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ATENÇÃO PRIMÁRIA
Bento Gonçalves/RS alcança visibilidade nacional na atenção primária
Foto de Priscilla Leonel | CCOM Saps
Cidades de diversas regiões brasileiras têm mostrado alta resolutividade na atenção primária à saúde (APS). Agora foi a vez do município de Bento Gonçalves (RS) se destacar, não apenas entre as cidades do Sul, mas em todo o país, com um dos melhores desempenhos entre os municípios de grande porte no primeiro quadrimestre de 2022.
A atuação foi medida de acordo com o Índice Sintético Final (ISF) de 8,09 do município, que é o quinto a performar com mais qualidade diante dos indicadores do programa de financiamento da APS, o Previne Brasil. Por isso, o Ministério da Saúde esteve, nesta quinta-feira (1), in loco em Bento Gonçalves, na expectativa de conhecer e dar visibilidade às experiências exitosas da região.
A secretária municipal de Bento Goncalves, Tatiane Fiorio, confia no diagnóstico e monitoramento como principais fatores para o resultado da região. “Quando recebemos a avaliação do primeiro quadrimestre do ano passado, nos sentamos para analisar e entender a situação dos indicadores. Em cima disso, definimos as estratégias macro de cadastramento, de capacitação da rede, e algumas estratégias separadas por indicadores, de planilhas, de busca ativa. Montamos uma equipe que começou a acompanhar esses indicadores e foi a partir daí que começamos a ter esses resultados”, afirmou.
Uma das primeiras estratégias após a implantação do Previne Brasil em Bento Gonçalves foi o recadastramento da população, com mutirões de cadastros noturnos, aos fins de semana e em bairros atualmente sem Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A quantidade de cadastros vinculados à atenção primária passou de 57.402 em janeiro de 2021 para 91,865 atualmente.
O município optou também pela análise de cada indicador por Unidade Básica de Saúde, pela correção de cadastros duplicados, e pela qualificação dos trabalhadores com ensino fundamental ao superior nas ferramentas digitais. As capacitações dos profissionais são constantes, com 216 cursos tendo sido realizados apenas em 2021 e mais 127 até junho de 2022.
“É possível trabalhar com todo mundo comprometido. Começamos a capacitar desde os grupos de higienizadoras até os médicos sobre os indicadores. E quem controla as planilhas manuais são as técnicas de enfermagem. Elas que alimentam as planilhas e são elas que fazem a busca ativa. Cabe à enfermeira, então, coordenar e verificar se as coisas estão dando certo”, afirmou a coordenadora de Unidades Elci Milani, para quem o Previne foi um desafio, mas que veio para “organizar a casa”.
Nesse contexto de melhorias, Bento Gonçalves atingiu a meta em diversos indicadores do Programa Previne, com destaque para o de proporção de gestantes com realização de exames para sífilis e para o indicador de proporção de crianças de 1 (um) ano de idade vacinadas na APS e de proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado referentes ao pré-natal.
“Os técnicos da secretaria municipal conhecem muito bem o programa e ficam diuturnamente buscando encontrar estratégias para melhorar cada dia mais. Acabamos de ser apresentados a várias ações do município para o alcance desse desempenho e estamos aqui compreendendo todas elas para levar para o resto do país”, destacou o Secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara, presente na ocasião.
Também participou do momento o prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, que aposta nos suportes tecnológicos para garantir informações que embasem ações calcadas nas reais necessidade da saúde pública. “A tecnologia nos permite saber se estamos resolvendo o problema do cidadão. E todos os dias precisamos estar focados em melhorar e em buscar o melhor para a nossa saúde. Quando buscamos o melhor para a nossa saúde, buscamos o melhor para o nosso cidadão e o prêmio também é que todos ficamos mais felizes quando um cidadão diz que a saúde de Bento foi eficiente para ele”, concluiu.
Números municipais
Bento Gonçalves tem 16 (dezesseis) equipes de Saúde da Família (eSF), 9 (nove) Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 1 (um) centro de referência infantil. Elas atendem um total de 124.344 pessoas, o que representa 100,9% da população local, que é de 123.090 habitantes. Bento Gonçalves conta também com 11 equipes de Saúde Bucal (eSB) 40 horas e equipes de Saúde da Família trabalhando com o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), com adesão ao programa Informatiza APS.
O município se destaca, ainda, na identidade e comunicação plurais com os moradores da cidade. Para ampliar o acesso de todos, a cidade disponibiliza informações e materiais de saúde em português e também em criolo haitiano, língua de imigrantes do Haiti que encontraram em Bento melhores condições de vida a partir de 2011.
Agenda ministerial em Bento Gonçalves e lançamento de política em Porto Alegre
Além de ser apresentada às estratégias da atenção primária de Bento Gonçalves, a equipe técnica do Ministério da Saúde (MS) pôde conhecer, no dia 2 de setembro, a estrutura física das unidades de saúde locais e suas equipes. Entre elas, o Complexo Hospitalar de Bento Gonçalves, a Unidade de Saúde da Família (USF) Santa Helena, e as equipes de Saúde da Família Fenavinho; Tancredo Neves; e Conceição II.
Após as visitas, o time ministerial se deslocou para Porto Alegre, se dirigindo à Unidade de Saúde Mato Sampaio, no bairro Bom Jesus. Na ocasião, acompanhou o lançamento da Política de Atenção Primária do município de Porto Alegre, realizado com a presença do secretário nacional de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara; da diretora de Atenção Primária da Saúde do Município, Caroline Shirmer; e do secretário municipal de saúde adjunto, Richard Dias.
“A política tem os preceitos da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), que obviamente seguimos. Mas temos particularidades dentro de Porto Alegre e entendemos este documento como norteador e diretriz para nossas equipes. Ele traz questões sobre o processo de trabalho delas, sobre qual modalidade vamos ter, o horário de funcionamento pra cada uma das tipologias, e o que cada unidade vai fazer de procedimento. A partir da política, revisitamos a cartela de serviços que oferecemos à população, e teremos a versão para o usuário e a versão para o profissional”, afirmou a diretora.
O documento passou por consulta pública e colheu mais de 100 proposições vindas da própria população, das universidades, entre outros públicos. As sugestões somaram para a produção da política, vista pelos representantes da saúde municipais como avanço para planificar as ações existentes em Porto Alegre.