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AMOR PARA RECOMEÇAR
Doação de órgãos: Elaiza, mãe de William, conta que o filho ajudou seis pessoas
- Foto: Arquivo pessoal
No Brasil, a doação de órgãos e tecidos somente acontece com a autorização dos familiares. William Machado teve morte encefálica após um grave acidente aos 19 anos e foi o seu irmão mais novo, Wellington, que pensou na doação. “Pense nas outras mães que estão na fila de espera, com esperança de conseguir uma nova chance de vida para o próprio filho”, disse Wellington à mãe Elaiza.
Elaiza tem 46 anos de idade. Ela e seus filhos são naturais de Belém/PA. Em 2010, a família decidiu embarcar para Brasília/DF em busca de melhores oportunidades. William e Wellington ingressaram na faculdade, mas os planos de William foram interrompidos. Em 2014, ele foi a um aniversário com mais dois parentes. No dia seguinte, Elaiza recebeu a notícia que seu filho, sua irmã e seu cunhado haviam sofrido um acidente.
O cunhado teve morte instantânea, a irmã foi levada para o Hospital de Base e o filho William foi levado de helicóptero para o Hospital Regional Leste, no Paranoá/DF. “Quando cheguei no HRL, me informaram sobre a espera de uma vaga no Hospital de Base para transferir meu filho, pois precisavam fazer um exame que só tinha como ser feito lá”, lembra Elaiza.
Logo a transferência foi feita e Elaiza foi recebida pela médica responsável na sala vermelha, onde informou que William já estava com morte cerebral desde o momento do acidente. “Essa foi a pior notícia da minha vida. Só consegui sentar na calçada, sem expressar uma palavra sequer”, conta ela, emocionada.
No mesmo dia, o filho mais novo chamou para conversar sobre uma possível doação de órgãos de William. Ele pediu a autorização da mãe, pois sabia que poderia ajudar outras pessoas. “Foi aí que decidi liberar a doação. Meu herói ajudou seis pessoas a viverem e ainda me trouxe aceitação e a cura da dor”, revela Elaiza.
“Meu desejo é que mais pessoas tenham a consciência que doar órgãos é doar vida. Que possamos ter uma sociedade empática, onde possamos nos doar, uns para os outros, com amor”, conclui a mãe de William e Wellington.
Realidade no Brasil
O maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população brasileira de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza transplantes. Em 2021, foram feitos cerca de 23,5 mil procedimentos. Desse total, cerca de 4,8 mil foram transplantes de rim, 2 mil de fígado, 334 de coração e 84 de pulmão. O país tem mais de 600 hospitais de transplantes autorizados.
Um único doador pode beneficiar até oito pessoas com o transplante de órgãos e tecidos. Esse ato de amor e solidariedade é tema da Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos de 2022, que destaca a importância de se declarar um doador.
Karol Ribeiro
Ministério da Saúde