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Saúde Indígena
SESAI entregará Comenda Maninha Xukuru Kariri na 6ª CNSI
A 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, que será realizada no período de 14 a 18 de novembro de 2022, em Brasília (DF), será marcada pela entrega da comenda Maninha Xukuru Kariri. A comenda será entregue na cerimônia de abertura, na Plenária do Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), e será destinada à três personalidades brasileiras cujas contribuições foram marcantes na luta por direitos e melhorias da saúde dos povos indígenas do Brasil.
Os três homenageados são: Ailson dos Santos (Yssô Truká), no Segmento Usuário; Maria do Carmo Andrade Filha (Carmem Pankararu), no Segmento Trabalhador e Ubiratan Pedrosa Moreira, no Segmento Gestor.
Conhecida como Maninha Xukuru Kariri, Etelvina Santana da Silva, nasceu em 1966, na aldeia Xukuru-Kariri, em Palmeira dos Índios, interior do estado de Alagoas (AL) e sempre se orgulhou de ser descendente de uma família de guerreiros. Seu avô, cacique Alfredo Celestino, ao lado de outras lideranças indígenas, viajava dias a pé para cobrar das autoridades a devolução das terras que, pertencentes aos seus antepassados, haviam sido tomadas por fazendeiros e latifundiários ao longo dos anos.
Na década de 1950, cansados das promessas nunca concretizadas, a família de Maninha Xukuru liderou a primeira retomada de terra, na fazenda do Canto. Ou seja, o espírito guerreiro já estava em seu sangue.
Aos vinte anos, seguiu para Recife (PE), objetivando vencer na vida e cursar medicina. Após dois anos trabalhando duro, decidiu retornar à sua aldeia para “vencer na terra”, onde afirmava que: na cidade não conseguia ser ela mesma e em suas palavras disse: “Eu percebi quem eu era, quem eu sou e qual é o meu lugar. Precisei sair da aldeia para sonhar quem eu sou. A partir daquele momento, eu queria vencer na terra, mas acontece que meu povo não tinha terra. Então, vencer na vida passou a ser conseguir a nossa terra”.
Maninha então, com toda a sua luta, tornou-se uma das grandes lideranças indígenas de Alagoas e do Brasil, repetindo que a gente tinha que “vencer na terra”. Foi a única mulher em meio a tantos caciques e líderes indígenas. Liderou a luta do povo Xukuru Kariri por anos, enfrentando a perda constante de territórios e os interesses financeiros sobre a terra de seu povo. Como seus antepassados, ela também liderou movimentos de conquista e se tornou admirada e respeitada por todo o mundo.
Maninha Xukuru Kariri combateu o preconceito na condição de mulher e indígena. Fez isso com tanta força, que foi indicada no ano 2000 pelo Projeto “1000 mulheres” ao prêmio Nobel da Paz. O projeto tinha o objetivo de premiar mil mulheres do mundo, por meio de suas experiências e que contribuíram no estudo dos conflitos e na criação de políticas pela paz.
No dia 11 de outubro de 2006, todo povo indígena chorou com a partida da indígena guerreira. Seu povo recebeu mensagens de várias etnias de todo o país. Em 2007, recebeu in memoriam, o prêmio “Renildo José dos Santos”, destinado aos que se dedicam à defesa dos direitos humanos. Maninha foi agraciada na categoria “Defesa da Identidade Cultural”.
A luta de Etelvina Santana da Silva se tornou exemplo para mulheres indígenas, negras e brancas. Seu exemplo, continua estimulando as organizações de mulheres de todo o mundo e, principalmente, na terra onde ela venceu na vida.