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CUIDADO
Saiba como são prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer colorretal
No Brasil, o câncer colorretal é o terceiro tipo de tumor com mais incidência na população, com aproximadamente 40 mil novos casos diagnosticados por ano. Somente em 2020 foram registrados 20.540 novos casos de câncer colorretal em homens e 20.470 casos em mulheres, com incidências estimadas de 9,1% e 9,2%, respectivamente.
Beatriz Suzuki, de 29 anos, é uma das pessoas afetadas pela doença e passou por todo o processo de diagnóstico e tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), em Barretos (SP) e região.
Em março de 2018, após uma dor abdominal muito forte e sangramento, ela foi até a Unidade Básica de Saúde (UBS) no município de Clementina (SP), onde morava na época, relatou o que estava acontecendo, e o clínico geral fez o pedido do exame de colonoscopia. Na consulta com o proctologista, que recebeu o resultado, Beatriz foi informada que a biópsia havia sido positiva para o câncer colorretal. O médico, então, fez o encaminhamento para que ela se tratasse no hospital especializado da cidade.
“Recebi muito apoio e incentivo da equipe e a primeira consulta com a oncologista foi marcada para três semanas após o diagnóstico”, lembra. “Atualmente, estou em acompanhamento semestral com exames de sangue e imagem. Mas após o diagnóstico, passei por quatro cirurgias, sendo duas de emergência, além da quimioterapia e ainda usei bolsa de colostomia por 10 meses. Tudo feito pelo SUS”, conta.
Neste Dia Nacional de Combate ao Câncer Colorretal (27/3), a diretora do Departamento de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Juliana Rezende, recomenda à população o mesmo caminho seguido por Beatriz. “É na Atenção Primária que o primeiro atendimento é feito, exceto em casos de risco de vida, que devem seguir diretamente para o hospital”, explica. “Na UBS, o profissional de saúde irá orientar o cidadão, solicitar e realizar exames e fazer os encaminhamentos necessários para a atenção especializada”, explica a diretora.
Como detectar
O câncer colorretal abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (cólon), no reto (final do intestino) e no ânus. É passível de tratamento e, quando detectado precocemente, costuma ser curável.
Os sinais e sintomas mais comuns são: presença de sangue nas fezes; dor e cólica abdominal frequente com mais de 30 dias de duração; alteração no ritmo intestinal de início recente - quando um indivíduo que tinha o funcionamento intestinal normal passa a ter diarreia ou constipação -; emagrecimento rápido e não intencional; anemia, cansaço e fraqueza.
A boa notícia é que a detecção precoce da doença é possível. A maioria dos tumores evolui a partir de lesões benignas, os pólipos adenomatosos, por um período de 10 a 15 anos, existindo, portanto, um período pré-clínico detectável bastante longo.
Semelhante ao que ocorre com o câncer do colo do útero, o câncer do intestino tem a peculiaridade de possibilitar tanto a prevenção da ocorrência da doença, pela identificação e retirada dos pólipos intestinais - que leva a uma redução da incidência do câncer - quanto a detecção em estados iniciais. Quando são tratados adequadamente, a taxa de sobrevida em cinco anos pode chegar a 90%, reduzindo significativamente a mortalidade.
Gestores e profissionais de saúde da Atenção Primária têm um papel importante nessa etapa. “Para ajudar o cidadão a identificar se pode ter câncer colorretal, é recomendável que as equipes, bem como a gestão federal, façam uma ampla divulgação dos sinais de alerta, que pode passar por distribuição de cartazes, comunicação online nas redes sociais, ações pontuais nas ruas, entre outras medidas”, orienta Patrícia Izetti, médica radio-oncologista e Coordenadora-Geral de Prevenção de Doenças Crônicas e Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde.
Ela também lembra que os usuários precisam ter acesso imediato aos procedimentos de diagnóstico dos casos suspeitos e acesso ao tratamento adequado e oportuno, com encaminhamento para a atenção especializada (médico especialista) tão logo identificada a necessidade.
Prevenção
Entre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal estão: alto consumo de carne vermelha ou processada, consumo excessivo de álcool, alimentação pobre em frutas e fibras, idade igual ou superior a 50 anos, obesidade, inatividade física e tabagismo. Também contribuem os fatores hereditários, como histórico familiar de câncer colorretal e a polipose adenomatosa, além de condições crônicas como a doença inflamatória intestinal crônica (colite ulcerativa ou doença de Crohn) e Diabetes Melittus Tipo 2.
No entanto, é possível prevenir a condição. “Assim como na maioria das doenças crônicas não-transmissíveis, a prevenção do câncer colorretal envolve a adoção de um estilo de vida saudável”.
As principais orientações para prevenir o câncer colorretal são:
· Prática regular de atividade física, sendo que o recomendável para adultos e idosos é realizar pelo menos 150 minutos de exercícios na semana, preferencialmente distribuídos em diferentes dias e momentos, podendo envolver atividades aeróbicas (caminhada, corrida, natação, ciclismo etc.), de fortalecimento de músculos e ossos e de alongamentos;
· Manter o peso adequado;
· Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação;
· Reduzir a quantidade de óleos, gorduras, sal e açúcar;
· Limitar o consumo de alimentos processados;
· Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;
· Consumir pelo menos três porções de frutas e três porções de legumes e verduras ao dia;
· Consumir, preferencialmente, cereais integrais, como arroz, pães, aveia, cevada e outros (veja mais dicas no nutricao.saude.gov.br);
· Beber pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia;
· Reduzir o consumo de carnes vermelhas;
· Evitar o consumo de carnes salgadas e processadas, como presunto, mortadela, bacon, linguiça, salsicha e outros embutidos e defumados;
· Manter o peso adequado;
· Evitar e/ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas;
· Não fumar e evitar ambientes onde outras pessoas estejam fumando.
Para mais informações e recomendações para um estilo de vida ativo e alimentação adequada e saudável, consulte o Guia de Atividade Física para a População Brasileira e o Guia Alimentar para a População Brasileira.
Números
Mundialmente, o câncer colorretal é o segundo tipo de tumor que mais acomete mulheres (taxa de incidência de 21,8/100 mil habitantes) e o terceiro mais incidente em homens (taxa de incidência de 26,6/100 mil habitantes). No Brasil, em 2019, a taxa de mortalidade por esse tipo de câncer foi de 8,92/100 mil pessoas, sendo registrados 10.191 óbitos entre homens e 10.385 óbitos entre mulheres, com taxa de mortalidade bruta de 8,99/100 mil e de 8,85/100 mil, respectivamente.
Com exceção dos tumores de pele não melanoma, o câncer colorretal em homens é o segundo mais incidente nas regiões Sudeste (28,62/100 mil) e Centro-Oeste (15,40/100 mil). No Sul (25,11/100 mil) é o terceiro tumor mais frequente. Já nas regiões Nordeste (8,91/100 mil) e Norte (5,27/100 mil) ocupa a quarta posição. Para as mulheres, é o segundo mais frequente no Sudeste (26,18/100 mil) e no Sul (23,65/100 mil). Nas regiões Centro-Oeste (15,24/100 mil), Nordeste (10,79/100 mil) e Norte (6,48/100 mil) é o terceiro mais incidente. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Laísa Queiroz
Ministério da Saúde