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PREVENÇÃO E CONTROLE
Saúde lança nova estratégia para controle da leishmaniose visceral
O Ministério da Saúde irá distribuir mais de 1 milhão de coleiras impregnadas com inseticida “deltametrina 4%” para controlar a disseminação da leishmaniose visceral (LV). A pasta investiu mais de R$ 16 milhões na aquisição das coleiras como parte do processo de incorporação do insumo no controle da doença no Sistema Único de Saúde (SUS).
As coleiras serão distribuídas, neste primeiro momento, a 133 municípios prioritários, de 16 estados, classificados com transmissão alta, intensa e muito intensa. A estratégia de uso das coleiras em cães se baseia na abordagem Saúde Única, que visa proteger a saúde dos animais e dos seres humanos.
A ação foi lançada nesta quinta-feira (12/8) em Fortaleza/CE, onde foi apresentada a proposta metodológica de incorporação das coleiras impregnadas como nova ferramenta de controle da doença nos municípios prioritários. A incorporação motivou a inclusão inédita de uma meta de redução de casos de LV em humanos no Plano Nacional de Saúde (2020-2023).
O Brasil é o primeiro país no mundo a incorporar essa tecnologia como medida de saúde pública para o controle da leishmaniose. Essa incorporação se baseia em evidências científicas, com dados de estudos de efetividade e custo-efetividade e foi amplamente discutida com grupos de especialistas e com representantes das três esferas de Governo - Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
De acordo com as evidências científicas espera-se que após a incorporação da estratégia seja observada a redução do coeficiente de incidência dos casos humanos e de prevalência canina.
Campanha
Na ocasião, foi lançada campanha de conscientização sobre a doença em alusão à Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose, celebrada de 9 a 13 de agosto. O objetivo é reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização das estratégias de controle no Brasil. Estão previstas ações nas redes sociais e peças gráficas, como, cartazes, folderes, cartilhas voltadas para os profissionais de saúde e a população em geral.
Como as coleiras funcionam?
As coleiras são utilizadas em cães no Brasil desde 2007 como ferramenta individual de controle da leishmaniose visceral. Em contato com a pele, promove uma lenta liberação do princípio ativo (deltametrina 4%) repelindo a aproximação do vetor de transmissão da doença. Esta ação interrompe o ciclo de transmissão do parasita, e consequentemente o risco de infectar outro animal ou ser humano.
Por se tratar de um insumo com liberação ativa de inseticida é recomendada a troca da coleira a cada 6 meses e seu uso é exclusivo para cães. Não é recomendado que a coleira impregnada com inseticida seja utilizada em cães já diagnosticados com a doença.
Acesse aqui a nota técnica.
Histórico
Em 2010, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), financiou um estudo no valor de R$ 5 milhões para avaliar a efetividade das coleiras impregnadas com inseticida. Os resultados demonstraram que o risco de infecção dos cães foi 52% menor nas áreas onde foram usadas as coleiras, em comparação com as áreas onde a estratégia não foi aplicada. Depois, a pasta financiou uma avaliação de custo-efetividade comparando o uso das coleiras com as demais ações de controle preconizadas. Os resultados demonstraram que a coleira era custo-efetiva quando comparada às ações já recomendadas pelo programa.
Hoje, a pasta distribui as coleiras conforme a solicitação realizada pelos municípios prioritários. A previsão é de que 80% dos municípios iniciem a incorporação da tecnologia até dezembro de 2021. A estratégia será monitorada pelo Ministério junto aos estados e municípios por meio de indicadores pactuados previamente.
As coleiras impregnadas com deltametrina serão dispensadas quadrimestralmente aos municípios, pois há necessidade de substituição a cada seis meses. Após aderir ao programa, o município irá receber o insumo de forma ininterrupta durante 4 anos, desde que atenda os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Situação epidemiológica
Em 2021, até 23 de julho (Semana Epidemiológica 1 a 29), foram registrados 790 casos de leishmaniose no país. Até o momento, foram confirmados 79 óbitos pela doença, sendo 13 no Pará; 2 em Tocantins; 16 no Maranhão; 3 no Piauí; 2 no Ceará; 3 no Rio Grande do Norte; 1 na Paraíba; 2 em Pernambuco; 2 em Alagoas; 11 na Bahia; 3 em Sergipe; 11 em Minas Gerais; 1 no Rio de Janeiro; 2 em São Paulo; 1 no Paraná; 1 no Rio Grande do Sul e 5 no Mato Grosso do Sul.
Em 2019 o Brasil contabilizou 2.529 casos da doença, sendo 207 óbitos, e em 2020, 2.032 casos foram confirmados, sendo 165 óbitos. Cabe ressaltar que os dados de 2020 e 2021 ainda são preliminares e por isso podem sofrer alterações.
Leishmaniose visceral
Trata-se de uma doença infecciosa grave que acomete os órgãos internos, principalmente fígado, baço e medula óssea. É causada por um parasito chamado Leishmania. A transmissão se dá através da picada de insetos popularmente conhecidos como “mosquito palha”, “birigui”, “tatuquira”, entre outros.
O cão é a principal fonte de infecção para o inseto transmissor e, para que a doença ocorra, o inseto deve picar um cão doente e depois picar a pessoa saudável. Os principais sintomas da doença são: febre de longa duração; aumento do fígado e baço; perda de peso; fraqueza; redução da força muscular; anemia.
Acesse aqui as peças da Campanha Leishmanioses
Ministério da Saúde