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Saúde Indígena
Equipe de Saúde Volante realiza mais de 6 mil atendimentos no DSEI Potiguara
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João Pessoa (PB) – Logo cedo a equipe do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Potiguara chega em uma escola indígena do litoral da Paraíba. Com as aulas suspensas por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19), os profissionais de saúde do DSEI utilizarão esse espaço para que a Equipe de Saúde Volante (ESV), enviada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, possa fazer os atendimentos aos povos indígenas das etnias Tabajara e Potiguara.
“Nós nos preparamos, montamos toda a logística, treinamos os profissionais de saúde, os agentes indígenas de saúde e os agentes indígenas de saneamento para que tudo desse certo e para pudéssemos atender o máximo de indígenas dentro do nosso DSEI”, frisou Vilson Ortiz, Coordenador do DSEI Potiguara.
Com a população indígena de quase 15 mil aldeados, concentrados no litoral paraibano, os Tabajara e os Potiguara receberam pela primeira vez atendimento da ESV, diretamente nas aldeias, devido à demanda reprimida pela pandemia da COVID-19. Isso inclui atendimento médico, nutricional e psicológico.
Com dois médicos generalistas, três enfermeiros e três técnicos de enfermagem, junto aos profissionais do DSEI, formaram uma força tarefa com mais de 20 profissionais de saúde, atendendo as aldeias dos Polos Base (PB) Marcação, Rio Tinto, Baía da Traição e as aldeias situadas no município de Conde, no litoral sul paraibano.
Entre os dias 30 de novembro e 10 de dezembro foram realizados 6,5 mil atendimentos médicos. A logística se assemelhou ao Programa Saúde da Família, também do Ministério da Saúde, onde primeiro os pacientes são acolhidos, triados e testados para a COVID-19 para depois seguirem para o atendimento médico. Todos receberam o medicamento gratuitamente conforme a prescrição médica.
Os casos mais complexos foram encaminhados para a rede de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) no município. “Só temos a agradecer uma ação dessa qualidade aqui, com atendimento médico para a toda nossa população”, destacou Natan Galdino, cacique da aldeia Alto do Tambá.
Atendimento domiciliar
A ESV também visitou os pacientes que não puderam ir até o atendimento, pois estavam acamados ou no meio de um tratamento. A proximidade da cidade trouxe novos hábitos aos indígenas, sobretudo em relação à alimentação, que acarretaram problemas de hipertensão e diabetes. “Nós não deixamos nossa cultura, nossos rituais para trás, mas reconheço que a proximidade entre a aldeia e a cidade influenciou de maneira negativa o nosso povo”, conta Edileuza Potiguara, enfermeira do Distrito.
Ações contra a COVID-19
O Governo Federal elaborou um Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo Coronavírus em Povos Indígenas que detalha como as equipes de saúde devem agir conforme cada caso. Os DSEI também elaboraram seus respectivos Planos de Contingência Distritais para as diferentes situações de enfrentamento da COVID-19, respeitando as características de cada povo e suas necessidades específicas. Todo esse planejamento e estudo antecipado resultam em atendimentos mais eficientes diretamente nas aldeias.
Em todos os casos, as equipes dos DSEI têm agido dentro do previsto no planejamento e realizado o isolamento de infectados, casos suspeitos e a transferência para a rede pública estadual e municipal dos pacientes que necessitem de suporte especializado em hospitais. Para isso, a SESAI emprega frota de veículos, embarcações e aeronaves para remoção dos indígenas até a rede de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade mais próxima.