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TRANSFUSÃO
Pacientes com doença falciforme dependem de doação de sangue
Foto: Arquivo pessoal
Há 28 anos, a secretária Miriam Ramalho Ferreira da Silva, 59 anos, inclui em suas orações uma prece especial: o agradecimento a todos os doadores de sangue. Depois de perder a filha primogênita nos primeiros meses de vida, em decorrência de complicações da doença falciforme, a moradora de Brasília temeu pela vida do segundo filho, que recebeu o mesmo diagnóstico aos quatro meses. Entretanto, com a identificação precoce e o início do tratamento, que incluía transfusões regulares, o pequeno Samuel teve um destino diferente, e a mãe pôde acompanhar todas as etapas dele que, atualmente, tem 28 anos e é formado em Ciências Contábeis.
A doença falciforme é uma condição genética na qual as células do sangue responsáveis pelo transporte do oxigênio no organismo (hemoglobinas) não conseguem desempenhar corretamente a função. Com isso, os pacientes desenvolvem complicações severas de saúde, como quadros de anemia profunda, crises de dor, infecções e complicações em diversos órgãos e sistemas, que podem variar quanto a intensidade e tratamento que o corpo consegue responder. Em alguns casos, são necessárias transfusões regulares. “O meu filho recebe sangue praticamente todos os meses desde que nasceu. Ele já fez diversas cirurgias e, sem ajuda, pode morrer”, explica Miriam.
Candidato a um transplante de medula óssea — uma cura para a doença — durante a maior parte da vida, Samuel precisou de transfusões a cada 15 dias. Com a retirada do baço, em 2016, o intervalo aumentou e agora ele recebe a doação uma vez por mês. “Estamos aguardando um doador compatível. Enquanto o momento não chega, mal tenho palavras para explicar a importância dos voluntários. Graças a milhares de pessoas meu filho pôde chegar até aqui. São anjos de Deus na terra e eu sempre rezo por eles e por seus familiares”, emociona-se Miriam.
Gesto de amor
Gratidão é também o sentimento da mineira Rosa Helena Luiz, 45 anos, diagnosticada com a doença falciforme desde os 13. Na última década, em decorrência de outros problemas de saúde causados pela doença, ela passou a precisar de uma transfusão por mês. “Se não receber a doação, eu morro. Sinto dores, muito cansaço e fraqueza. Como tenho um grau alto da doença falciforme e um histórico de outras complicações, não posso passar pelo transplante. Eu não conheço as pessoas que me ajudam, mas é um gesto de amor”, constata a mineira, mãe de duas filhas, que lembra de já ter ficado sem forças para levantar da cama e fazer atividades rotineiras por conta da condição.
O hematologista Marcelo Freitas, 48 anos, chefe da Unidade Técnica do Hemocentro de Brasília, destaca a importância das datas de conscientização, como esta sexta-feira (25), Dia Nacional do Doador de Sangue. “Quem faz a diferença para essas pessoas é o voluntário. O que acontece é que, infelizmente, em alguns momentos, cai a adesão e por isso as campanhas são importantes. Precisamos que as pessoas criem o hábito, principalmente em períodos mais críticos, como início de ano, carnaval e férias”, salienta.
Juliana Oliveira
Ministério da Saúde