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SAÚDE INDÍGENA
Projeto-piloto do Ministério da Saúde incorpora tecnologias e leva telemedicina para aldeias indígenas
- Foto: Myke Sena
O Ministério da Saúde lançou nesta sexta-feira (26) o projeto-piloto de telemedicina na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) em Rio das Cobras, localizada em Laranjeiras do Sul (PR). Esse é considerado o maior território indígena do Paraná, com mais de 3 mil moradores. O objetivo com esse novo modelo de UBSI é incorporar tecnologias em saúde e ampliar a capacidade de atendimento dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) no SUS.
A UBSI em Rio das Cobras será a primeira a receber equipamentos com tecnologia de ponta e servirá de base para expansão desse tipo de unidade em todos os distritos, melhorando assim o atendimento das mais de 1.200 Unidades Básicas de Saúde Indígenas pelo país. Hoje, as UBSIs brasileiras prestam atendimento a mais de 761 mil pessoas em 6 mil aldeias de todo o país.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, participou do lançamento e destacou que o Governo Federal vai trabalhar para ampliar o acesso qualificado à atenção primária no atendimento às populações indígenas. “Estratégias de tecnologia de informação e comunicação são fundamentais para ampliarmos o acesso à saúde em todo o país, incluindo as populações indígenas. O nosso compromisso com essa assistência é perene, realizado pela secretaria específica para tratar do tema, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). [...] Essa unidade é um exemplo de que é possível trabalhar muito em favor da saúde indígena”, afirmou.
A inovação possibilita a chegada de um novo padrão de atendimento às aldeias. A medida também diminui o tempo de resposta em casos de atendimentos mais específicos e facilita o acesso dos pacientes aos profissionais de saúde nas mais diversas especialidades. A enfermeira Kelly Carvalho, que trabalha na UBSI de Rio das Cobras há 9 anos, relatou que os atendimentos com a incorporação de tecnologias já estão beneficiando a população da terra indígena.
“Nós conseguimos realizar um atendimento por vídeo, com o Hospital Albert Einstein, de uma paciente que aguarda há cinco anos uma consulta com reumatologista. A paciente chegou a chorar durante o atendimento. Essa comunidade só tem a ganhar com essa iniciativa”, contou Carvalho, durante a cerimônia de lançamento do projeto, que também contou com a presença do titular da Sesai, Robson Santos da Silva.
As lideranças da terra indígenas de Rio das Cobras também destacaram a importância do projeto-piloto para a população indígena atendida pela UBSI. “Essas parcerias vão atender a comunidade inteira. É uma alegria. É muito valioso ter esse atendimento. Para a equipe que vai trabalhar aqui vai ser muito melhor e toda a comunidade será beneficiada”, afirmou o cacique da aldeia, Ângelo Cretã.
Inovação
Durante a etapa de execução do projeto piloto, os indígenas poderão passar por triagem inteligente, capaz de gerar dados qualificados. Exemplo disso é o uso da retinografia, técnica de exame que consiste em registrar fotografias da retina, do nervo óptico e do fundo do olho que realiza um diagnóstico mais preciso de possíveis lesões na região.
Outros exemplos são os exames de análises clínicas e citopatológicas que contarão com o auxílio de inteligência artificial para rastrear doenças e garantir diagnósticos precisos de forma rápida e eficiente. Um trabalho, que associado ao atendimento via telessaúde, vai garantir que o indígena seja atendido onde ele estiver, sem sair do seu território.
Parcerias
Os equipamentos que serão utilizados nas Unidades Básicas de Saúde Indígenas foram adquiridos por meio de parcerias, como a doação de 34 kits de equipamentos feita pela mineradora Vale, no valor de R$ 7 milhões. Os kits serão distribuídos aos 34 DSEI.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Hospital Israelita Albert Einstein e a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) também são parceiros no projeto e vão fornecer tecnologias e conhecimentos para tornar a UBSI referência em território indígena.
Energia limpa
A Unidade de Saúde Indígena será abastecida com energia limpa e renovável a partir da instalação de uma miniusina solar que manterá os equipamentos funcionando com base nos pré-requisitos da sustentabilidade. Também estão sendo instalados biodigestores com capacidade para transformar dejetos humanos e restos de alimentos orgânicos em adubo e gás de cozinha.
Ministério da Saúde