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Cirurgia bem-sucedida marca início de programa pioneiro de transplantes de pulmão no Rio de Janeiro
Uma cirurgia bem-sucedida, de quase 10 horas de duração, realizada nesta terça-feira (3), marcou o início do programa de transplantes de pulmão do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), instituto federal vinculado ao Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro, que completou 48 anos no início do mês. A paciente, uma mulher de 35 anos que sofria de Linfangioleiomiomatose (LAM) - doença pulmonar rara progressiva e degenerativa que afeta a capacidade do pulmão, podendo levar ao óbito - passa bem no pós-operatório, já respira sem ajuda de aparelhos e se alimenta. Este é o primeiro programa regular de transplante de pulmão no estado, que registrou a última cirurgia desse tipo há mais de 15 anos.
O procedimento, de alta complexidade, contou com uma megaestrutura e envolveu até helicóptero, que fez a captação do órgão doado. Em março deste ano, o INC criou em sua sede, no bairro de Laranjeiras, uma estrutura médica pioneira no Estado do Rio de Janeiro capaz de realizar transplantes de pulmão. Os últimos transplantes no estado foram ações pontuais realizadas em hospitais sem estrutura permanente para o procedimento.
O objetivo é que o novo centro supra uma carência histórica do sistema de saúde do Rio de Janeiro. Como não há tempo para transportar o órgão doado para outro estado, uma vez que o tempo de retirada e transplante de pulmão é de 4 a 6 horas, pacientes do Rio que necessitavam desse tipo de procedimento precisavam se deslocar para São Paulo ou Porto Alegre. Aqueles que não tinham recursos ou condições para o transporte, muitas vezes, morriam em função de doenças pulmonares.
“Nossa previsão é realizar, inicialmente, de oito a 12 transplantes de pulmão por ano no INC, número que deve aumentar gradativamente. A cirurgia de ontem foi histórica e representa uma conquista para a saúde pública do Rio de Janeiro e do Brasil, porque até então só duas instituições públicas faziam transplante de pulmão no país, o INCOR e o HC de Porto Alegre”, destacou o cardiologista e diretor-geral do INC, Dr. João Manoel Pedroso.
Ao todo, a equipe do centro de transplantes do INC conta com cerca de 30 profissionais, incluindo quatro médicos cirurgiões, dois pneumologistas, um infectologista, um cardiologista, um imunologista e quatro anestesistas, além de profissionais de enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia e terapia ocupacional. É uma equipe altamente especializada, multidisciplinar e integrada para oferecer o que há de melhor e mais moderno aos pacientes com doenças pulmonares graves.
O TRANSPLANTE DE PULMÃO
O trabalho integrado da equipe começou às 7h com deslocamento para captação do pulmão de um doador com morte cerebral confirmada em um hospital da região dos Lagos, no Rio de Janeiro. O trajeto de ida e volta ocorreu por helicóptero para otimizar o tempo e o deslocamento. A logística foi organizada pela Central Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro e foi bem-sucedida.
Enquanto isso, a paciente era preparada para o procedimento. A cirurgia começou às 13h e terminou por volta das 23h. A paciente, que foi referenciada pelo Hospital Universitário Pedro Ernesto, começou a reabilitação pulmonar em 2020 e este ano foi listada e operada. "Para nós é uma grande emoção, uma alegria poder estar oferecendo mais um serviço no Sistema Único de Saúde. Ela dependia há dois anos de oxigênio. Nós acreditamos no SUS", completou o diretor.
SOBRE O INC
Referência do Ministério da Saúde no tratamento de alta complexidade em doenças cardíacas, o Instituto Nacional de Cardiologia (INC) atua há mais de 40 anos com destaque em procedimentos hemodinâmicos e cirurgias cardíacas, incluindo as neonatais.
O INC é atualmente o único hospital público que realiza transplantes cardíacos em adultos e crianças no Estado do Rio de Janeiro e é o segundo centro que mais realiza cirurgias de cardiopatias congênitas no Brasil.
Formador de profissionais para a rede de saúde, o INC possui Programas de Residência Médica, Enfermagem e Farmácia de excelência, além de cursos de pós-graduação que abrangem diversas áreas de atuação cardiovascular, como Hemodinâmica, Ecocardiografia e Perfusão em Cirurgia Cardíaca. Conta ainda com mestrado multiprofissional em Ciências Cardiovasculares e Avaliação de Tecnologia em Saúde.
No campo da pesquisa, foi escolhido pelo Ministério da Saúde como coordenador do maior estudo multicêntrico já realizado no país na área de terapias celulares em cardiopatas, desenvolvendo pesquisas clínicas em diversas áreas de diagnóstico e tratamento em cardiologia.
Agora, o plano é construir uma escola de formação de profissionais para também treinar lideranças médicas, produzir conhecimento e multiplicar os centros de transplantes de pulmão.
Gustavo Frasão
Ministério da Saúde
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