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Into amplia tratamento com próteses de impressora 3D para adultos
A partir desse mês, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) vai aumentar a produção de próteses em impressora 3D para pacientes que tem amputações abaixo do cotovelo (modelos transradiais) e parciais de mão para pacientes adultos. Até o mês de fevereiro desse ano, esses tipos de modelos só estavam disponíveis para pacientes infantis.
Desde 2017, os profissionais de terapia ocupacional do Into, Sandra Helena e Doralice Calvo, em parceria com a equipe de tecnologia, elaboraram e ainda avançam no projeto “Pelas Mãos”, que atende ao Centro de Amputados. O objetivo é usar as próteses funcionais feitas pelas impressoras 3D para devolver a dignidade e funcionalidades aos pacientes.
Devido à pandemia de Covid-19, o projeto teve que ser paralisado por um tempo, mas já retornou com todas as atividades, tendo agora como meta, a confecção de duas próteses a cada quinzena. Os pacientes que são protetizados com a tecnologia em 3D estão inseridos no programa de reabilitação, sendo acompanhados pela equipe de terapia ocupacional do projeto.
A terapeuta ocupacional Sandra Helena explica que o processo de protetização não é algo fácil, por isso, é necessário um programa nas várias fases de reabilitação para a otimização da funcionalidade e desempenho ocupacional do usuário. “É um processo que vai muito além do abrir e fechar os dedos. Os pacientes precisam ser treinados para o reaprendizado de funções, como: lavar a louça, escrever, se alimentar, entre outras. É um acompanhamento por vezes longo, mas muito prazeroso em cada avanço de etapa”, comenta.
Essa experiência é vivida pelo paciente Jorge Oliveira, que faz tratamento no Into há cerca de dois anos, desde a amputação do antebraço devido a um grave acidente de trabalho. Jorge aponta que a funcionalidade da prótese trouxe de volta a autoestima. “Agora posso fazer coisas simples, como pegar um copo, escrever, tomar banho. São ações básicas, mas extremamente importantes para reacender a esperança em quem é amputado, mudando totalmente a qualidade da minha vida”, conta.
Como o projeto ainda é uma novidade na área da reabilitação, as próteses confeccionadas com a impressora 3D são modificadas e melhoradas por demandas dos pacientes, que as usam e as analisam em seu cotidiano. Jorge chegou a indicar que seria positivo se a prótese pudesse travar no movimento em que a mão é fechada, o que não era possível quando o paciente estendia o cotovelo, para assim poder segurar objetos e seguir com a movimentação completa do braço. Diante dessa demanda, a terapeuta ocupacional idealizou o ajuste solicitado pelo paciente.
As próteses confeccionadas na impressora 3D têm vantagens significativas em relação às comuns. Além de serem confeccionadas levando-se em conta as peculiaridades de cada paciente, elas são de fácil customização, o material é mais leve e não apresenta restrição ao uso na água.
Todo o processo é realizado dentro do Into, visto que os parafusos também podem ser produzidos pela impressora. Assim, tanto a produção quanto a reabilitação ficam a cargo do Instituto, reduzindo o tempo de recuperação e adaptação para o paciente.
Outro ponto comemorado pelos pacientes, principalmente os infantis, é que o material pode ser personalizado como desenho de super-heróis e borboletas, além de oferecer opções de cores próximas aos tons de pele, para quem prefere uma prótese com material mais discreto.
Segundo a terapeuta ocupacional Doralice Calvo, o próximo passo é aumentar os tipos de amputações atendidas. “Queremos começar a produzir próteses pela impressora 3D para pacientes amputados inferiores. É um trabalho complexo também, que ainda vamos precisar de estudos e testes para concluir”, acrescenta Doralice.
Agora, todos os pacientes com amputação de membros superiores que ingressarem no programa serão protetizados com a tecnologia em 3D, que além de minimizar agravos e perdas funcionais, favorece a estimulação e reorganização da neuroplasticidade.
O intuito do projeto é avançar ainda mais. A diretora-geral do Into, Germana Bahr, acrescenta que o Instituto pretende adotar em maior escala as próteses confeccionadas pela impressora 3D, inclusive por meio de parcerias com outras instituições que também realizam esse trabalho. “Queremos ampliar o uso da tecnologia para além da confecção de próteses, principalmente, no que diz respeito à impressão de guias cirúrgicas e de modelos para planejamento cirúrgico e treinamento”, finaliza.
Gustavo Frasão
Ministério da Saúde