplo de atuação” pela redução desses óbitos.
Marcos para a saúde materno-infantil e avanços atuais
Entre os apontamentos, a médica elencou marcos na construção da saúde pública no Brasil (1990 a 2020) e os impactos positivos na redução da mortalidade, destacando a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) e o início da Estratégia Saúde da Família. Avançando para a criação do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), Dra. Lana resgata a adoção do Método Canguru e a implantação da rede de atenção materna e infantil (Rede Cegonha).
A recente implementação da Rede de Atenção Materna e Infantil (Rami), em 2022, confirma mais uma ação da gestão federal pela atualização e consequente ampliação dessa área da assistência junto à população. Equipe técnica liderada pela Dra. Lana de Lourdes realiza visitas aos 26 estados brasileiros e ao Distrito Federal, para qualificar profissionais e gestores sobre essa nova estratégia, cuja proposta é reestruturar e ampliar os componentes da antiga rede.
“Na Rede Cegonha caminhávamos bastante incentivando a utilização de leitos, tanto de UTIs neonatais, como de risco gestacional. Com a Rami mantemos isso, mas agora também direcionamos esforços para o cuidado anterior, o cuidado ambulatorial [aquele apoio e acompanhamento para prevenção do dia a dia], com a importante resolutividade da Atenção Primária e capacidade de reduzir óbitos infantis e maternos no País”, explica a gestora, que defende a redução da demanda hospitalar.
De acordo com o Ministério da Saúde, a Rami amplia o financiamento anual da saúde da mulher e da criança para R$ 1,5 bilhão por ano, com acréscimo de R$ 624 milhões a partir da reestruturação da antiga rede. Acesse para conhecer a Rami.
Confira repasses realizados de 2011 até 2021 para a atenção materno-infantil
- Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais (UCINCO)
R$ 588.239.366,69
- Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (Ucinca)
R$ 219.813.795,23
- Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)
R$ 368.425.571,46
O evento, que tem participação restrita a profissionais da gestão em saúde e pesquisadores, segue programação na sexta-feira (23), com atividades como oficinas, rodas de conversas e projeção de vídeos. Acesse para conferir a programação.
CCOM-Saps/MS, por Mônica Olis e Fred Alves