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ATENÇÃO PRIMÁRIA
São Gonçalo do Amarante (CE) dá exemplo na assistência materna e infantil
Secretária municipal de Saúde mostra ao secretário nacional da APS equipamentos adquiridos recurso federal destinado à covd e que ainda hoje salvam vidas em São Gonçalo do Amarante -CE. Foto: Mônica Olis
A saúde de gestantes, puérperas e bebes projeta importantes avanços para a consolidação de uma atenção materna e infantil mais segura, qualificada e humanizada. A constatação veio após visita técnica do secretário nacional da Atenção Primária, Raphael Câmara, ao setor de obstetrícia do Hospital Geral Luiza Alcântara e Silva, em São Gonçalo do Amarante (CE). O hospital é mantido pela Secretaria Municipal de Saúde e administrado pelo Instituto Praxis.
Médico obstetra, Câmara andou pelas instalações do estabelecimento de saúde na noite do dia 25/11, viu equipamentos adquiridos e setores estruturados a partir do uso de recursos federais destinados para o combate à covid. Em sua avaliação, a cidade é um exemplo de recurso bem aproveitado. “Que bom que o município conseguiu usar esse recurso. Quem ganha com isso é a população que usa o SUS e isso representa o legado de um trabalho que faz a diferença na ponta, como pude constatar aqui hoje”, disse, parabenizando gestores e profissionais de saúde.
O município que ainda não tem habilitados componentes da Rede de Atenção Materno Infantil (Rami) e, por isso, ainda não recebe recursos reservados à política pela Atenção Primária. Mesmo assim, consegue oferecer à população, com recursos próprios, os mesmos serviços previstos em alguns componentes, referenciando-se nos princípios e objetivos da política.
Salto na saúde materna e infantil
De acordo com a secretária de Saúde, Liana Mara R.Teles, graças à isso, a assistência materna e infantil deu um salto no município em 2022. A gestora disse notar mudanças significativas nos resultados alcançados com os atendimentos, por exemplo quando estimulam o vínculo familiar nos cuidados do recém-nascido e da criança. Antes da iniciativa, destaca ela, “a média mensal de partos normais oscilava entre 5 a 10 procedimentos; cesarianas, no máximo 20”. Após adotar ações preconizada pela política, o hospital chegou a realizar 80 partos por mês.
“Antes as gestantes não se sentiam seguras em fazer o parto aqui no município. Hoje isso mudou, porque o principal é a segurança que a Rede confere ao atendimento”, reforçou.
O hospital conta com incubadora neonatal e fototerapia; aparelhos para monitoramento da gestante, como um cardiotocógrafo, que permite o manejo cuidadoso durante o trabalho de parto (e do parto), oferecendo segurança à gestante e ao recém-nascido. Na estrutura, Centro Cirúrgico com unidades obstétricas equipadas com camas PPP (Pré parto, Parto e Pós-parto), monitores e aparelhos de ultrassom, além de Sala de Recuperação (SR), que garante mais autonomia para realizar as cirurgias de média complexidade (cirurgias gerais e cesarianas), além de laqueaduras.
Passos rumo à Rami
O processo de habilitação de componentes da Rami junto ao Ministério da saúde, e consequente obtenção de recursos federais, obedece a etapas que devem ser cumpridas nos âmbitos estadual e municipal. Uma vez confirmada a adesão nas instâncias definidas por portarias, o município estará apto a usufruir dos recursos necessários à estruturação da Rede.
Segundo Teles, 34% da arrecadação do município vai para a Saúde a a assistência prestada com base na Rami acontece com recursos próprios.
A iniciativa recebeu elogios de Raphael Câmara, que falou da importância do legado: “Criamos a nova política de atenção materna e infantil, colocando o cuidado com mães e bebes como prioridade. Para isso, dobramos o orçamento: a antiga rede tinha orçamento de 900 milhões e a Rami tem 1.8 bilhões”, lembrou o secretário.
