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ATENÇÃO PRIMÁRIA
Ministério da Saúde lança campanha para aumentar estoque de bancos de leite no País
O Ministério da Saúde lançou nesta quarta-feira (19/5), em alusão ao Dia Mundial da Doação de Leite Materno, campanha para incentivar a doação e beneficiar recém-nascidos prematuros e/ou de baixo peso que estão internados em UTIs neonatais brasileiras e que não podem ser amamentados pela própria mãe.
Com o slogan Doe Leite Materno, doe esperança: um grande gesto pode salvar a vida de quem mais precisa, a iniciativa busca ampliar os estoques dos bancos de leite humano durante a pandemia da covid-19 e, assim, aumentar as chances de recuperação desses bebês com a alimentação exclusiva de leite humano.
De janeiro a dezembro de 2020, apenas 229 mil litros de leite humano foram coletados. Desses, foram distribuídos 157 mil litros, beneficiando 212 mil recém-nascidos graças à doação de 182 mil mulheres. Esses números representam apenas 64% da real necessidade por leite humano no Brasil. Embora o volume coletado em 2020 ainda não tenha sido suficiente para todos os recém-nascidos de risco, quando comparado ao volume de leite materno doado em 2019, os dados apontam um aumento de 2,7% no volume de doações, mesmo com as restrições impostas pela pandemia. A cada ano, são estimados 330 mil nascimentos de bebês brasileiros prematuros ou de baixo peso, número que corresponde a 11% do total das crianças nascidas no País.
Para o o secretário da Atenção Primária à Saúde, Dr Rafael Câmara, apesar do importante aumento das doações em 2020, a meta da pasta para 2021 é ampliar em 10% o volume de doação de leite materno de forma a contribuir com a redução da mortalidade neonatal no Brasil. “Nosso compromisso é sensibilizar e informar todas as mulheres que amamentam e sua rede de apoio para a importância da doação de leite humano durante todo o ano, visando ao aumento do número de novas doadoras voluntárias e, assim, do volume de leite humano coletado e distribuído”, defendeu o secretário.
Doações durante a pandemia
A pandemia da covid-19, segundo o secretário, não pode se tornar uma barreira para que as mulheres que amamentam façam suas doações. “O contexto pandêmico tem exigido múltiplos esforços para garantirmos que informações qualificadas sobre a segurança da doação de leite materno cheguem às doadoras, de modo a garantir que os estoques não sejam comprometidos por receio das mulheres em realizar a doação”, alertou.
As orientações sobre coleta, armazenamento e processamento de leite humano, bem como o manejo adequado do aleitamento materno e atendimento às famílias na fase de lactação por profissionais de saúde durante a pandemia foram publicadas pelo MS por meio das notas técnicas 13 e 15, elaboradas em conjunto com a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
De acordo com os documentos, não há evidências científicas sobre a transmissão do coronavírus por meio do leite materno. Adicionalmente, o processo de pasteurização realizado pelos bancos de leite humano confere ainda mais segurança para os bebês que recebem o leite doado. Entretanto, para que a doação de leite materno seja uma ação segura para as mulheres e trabalhadores da Rede, devem-se levar em consideração as recomendações e os protocolos de biossegurança.
A importância do leite materno
A doação de leite materno é fundamental para ampliar as chances de recuperação de bebês prematuros e/ou de baixo peso que estão internados em UTIs neonatais, além de proporcionar um desenvolvimento mais saudável por toda vida. Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Basta ser saudável e não tomar medicamentos que interfiram na amamentação. Qualquer quantidade de leite humano doado pode ajudar os bebês internados, que, a depender de seu peso e condições clínicas, podem precisar de apenas 1ml a cada refeição.
O mês de maio também apresenta outra data importante para a discussão da importância da doação do leite materno: 19/5, Dia Mundial de Conscientização sobre a Enterocolite Necrosante, que aponta para o grave problema que leva a óbito recém-nascidos de risco em uso de fórmulas lácteas e que é prevenido pelo acesso ao leite humano.
Processo de doação e armazenamento
O leite doado deve ser armazenado em frascos de vidro de boca larga e tampa de plástico previamente higienizados com água e sabão e depois fervidos por 15 minutos, contando o tempo a partir do início da fervura.
É importante realizar a higienização da mama com água, e lavar as mãos com água e sabão, além de utilizar máscara sobre o nariz e a boca para evitar que gotículas de saliva caiam no leite doado. “É fundamental reforçarmos esses cuidados durante a coleta e armazenamento do leite pelas doadoras, de forma a garantir que não tenhamos perda. Cada gota de leite materno doado é muito valiosa para ser perdida por questões evitáveis de higiene na hora da coleta”, enfatizou a coordenadora de saúde da criança e aleitamento materno do MS, Janini Ginani.
O leite colhido é analisado, passa por processo de pasteurização e é submetido a controle de qualidade antes de ser fornecido aos bebês internados nas unidades neonatais.
Mais informações sobre o procedimento de coleta de leite leite materno podem ser obtidas na Cartilha para a Mulher Trabalhadora que Amamenta
Rede de Bancos de Leite Humano
O Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo, sendo referência internacional por utilizar estratégias que aliam baixo custo e alta tecnologia. A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR) é uma iniciativa do Ministério da Saúde, por meio do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), e atualmente integra a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança e Aleitamento Materno (PNAISC). São 222 bancos de leite humano presentes em todos os estados brasileiros e, ainda, 217 postos de coleta. Saiba onde encontrar um banco de leite humano mais próximo de sua localidade aqui ou pelo telefone 136.