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CUIDADO COM A SAÚDE
Sífilis: entenda como acontece a transmissão e prevenção
Em alusão ao Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, o Ministério da Saúde reforça a importância da prevenção contra essa infecção sexualmente transmissível. Testes, diagnóstico e tratamento estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). É uma doença de fácil propagação e, quando diagnosticada, deve ser tratada de forma precoce e adequada para que não atinja a forma mais grave. Nesse contexto, a farmacêutica e consultora técnica da Pasta, Pâmela Gaspar, respondeu algumas perguntas frequentes para sanar dúvidas sobre o assunto.
MS: O que é sífilis?
PG: A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, causada por uma bactéria que se chama Treponema pallidum. A infecção possui diversos estágios: os que apresentam sinais e sintomas e os que ocorrem de maneira assintomática.
É importante ressaltar que, a exemplo da sífilis, o termo “doenças sexualmente transmissíveis” foi alterado pelo Ministério da Saúde para “infecções sexualmente transmissíveis”, justamente para alertar a população de que pode existir uma infecção sem que, necessariamente, haja uma doença visível. Mesmo assintomática, uma pessoa pode transmitir e apresentar consequências graves decorrentes da infecção.
MS: Existe mais de um tipo de sífilis?
PG: Não. Existe apenas um tipo de sífilis. O que pode mudar é o estágio, ou seja, a classificação, de acordo com os sinais, sintomas e o tempo desde quando contraiu a infecção. Dessa forma, pode ser classificada entre sífilis primária, sífilis secundária, sífilis latente e sífilis terciária. Mas é tudo uma sífilis só.
MS: Como ocorre a transmissão?
PG: A principal forma de transmissão é a sexual, tanto vaginal quanto oral ou anal. Outra forma de transmissão, que também é muito importante destacar, é a transmissão da mãe para a criança, durante a gestação. Uma pessoa, mesmo assintomática, pode estar transmitindo a doença sem saber.
MS: Como sei que estou com sífilis? Qual o sinal ou sintoma mais frequente?
PG: Para saber se uma pessoa está com sífilis, ela deve buscar uma Unidade de Saúde para fazer o teste. Essa pessoa pode estar com a infecção, mas não apresentar nenhum sintoma. Quando os sinais estão presentes, ela pode ter diversas manifestações clínicas, de acordo com o estágio da doença:
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Na primária, aparece uma úlcera, uma ferida (o cancro duro), que é o local onde a bactéria Treponema pallidum entrou no organismo do indivíduo. Ela geralmente não dói e não coça. Então, pode passar desapercebida, principalmente no caso das mulheres. Essa ferida ocorre frequentemente na vagina e no pênis.
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Na sífilis secundária, aparecem manchas. Podem ser manchas vermelhas em todo o corpo, principalmente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Ela também pode estar associada com uma febre baixa, mal-estar e dor de cabeça. Essas manifestações são comuns em outras doenças, sendo muito difícil, portanto, identificar a sífilis. Por isso, a sífilis é conhecida como “grande imitadora”.
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Depois a sífilis pode entrar na fase latente, quando não tem a presença de nenhum sintoma. Esses sinais podem ter desaparecido, mesmo que não tenha ocorrido nenhum tratamento nas fases anteriores.
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Seguindo a evolução da sífilis, depois de um período de latência, quando não tratada, ela pode evoluir para um caso mais grave, que é a sífilis terciária, podendo ocorrer acometimento no sistema nervoso central e também no sistema cardiovascular, dentre outras partes do organismo.
MS: Como é feito o diagnóstico da infecção?
PG: O diagnóstico da sífilis é realizado por um profissional de saúde a partir da avaliação dos resultados dos testes diagnósticos, também dos sinais e sintomas, se presentes, e do histórico de exposição ao risco da sífilis, como a prática sexual sem preservativo.
Os testes rápidos para sífilis estão disponíveis em todas as Unidades de Saúde do SUS e são de fácil execução. Eles são realizados por meio de uma gota de sangue coletada da ponta do dedo da pessoa e o resultado é liberado em até 30 minutos, ou seja, o resultado fica disponibilizado na hora. Quando necessário, o SUS também oferta os testes laboratoriais para sífilis, como é o caso do VDRL.
MS: Existe tratamento disponível no SUS?
PG: Sim. O tratamento para sífilis é a penicilina, a penicilina benzatina. Ela está disponível em todas as Unidades de Saúde do SUS, juntamente com os testes rápidos e de maneira gratuita.
MS: Tive sífilis e me curei, posso pegar pela segunda vez?
PG: Sim, você pode pegar a sífilis sempre que tiver contato com a bactéria. Uma, duas, três vezes. Por isso, é importante o uso do preservativo em todas as relações sexuais para prevenção, tanto da sífilis, quanto das demais infecções sexualmente transmissíveis.
MS: Quais as possíveis complicações da sífilis congênita?
PG: A sífilis pode ser transmitida durante a gestação, quando a mãe não foi diagnosticada e não foi tratada adequadamente, durante o pré-natal, ocasionando a sífilis congênita. Ela pode trazer várias consequências graves ao bebê, como aborto, parto prematuro, morte ao nascimento, além de graves consequências nos ossos, cérebro, olhos e também pode levar à morte, em grande parte dos casos.
É muito importante que as gestantes realizem o teste de sífilis no pré-natal, que preferencialmente ocorra durante o primeiro trimestre e que repita esse teste no terceiro trimestre. Caso dê positivo, o tratamento deve ser realizado imediatamente. O parceiro também deve ser tratado para que não ocorra a reinfecção dessa gestante e a transmissão da sífilis para o bebê.
Não podemos deixar de mencionar a importância do pré-natal do parceiro. Todo mundo, todo parceiro, deve realizar e ele está disponível nas Unidades Básicas de Saúde do SUS.
MS: Qual a melhor forma de prevenção?
PG: O uso de preservativo é a melhor forma de prevenção, tanto para a sífilis quanto para as demais infecções sexualmente transmissíveis. Além disso, é muito importante que a pessoa vá regularmente a uma Unidade de Saúde para realização do teste e fazer o tratamento, se positivo, e obter a cura, porque a sífilis tem cura. Assim, é possível evitar as consequências da doença para sua saúde e também interromper a cadeia de transmissão.
Giurla Martins
Ministério da Saúde