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SAÚDE MENTAL
Setembro Amarelo: um alerta para o ano todo
Todo 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, mas o alerta sobre os sinais que levam alguém a tirar a própria vida devem permanecer o ano inteiro. No mês de setembro, o Ministério da Saúde vai intensificar as ações de comunicação para a população, para os profissionais de saúde e também para os gestores locais. Discutir e trazer mais informações sobre saúde mental podem contribuir para redução dos índices de mortes autoprovocadas.
O contexto da pandemia de Covid-19 vem sendo apontado por diversos países e organizações científicas como um alerta para um aumento ainda maior nas ocorrências de suicídio e automutilação, devido ao agravo de riscos psicossociais, medo do contágio, ansiedade, isolamento social, luto e stress das tensões relativas à infecção. O momento e seu impacto na sociedade são mundialmente estudados, especialmente no âmbito da saúde, educação, economia e em demais questões sociais.
Neste mês, o Ministério da Saúde vai divulgar informações importantes para entender melhor os sintomas dos agravos da saúde mental e também como buscar ajuda. Os temas que serão trabalhados são: esquizofrenia; sociabilidade e solidão; ansiedade; depressão; suicídio; luto coletivo e novos conceitos relacionados à pandemia; Burnout; trabalho e parentalidade; produtividade x descanso; positividade tóxica; terapia à distância; dependência química na pandemia; e medo do futuro.
“Nosso objetivo é sensibilizar a população para esse grave problema que pode atingir a qualquer um de nós, seja na nossa família, no nosso ambiente de trabalho e nos demais espaços de socialização que fazermos parte e, ainda, demonstrar que todos podemos participar dessa luta pela prevenção do suicídio”, destacou o secretário de Atenção Primária à Saúde (SAPS), Raphael Câmara.
Atendimento
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Com a pandemia, os atendimentos disponibilizados pela rede também passaram a incluir o formato remoto de teleatendimento para acompanhamento dos usuários com transtornos mentais. No aplicativo Conecte SUS, é possível buscar o estabelecimento com atendimento de saúde mental mais próximo de você. Pelo Mapa da Rede de Atenção Psicossocial é possível, também, conferir a lista de estabelecimentos da RAPS que oferecem atendimento em saúde mental no Brasil.
Atualmente, a RAPS está composta por:
- 2.749 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS);
- 42 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS);
- 144 Consultórios de Rua;
- 798 Serviços de Residência Terapêuticas;
- 69 Unidades de Acolhimento (Adulto e Infanto Juvenil);
- 1.884 Serviço Hospitalar de Referência (Leitos em Hospitais Gerais);
- 13.098 Leitos em Hospitais Psiquiátricos;
- 74 Equipes multiprofissionais de atenção especializada em Saúde Mental.
Sinais de alerta
O suicídio pode estar relacionado etiologicamente com uma gama de fatores, que vão desde os de natureza sociológica, ambiental, econômica, política, cultural, incluindo os psicológicos, transtornos mentais, genéticos e biológicos. Outros como desigualdades sociais; crises econômicas; pobreza; desemprego; violências, sobretudo as de gênero; desastres; eventos adversos; barreiras de acesso a saúde e educação; estigma e discriminação interagem como determinantes sociais de pensamentos e comportamentos suicidas.
Para o coordenador-geral de saúde mental do Ministério da Saúde (Cgmad/Dapes/Saps/MS), Rafael Bernadon, um dos falsos mitos sociais em torno do suicídio é que a pessoa que tem intenção de tirar a própria vida não avisa, não fala sobre isso. “Sabemos que isso não é verdade e que devemos considerar seriamente todos os sinais de alerta que podem indicar que a pessoa está pensando em suicídio. Podemos fazer a diferença na vida dessas pessoas se estivermos atentos e prestarmos ajuda”, apontou.
Confira, abaixo, alguns sinais de alerta que não devem ser considerados isoladamente. Não há uma “receita” para detectar seguramente uma crise suicida em uma pessoa próxima. Entretanto, um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo.
O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais - Esses indicadores não devem ser interpretados como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real. Por isso, é muito importante ser compreensivo, além de estar disposto a conversar e escutar a pessoa sobre o porquê de tal comportamento, criando um ambiente tranquilo, sem julgar a pessoa afetada. Conversar abertamente com a pessoa sobre seus pensamentos suicidas não a influenciará a completá-los. Ao falar sobre esse assunto com ela, você pode descobrir como ajudá-la a suportar sentimentos, muitas vezes angustiantes, que ela está experimentando e incentivá-la a procurar apoio profissional.
Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança- As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbalmente ou por meio de desenhos. Alguns indivíduos começam a formular um testamento ou fazer seguro de vida.
Expressão de ideias ou de intenções suicidas - Fiquem atentos para os comentários, como “Vou desaparecer”; “Vou deixar vocês em paz”; “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar; “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar”. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados e se isolam ainda mais.
Isolamento - As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de fazer.
Mudanças nos fatores sociais - Sabe-se que outros fatores, como a exposição ao agrotóxico, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, podem ser fatores que vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o suicídio. Sendo assim, devem ser levados em consideração se o indivíduo apresenta outros sinais de alerta para o suicídio.