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OUTUBRO ROSA
Câncer metastático não impossibilitou Andressa de buscar tratamento e incentivar outras mulheres sobre prevenção
- Foto: Arquivo pessoal
Em 2015, Andressa da Silva Rodrigues fez exames de rotina. “Não tinha nada acontecendo de anormal no meu corpo, mas dois anos depois, eu já estava com uma doença espalhada”, relata. Os sintomas do câncer de mama, como pele avermelhada, parecida com casca de laranja ou alterações nos mamilos, não aconteceram com ela. “Eu não tive nada disso, mas se eu tivesse ido ao médico em 2016, talvez eu tivesse descoberto uma doença menos avançada”, reflete Andressa, moradora de Vicente Pires (DF), hoje com 39 anos de idade. “Precisamos estar atentas ao nosso corpo. Quando se descobre uma doença no início, as chances de conseguir tratar são muito maiores. A prevenção é o melhor caminho. O controle anual é muito importante”, aconselha ela que, há cinco anos, trata um câncer metastático.
Em julho de 2017, quando foi a uma consulta de rotina ao ginecologista, o médico realizou exame de toque nas mamas e solicitou uma ultrassonografia. “Naquele momento não desconfiei de nada”, relembra, acrescentando que foi durante o exame de ultrassom, dias depois, que ela foi questionada sobre um nódulo. “Falei que eu desconhecia e na mesma hora o médico me contou que o nódulo era feio e de aspecto muito ruim. Ao final do exame, ele me aconselhou a ir com urgência em uma mastologista”, conta.
Andressa saiu da ultrassonografia com laudo de BIRADS 5 do aspecto do nódulo. A sigla vem do inglês “Breast Imaging Reporting and Data System”. Esse sistema passa uma estimativa sobre a chance de o resultado do exame ser ou não um câncer. A classificação varia de um a seis, onde um corresponde a 0% de chance de malignidade e seis corresponde a diagnóstico de câncer já confirmado. “Foi um grande susto e ali começou a minha jornada”, afirma.
Em seguida, Andressa conseguiu uma consulta cortesia com um mastologista, que fez a punção do nódulo e solicitou que ela fizesse uma mamografia. “Ele me tranquilizou. A princípio, ele acreditava que não seria nada. O material foi analisado em laboratório e o diagnóstico voltou como normal. Não tinha nada de suspeito. Mas eu fiz a mamografia e essa voltou com o mesmo resultado de BIRADS 5. Como os resultados dos dois exames não bateram, o médico ainda pediu uma biópsia”, descreve.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA, é recomendado que mulheres de 50 a 69 anos façam uma mamografia a cada dois anos, mas o exame pode ser feito em qualquer idade, quando há indicação médica. A mamografia e o exame clínico das mamas podem identificar alterações suspeitas, mas a confirmação do câncer de mama é feita pelo exame histopatológico (biópsia), que analisa uma pequena parte retirada da lesão.
O resultado da biópsia foi carcinoma e Andressa passou a fazer exames de estadiamento do câncer, ou seja, avaliação do grau de disseminação. “Esses exames indicaram que o câncer já não era primário e eu estava com metástases no fígado, na coluna, na área dos linfonodos da axila, quadril e tireoide”, conta, ciente de que o caso era sério e precisava correr contra o tempo.
“Já fiz mais de oito quimioterapias diferentes e radioterapia nos ossos”, resume Andressa que, ao longo desses cinco anos de tratamento, passou a ter dificuldade de mobilidade, ganhou peso em razão do corticoide, precisou colocar marca-passo e passar por cirurgia na maxila. “A doença começa, diminui e logo volta a crescer de novo. Isso me fez passar por quase todos os tratamentos possíveis. Comecei um tratamento faz pouco tempo e depois dessa nova tentativa, acredito que só tenho mais uma opção disponível”, relata.
Rede de Apoio
A fé e o apoio de pessoas próximas, como a mãe, o filho de 13 anos e o afilhado que mora com Andressa são suporte na caminhada. “Eu sempre fui muito bem atendida nos lugares que passei, tive e tenho apoio de amigos e familiares. Tudo tem um motivo, então é muito importante ter fé em algo maior. Questiono o que eu preciso aprender, o que preciso passar e até onde preciso ir”, afirma ela, declarando que acredita na própria resiliência.
Andressa entende a importância dos cuidados paliativos e de assistência ao paciente oncológico. “Não é olhar o paciente que está esperando a morte chegar, mas sim a qualidade de vida daquele paciente enquanto ele viver e esse cuidado se estende à família, que também sofre. Eu posso estar doente, mas não necessariamente preciso sentir dor”, defende.
Para ela, conhecimento é poder. “Mulheres, conheçam o corpo de vocês, conheçam o tratamento, conheçam a doença. Procurem saber sobre as terapias, as medicações e suas funções. Quando a gente entende tudo isso, entende também as reações do corpo e consegue pedir ajuda de uma forma mais eficaz”, ensina.
Como mensagem para outras mulheres, Andressa insiste: “o recado é prevenir para não precisar remediar. Mas se for preciso remediar, é importante saber como, seja no remediar físico ou emocional. E nesse processo, ainda que você tenha dificuldade de se reconhecer no espelho, entenda que nesse momento também nasce uma nova pessoa. É possível tirar muitas lições para si mesma e para aquelas pessoas que estão próximas a você, que desejam aprender com essa situação. Enquanto Deus permitir, eu vou estar aqui para viver e falar com outras mulheres sobre essa chance de se redescobrir”, conclui.
Bianca Lima
Ministério da Saúde