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Saúde Indígena
Missão de Combate à COVID-19 no DSEI Maranhão realiza mais de 12 mil atendimentos de saúde
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Na aldeia Maçaranduba, da etnia Guajajara, do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Maranhão, nenhum caso de coronavírus foi diagnosticado durante toda a pandemia causada pela COVID-19. O comportamento de toda comunidade foi fundamental para que a pandemia não atingisse a aldeia. A Agente Indígena de Saúde (AIS) do Distrito, Marcilene Guajajara, auxilia as equipes do DSEI Maranhão como intérprete e visita cada família de sua aldeia levando informações sobre a COVID-19 e outras ações básicas de saúde.
Marcilene explica que todos na aldeia respeitaram o isolamento social e a barreira natural do rio Pindaré evita a entrada de outras pessoas que não sejam os profissionais de saúde da SESAI. "A gente encomenda os mantimentos de todos a um mercado. O entregador deixa os alimentos higienizados na beira do rio, depois com os barcos a gente ia buscar e mesmo assim ainda queimávamos as sacolas para não haver nenhum risco", explicou.
A recomendação do Ministério da Saúde é que os indígenas evitem os centros urbanos, não façam aglomerações, evitem a entrada de pessoas que não são das comunidades e tomem medidas de higienização para evitar a disseminação da COVID-19.
As equipes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, juntamente com profissionais de saúde das Forças Armadas, do Ministério da Defesa, estão realizando uma Missão Interministerial de Combate à COVID-19 no DSEI Maranhão, no período de 14 de setembro a 5 de outubro. A ação está levando atendimento de saúde, testagem para a COVID-19, medicamentos e Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para todos os Polos Base. O objetivo é diagnosticar onde há casos da doença e levar atendimento médico básico e especializado para outras doenças, o que evita o deslocamento dos indígenas para atendimento nas cidades.
A missão foi dividida em três fases e está percorrendo os Polos Base da região com o apoio da equipe local do DSEI Maranhão. Desde o início da missão já foram realizados mais de 12 mil atendimentos, sendo 5,8 mil na primeira semana e 7 mil na segunda semana no Polo Base Barra do Corda e nas aldeias de Santa Maria, Maçaranduba, Januária e Axinguirendá. Em duas semanas de atendimentos foram realizados 2,1 mil testes para COVID-19 conforme os sintomas gripais e protocolos do Ministério da Saúde.
A triagem dos pacientes está sendo feita pela Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) do DSEI Maranhão. Em seguida os indígenas são encaminhados para testagem e/ou atendimento médico com clínico-geral, ginecologista, pediatra e infectologista das Forças Armadas. O DSEI monta uma estrutura de farmácia para distribuição gratuita dos medicamentos conforme receituário médico. Em caso de necessidade de urgência ou emergência para remoção de pacientes para a rede municipal de referência, o DSEI mantém uma frota disponível nos locais.
O farmacêutico do DSEI Maranhão, Pedro Bogéa, destaca a habilidade dos profissionais de saúde para garantir a eficácia do atendimento. "Em todos os estágios do atendimento há a figura do intérprete porque nem todos os indígenas sabem falar português e mantém até hoje a língua mãe. Aqui na farmácia, eu chego a desenhar nas receitas para explicar como se toma o medicamento segundo a orientação médica", enfatizou.
O coronel do Exército e chefe da segunda fase da missão, Cláudio Vasconcelos, enfatizou a segurança que os profissionais de saúde levam para as aldeias ao fazer teste para COVID-19 antes de embarcar na missão e o uso obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) durante o atendimento. "Nós observamos o cuidado de toda a equipe ao usar EPI, mantendo a própria segurança e a segurança do indígena".
AA Missão Interministerial no DSEI Maranhão termina dia 5 de outubro. No momento, as equipes de saúde estão percorrendo as aldeias de Zutiuá, Urucu Juruá, Juçaral e Baruzinho. Além dos profissionais de saúde das Forças Armadas, o Ministério da Defesa enviou veterinários para trabalhar na prevenção e controle de zoonoses como a raiva, leishmaniose, entre outras doenças transmissíveis de animais. Eles também, farão vacinação e vermifugação dos animais domésticos.