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ATENÇÃO PRIMÁRIA
Em Lavandeira (TO), todas as gestantes atendidas na Atenção Primária têm pré-natal odontológico
Fotos: Laísa Queiroz/Saps/MS
No interior do Tocantins, a 487 quilômetros de Palmas, um município com menos de 2 mil habitantes conseguiu resultados surpreendentes na Atenção Primária à Saúde (APS). Lavandeira alcançou a nota máxima no Previne Brasil, o programa de financiamento federal que mede o desempenho desse nível de atenção nos territórios por meio de sete indicadores. Um dos principais destaques é que 100% das gestantes realizaram atendimento odontológico.
Segundo a coordenadora de Atenção Básica do município, Bruna Gontijo da Silva, durante a primeira consulta de pré-natal, ao abrir a caderneta, a enfermeira já orienta a gestante a aproveitar a ida à unidade básica de saúde (UBS) para fazer o atendimento odontológico. “A equipe de Saúde Bucal deixa uma vaga reservada para atendê-la, e, caso ela não possa naquele momento por algum motivo, fica agendada a consulta para uma data próxima”, conta.
A proporção de gestantes com pré-natal odontológico realizado é um dos indicadores cuja meta os municípios brasileiros mais têm dificuldade em alcançar, em parte devido à crença de que poderia ser perigoso para o andamento da gravidez. Porém, é exatamente o contrário. “A saúde bucal influencia todo o organismo, e uma infecção dentária, por exemplo, pode trazer complicações sérias para o bebê”, explica o secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, que também é ginecologista.
No caso de Lavandeira, Bruna explica que algumas mulheres também têm receio de cuidar da boca e dos dentes tão depressa: “mas a gente conversa, explica a importância e desfaz essa resistência”.
Fotos: Laísa Queiroz/Saps/MS
Outros destaques
Em Lavandeira, a cobertura da APS é de 100%, e o número de cadastros de cidadãos segue crescendo: passou de 1.687 pessoas em 2018 para 2.220 (maior que a população do município no IBGE) neste ano. Vale lembrar que o Previne Brasil utiliza a população efetivamente cadastrada para fazer os repasses financeiros, já que os números do Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística estão desatualizados e podem não corresponder à realidade.
Quanto aos indicadores, a cobertura vacinal de pólio e pentavalente e a proporção de gestantes com exames de HIV e sífilis realizados também atingiram 100%. Em seguida, vêm a proporção de gestantes com seis consultas de pré-natal realizadas (86%), a pressão arterial aferida (72%), a solicitação de exames de hemoglobina glicada (63%) e a cobertura do citopatológico (56%), todos eles acima das respectivas metas.
Para conseguir esse resultado, o município se organizou por meio da implantação de um sistema de monitoramento, planejamento estratégico, informatização, levantamento do público-alvo, atualização cadastral, treinamento prático do sistema e-SUS, qualificação no registro nos sistemas de informação, ações estratégicas, avaliação mensal, adesão da equipe e um forte trabalho de busca ativa.
“Por ser um município pequeno, há um vínculo muito grande entre os agentes comunitários de saúde e a população, o que deixa o elo muito fortalecido”, explica Bruna. “Quando a pessoa não vai à consulta, ligamos para saber o motivo, e, se há resistência, vamos até o local com a equipe”, complementa. No caso das visitas à zona rural, onde vive boa parte dos moradores e não há internet, também existe um reforço para que a equipe insira os dados no sistema assim que retorna à UBS.
Fotos: Laísa Queiroz/Saps/MS