Ele avalia que cumpriu o compromisso de, como médico obstetra, ter marcado a gestão da APS com a implantação de uma política voltada a sua área profissional e que melhora a vida da população. “Ainda há muito trabalho a ser feito para reduzir a mortalidade materna e infantil, que aumentou muito com a covid”, reconheceu.
Vidas salvas
Entre as histórias que fazem parte da rotina na assistência, algumas premiam o êxito do trabalho desenvolvidos pelas equipes de saúde. “Recentemente recebemos duas crianças com parada respiratória, que foram reanimadas, colocadas nas incubadoras que adquirimos na covid e elas sobreviveram”, contou a secretária municipal. Ela ainda lembrou o caso do parto de gêmeos, com 31 semanas, cuja mãe, vinda de outro município, chegou ao hospital em avançado estágio de parto (período expulsivo), mas teve o quadro estabilizado, graças aos aparelhos adquiridos, e puderam ser transferidos de forma segura para hospital de referência. A assistência prestada pelo hospital alcança moradores de 10 municípios vizinhos, atendidos em livre demanda, sem tratativas em âmbito intermunicipal.
APS em São Gonçalo do Amarante
Em 2022, a Saúde da cidade obteve o montante de R$ 656.966,83 em recursos federais relativos a componentes da APS. O investimento federal garante ações voltadas à informatização de UBSs (Informatiza APS – R$ 18 mil), qualificação do cadastro de usuários (Capitação Ponderada - R$ 436 mil) flexibilização no acesso, com adesão, por exemplo, ao Saúde na Hora (Incentivo para ações estratégicas - R$112.940).
Destaques no Previne Brasil
De 130 para 60, o município subiu 90 posições no ranking estadual, melhorando o desempenho nos indicadores do Previne Brasil (ISF 9,2). O município da região metropolitana de fortaleza (CE), melhorou o financiamento da APS no quadrimestre vigente e superou metas fixadas para 3 indicadores: 1 - Proporção de gestantes com pelo menos 6 (seis) consultas pré-natal realizadas, sendo a 1ª (primeira) até a 12ª (décima segunda) semana de gestação (meta 45%, alcançou 63%); 2 - Proporção de gestantes com realização de exames para sífilis e HIV (meta 60%, alcançou 86%) e; 3 - Proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado (meta 60%, alcançou 87%). Neste ano, o município recebeu R$ 8.035.019,88 em repasse anual do Previne Brasil (referente a 11 parcelas).
As 49.306 pessoas que vivem em São Gonçalo do Amarante (IBGE 2021) têm disponíveis 20 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), nas quais podem acessar:
• Serviços odontológicos: 20 Equipes de Saúde Bucal (eSBs); 84 Cirurgiões-dentistas; 8 Técnicos em Saúde Bucal e 38 Auxiliares em Saúde Bucal; Centro de Especialidades Odontológica (CEO).
• Atendimento médico: Programa Mais Médicos (PMM) - 2 profissionais; Programa Médicos pelo Brasil - 4 profissionais.
• Cuidado e prevenção: 23 equipes de Saúde da Família (eSF); 94 agentes comunitários de saúde (ACS) em atividade, além outros 111 credenciados.
Glossário da atenção materna e infantil humanizada
• Cama PPP: idealizada para permitir o parto ativo onde a parturiente pode decidir sobre a melhor posição do parto e desenvolvida para atender os conceitos de Parto-Humanizado onde todos os procedimentos de pré, de parto e de pós-parto são efetuados com conforto para a parturiente, segurança e facilidade de acesso para a equipe que a assiste e evitando sua transferência para outro setor do hospital.
• Cardiotocógrafo: A cardiotocografia é um método biofísico não invasivo de avaliação do bem estar fetal. Consiste no registro gráfico da frequência cardíaca fetal e das contrações uterinas. É classificada em cardiotocografia anteparto e intraparto.
Confira vídeo com relato da Larissa Aguiar, que tem a gestação acompanhada pelos profissionais do Hospital Geral Luiza Alcântara e Silva.