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NOVEMBRO AZUL
Saúde do homem: acompanhamento e prevenção podem reduzir casos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis
Dentre as principais causas de morte entre os homens, estão as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Nesta quarta-feira (30), último dia do Novembro Azul, o Ministério da Saúde traz uma entrevista com Fernando Pessoa, Consultor Técnico da Saúde do Homem (SAPS/MS), que explica os fatores que levam a isso.
Quais são as DCNT que mais acometem a população masculina?
Quando falamos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, os homens morrem mais do que as mulheres por doenças do sistema respiratório (50% a mais), por doenças cardiovasculares (40% a mais) e por cânceres (30% a mais).
Por que os homens desenvolvem mais DCNT?
Um dos motivos para termos maiores complicações por doenças crônicas é justamente porque os homens raramente buscam a atenção primária (Unidades Básicas de Saúde) para prevenção ou acompanhamento de alguma condição clínica e, assim, acessam os serviços da atenção especializada como as UPAs ou hospitais apresentando doença em estado mais agravado. Por exemplo, problemas cardíacos, como infarto agudo do miocárdio ou AVC, causados por descontrole da pressão arterial, que podem levar ao óbito subitamente. Nesses casos então, a mortalidade aumenta, sobrecarrega os hospitais e onera o sistema, já que o tratamento nesses casos é menos efetivo, diferente do atendimento dispensado na Atenção Primária à Saúde, a qual trabalha com a prevenção e a promoção da saúde.
Por que os homens demoram mais para procurar os serviços de saúde?
É um problema sociocultural. Os homens buscam menos os serviços da Atenção Primária porque esses serviços são direcionados para ações preventivas que incentivam o autocuidado. Assim, quando pensamos em autocuidado e cuidar do outro, culturalmente, são elementos que estão associados às mulheres. Para a sociedade, quem cuida dos outros são as mulheres, vide que a maioria dos profissionais de saúde são mulheres.
Como mudar essa realidade?
Associando as práticas de cuidado a produção das masculinidades, aproximando o significado de ser homem a essa dimensão do cuidado. É uma estratégia que a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) se dedica, justamente para que os homens possam se sentir bem cuidando dos outros e cuidando de si mesmos, podendo desenvolver ações preventivas e não esperando adoecer para procurar um serviço de saúde. Desenvolvendo práticas de autocuidado ao invés de esperar que o outro cuide deles. Além da necessidade de afastarmos a ideia de que ser homem é se envolver mais em situações de risco e não precisar de ajuda.
O que a Atenção Primária à Saúde (APS) precisa para ampliar o acesso dos homens aos serviços de saúde?
A primeira ação é a ampliação do cadastramento dessa população masculina por meio do Previne Brasil, pois justamente essa população de homens de 20 a 59 anos são os que menos acessam a Atenção Primária.
A segunda é a ampliação do horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) por meio do programa Saúde na Hora. A estratégia permite que os homens que trabalham até mais tarde consigam realizar atendimento em horários alternativos na APS.
A terceira está relacionada à Estratégia do Pré-Natal do Pai/Parceiro, pois a partir dela observamos que o pré-natal é uma janela de oportunidade para os homens acessarem a APS. Neste ano, ampliamos em 62% o número de consultas de Pré-Natal do Pai/Parceiro.
Além disso, uma outra estratégia que pode ser desenvolvida para aproximar a população masculina dos serviços de saúde é a equipe de saúde ir para o território e desenvolver ações como aquelas voltadas à sexualidade responsável, prevenção às ISTs etc. Isso tudo pode ser feito em campos de futebol, próximos a bares e outros espaços onde população masculina frequenta. Além disso, também é interessante conversar com empresas, indústrias, locais de trabalho onde concentram mais homens para ensinar os contratantes que ampliar o acesso dos homens nos serviços da APS, para realização de exames de rotina e acompanhamento, é vantajoso também para o empresário, já que esse funcionário faltará menos ao serviço e produzirá muito mais quando tem uma vida saudável.
Ivan Lima de Carvalho, usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), compartilhou sua experiência e a importância do acompanhamento. “Eu vim de uma família de muitos irmãos homens e sempre tive como exemplo o meu irmão mais velho, que sempre usou o SUS. Através do exemplo dele, de acompanhá-lo e de ser levado desde quando criança nas unidades de atendimento da APS e fazer todo o acompanhamento na Atenção Primária, reforçando o cuidado e prevenção, eu criei esse hábito também”.
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) tem como diretriz promover ações de saúde que contribuam para a compreensão da realidade individual de cada homem nos seus diversos contextos socioculturais e político-econômicos. Neste sentido, o Ministério da Saúde vem desenvolvendo fortemente ações conjuntas com estados e municípios, aproximando-se de gestores e trabalhadores da saúde que, juntos, oportunizem à população masculina do Brasil essas transformações.
Fran Martins
Ministério da Saúde