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VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Dia Mundial da Doença de Chagas: Saúde financia projeto para eliminar transmissão congênita
No Dia Mundial da Doença de Chagas, o Ministério da Saúde financiou parte de um projeto que busca a eliminação da transmissão congênita da doença. O projeto, de US$ 19 milhões, é coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que firmou convênio nesta quarta-feira (14/4) com a agência global Unitaid. O objetivo é reduzir a transmissão da doença de mãe para filho ao ampliar e melhorar o acesso ao diagnóstico, tratamento e atenção integral por meio de abordagens inovadoras e sustentáveis.
O projeto tem dois eixos principais: a primeira parte envolve uma estratégia de diagnosticar, tratar e cuidar, com uso de testes rápidos para identificar pacientes crônicos, e biologia molecular para diagnosticar a forma congênita da Doença de Chagas. Já na fase de inovação, estudos vão avaliar uma forma alternativa de teste rápido para facilitar o diagnóstico da doença na Atenção Primária e um novo tipo de tratamento através de um medicamento já disponível pelo SUS (benznidazol), mas em um período de tempo mais curto.
Além de atuar em municípios no Brasil, a iniciativa estará também na Bolívia, Colômbia e Paraguai.
A transmissão de mãe para filho é considerada uma das principais formas de propagação da Doença de Chagas no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 1,12 milhão de mulheres em idade fértil infectadas na América Latina, onde são esperados anualmente entre 8 mil e 15 mil bebês nascidos com a doença.
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
O Ministério da Saúde também divulgou um Boletim Epidemiológico que avaliou o cenário da Doença de Chagas em meio à pandemia. Desde março até agosto de 2020, dos 125.691 óbitos por covid-19, 207 mencionavam a doença como comorbidade.
No mesmo período, foram notificados no país 1.746 óbitos por Doença de Chagas como causa básica, e 29 mencionaram a covid-19 ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) como uma complicação no caso.
Entre 2010 e 2019, foi registrada uma média anual de 259 casos novos (em fase aguda) – cerca de 84% na região Norte. Em 2020, foram confirmados 146 casos agudos, uma redução de 63% em relação a 2019.
SAIBA MAIS SOBRE A DOENÇA
Você sabe identificar quando alguém pode ter a Doença de Chagas? Ela é uma doença tropical, mais comum na América Latina, e tem duas fases distintas: aguda (aparente ou não) e crônica (pode ser indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva).
Na fase aguda, os principais sintomas são febre prolongada (mais de sete dias); dor de cabeça; fraqueza intensa; inchaço no rosto e pernas. Já na fase crônica, a maioria dos casos não apresenta sintomas (60%), porém os demais podem apresentar problemas cardíacos e digestivos.
A Doença de Chagas é transmitida pelas fezes de parasitos infectados, após picada pelo inseto barbeiro, ingestão de alimentos contaminados com parasitos, transmissão de parasitos de mulheres infectadas para seus bebês, durante a gravidez ou o parto, transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios e, acidentalmente, pelo contato da pele ferida ou de mucosas, com material contaminado.
TRATAMENTO NO SUS
Mesmo diante das dificuldades frente a pandemia de covid-19, as pessoas devem se manter vigilantes. Uma das formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro ou perto das residências. Caso a pessoa encontre alguma colônia em sua casa, é necessário acionar a vigilância local para as equipes técnicas usarem inseticidas para o controle do inseto. Mais detalhes sobre o trabalho de vigilância durante a pandemia estão nesta nota.
O SUS mostra sua força também contra a Doença de Chagas. O tratamento aos pacientes é indicado e acompanhado por um médico, após a confirmação da doença. Os medicamentos são disponibilizados gratuitamente: no período de 2016 a 2020, foram distribuídos 1.450.100 comprimidos de benznidazol 100 mg, um investimento de mais de R$ 591 mil.
Em 2020, o Ministério da Saúde repassou R$ 35 milhões para fortalecer as ações de combate à Doença de Chagas em 319 municípios.
Além disso, a pasta investiu R$ 6 milhões o Projeto Integra Chagas para ampliar o acesso, detecção e tratamento da doença na Atenção Primária em seis municípios, em parceria com a Fiocruz, no ano passado. O Ministério também apoiou financeiramente a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na criação de um curso EAD para profissionais da Atenção Primária sobre a doença, que acontecerá no segundo semestre deste ano.
Rodrigo Vasconcelos
Ministério da Saúde
(61) 3315-3587 / 3580