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SAÚDE MENTAL
Lucas superou o luto escrevendo histórias; entenda como é o acolhimento de crianças e adolescentes
A perda de algo ou alguém pode desencadear um processo conhecido como luto. A saudade e a tristeza fazem parte desse momento, mas o indivíduo deve ser capaz de reestabelecer a vida, do contrário, o luto pode acabar se tornando um transtorno.
Nilza Silva, avó de Lucas, sofreu com a perda da filha pela Covid-19 e ainda temeu o adoecimento do neto. “Quando cheguei no serviço de saúde, eu tinha muito medo de perder o Lucas. Essa criança não dormia, não comia, nós passávamos noites em claro. Ele tinha muito pesadelo”, relata.
A psicóloga, Sandra Evangelista, explica como o suporte e o acolhimento são oferecidos às crianças em casos de luto prolongado. “Temos caixas lúdicas com diversos brinquedos. Por meio do brincar, essa criança começa a expressar o sentimento dela e o nosso trabalho entra como psicoeducação, que é entender a emoção presente naquela criança”, esclarece.
Diferente dos adultos, as crianças geralmente apresentam dificuldades em expressar e nomear seus sentimentos, principalmente em situações complexas, como o luto.
“Com o Lucas foi assim. A partir do brincar e contar histórias é que ele começou a escrever. E na escrita dele, na narração, ele traz a perda e como foi organizando os sentimentos. Quando a gente faz o fechamento desse ciclo, ele entende que agora é um novo começo”, descreve Sandra.
Lucas folheia as páginas do caderno, mostra as histórias escritas por ele e os desenhos de super-heróis. Sandra explica que a saudade sempre estará presente, mas a superação do luto prolongado está diretamente atrelada à possibilidade de retomar a vida. “O luto é para sempre. Lucas nunca vai deixar de sentir a perda da mãe, que é uma figura central na vida. Mas ele vai superar. Então, de um menino que chegou aqui sem comer, sem brincar e sem dormir, ele passa a recuperar tudo isso, como se a vida começasse a ficar colorida de novo”, acrescenta.
Lucas chegou ao fim do tratamento e recebeu alta. Ele afirma que vai continuar contando suas histórias. “Hoje eu me sinto feliz, vou voltar pra casa e continuar escrevendo”, conta o menino.
SUS
O Sistema Único de Saúde disponibiliza atendimento para pessoas com demandas relacionadas à saúde mental por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), tendo serviços especializados para crianças e adolescentes, como os Centros de Atenção Psicossocial infanto-juvenil (CAPSi) e as Unidades de Acolhimento infanto-juvenil. Esses são serviços especializados, mas os demais serviços da rede também oferecem cuidado para essa população.
Setembro Amarelo
Durante o mês de setembro, o Ministério da Saúde divulgou uma série de conteúdos sobre a importância da conscientização e do cuidado com a saúde mental. Informação é o primeiro passo de qualquer tratamento. Relembre:
Fran Martins
Ministério da Saúde