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SETEMBRO VERDE
Transplantes de órgãos: saiba a importância de conversar com a família e sobre como é o processo de doação
Uma conversa com a família que pode salvar a vida de alguém que espera apenas por uma ligação para realizar um transplante. Esse é o mote da campanha para incentivo à doação de órgãos do Ministério da Saúde neste ano. Essa é uma parte crucial do processo que engloba o processo do maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população brasileira de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. A rede pública de saúde fornece aos pacientes toda a assistência necessária, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.
Conversa com a família
Apesar da ampliação da discussão sobre o tema nos últimos anos, graças ao incentivo do Ministério da Saúde, esse ainda é um assunto polêmico e de difícil entendimento para muitas pessoas, o que resulta em um alto índice de recusa familiar, atualmente em torno de 38,4%, o que pode atrapalhar e reduzir os transplantes e doações de órgãos no país.
Entre os motivos que levam à resistência da família estão, principalmente, a desinformação sobre a necessidade da doação de ossos, tendões, peles, tecidos e órgãos para garantir a qualidade de vida de outras pessoas, além da incompreensão sobre o que é morte encefálica.
No Brasil, são os parentes dos pacientes que devem autorizar ou não a doação de órgãos ou tecidos e por isso é muito importante que a pessoa comunique, ainda em vida, o desejo de ser um doador de órgãos aos familiares.
A doação de órgãos ou de tecidos é o ato pelo qual a pessoa manifesta a vontade de doar uma ou mais partes do corpo para ajudar no tratamento de outras pessoas. Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), coordenado pelo Ministério da Saúde.
A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical). A doação de órgãos como rim, parte do fígado ou da medula óssea pode ser feita em vida, as demais só ocorrem quando há morte encefálica confirmada ou parada cardiorrespiratória.
Diagnóstico
No Brasil, há um rigoroso protocolo de segurança para diagnóstico e confirmação de morte encefálica, que é um quadro irreversível, o que possibilita à equipe médica uma conversa imediata sobre a doação de órgãos. Nesse momento é importante que os familiares entendam que não há nenhuma chance de o paciente acordar, que todas as religiões permitem, que o corpo do paciente não é mutilado e que é completamente reconstituído para o velório.
Se a família autorizar a doação, é realizado um processo que necessita da agilidade dos profissionais. Quando os órgãos são retirados, o relógio começa a contar. Fora do corpo, eles têm um "prazo de validade", conhecido como tempo de isquemia, e cada segundo é importante para que o órgão ou tecido chegue ao receptor e implantado com sucesso.
As principais doenças que levam ao transplante, procedimento necessário quando não há mais nenhuma outra alternativa de tratamento porque os órgãos perderam suas funções e estão em insuficiência, são infarto extenso do miocárdio, hipertensão arterial grave, doença de chagas, enfisema pulmonar, fibrose pulmonar, alguns raros casos gravíssimos de Covid-19, cirrose hepática e alcóolica, tumores malignos e diabetes.
Desde 2001, foram realizados no país mais de 412 mil transplantes, que continuaram ocorrendo mesmo no período de pandemia por Covid-19, seguindo todos os protocolos de segurança e sanitários para proteger profissionais de saúde, pacientes e familiares. Em 2020, foram realizados 17.663 transplantes em todo o país e este ano, entre janeiro e agosto, já são 12.394 transplantes registrados. A lista de espera atual consta com 53.218 pacientes inscritos, entre ativos e semiativos.
Doador Vivo
É a pessoa maior de idade e capaz, juridicamente, que pode doar órgãos a seus familiares. No caso de doador vivo não aparentado é exigida autorização judicial prévia. Um doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula ou parte dos pulmões. Para doar órgão em vida, o médico deverá avaliar a história clínica do candidato e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos, mas há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.
Doadores não vivos
São pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica, ou seja, morte das células do Sistema Nervoso Central, que determina a interrupção da irrigação sanguínea ao cérebro, incompatível com a vida, irreversível e definitiva. Um doador não vivo pode doar:
• órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino;
• tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias.
Quem recebe os órgãos/tecidos doados?
Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do estado é comunicada e, por meio do registro de lista de espera, seleciona os receptores mais compatíveis.
Estrutura do Sistema Nacional de Transplantes
No Brasil, existem, atualmente, uma Central Nacional de Transplantes, 27 Centrais Estaduais de Transplantes, 648 hospitais de transplantes habilitados, 1.253 serviços de transplantes habilitados, 1.664 equipes de transplantes habilitadas, 78 organizações de procura por órgãos, 516 comissões intra-hospitalares de doação de órgãos e tecidos para transplantes, 52 bancos de tecido ocular, 13 câmaras técnicas nacionais, 12 bancos de multitecidos, 13 bancos de cordão de sangue umbilical e placentário, além de 48 laboratórios de histocompatibilidade.
Banco de Tecidos do INTO prevê recorde de doações em 2021
O Banco de Multitecidos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), no Rio de Janeiro, instituto federal vinculado ao Ministério da Saúde, estima que em 2021 o número de doações será o maior dos últimos quatro anos. Em 2020, o banco foi o segundo maior distribuidor de tecidos para a realização de cirurgias ortopédicas no Brasil: mais de 30% dos transplantes de tecido musculoesquelético foram feitos com ossos, tendões e outros tecidos disponibilizados pelo INTO.
De janeiro a agosto deste ano, o instituto alcançou a marca de cerca de 90 captações de tecidos, um aumento de 57% se comparado ao ano de 2020. O número também já é superior ao total de doadores de 2018, com aumento de, aproximadamente, 40%. Em 2019, foram 112 captações realizadas durante o ano. Pioneiro no Brasil, o Banco de Multitecidos do INTO é responsável pela captação, processamento e distribuição de córnea, pele e tecidos musculoesqueléticos (ossos, tendões, meniscos e cartilagem) para utilização em cirurgias de transplantes na área da ortopedia e odontologia. Atualmente, o INTO é a única instituição do estado do Rio de Janeiro a abrigar um banco de pele e de tecido musculoesquelético.
Gustavo Frasão
Ministério da Saúde
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