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Saúde Indígena
19ª Missão Interministerial realiza mais de 5,6 mil atendimentos no DSEI Alto Rio Solimões (AM)
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Tabatinga (AM) - Às 8h da manhã as primeiras vans começam a chegar ao Polo Base Umariaçu I com indígenas de aldeias vizinhas para se consultar com pediatras, ginecologistas, infectologistas, clínicos médicos, enfermeiros e veterinários que participam da 19ª Missão Interministerial de combate à Covid-19, que atuou no DSEI Alto Rio Solimões (AM) entre os dias 8 e 13 de dezembro.
Aos poucos, os indígenas passam pela triagem, onde se pesam, medem a pressão arterial, temperatura corporal e explicam com qual especialista desejam se consultar. A Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) distribui máscaras faciais e álcool em gel para que as mãos sejam higienizadas.
Durante os seis dias de ação, mais de 5,6 mil atendimentos foram realizados por equipes do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), e o Ministério da Defesa, por meio das Forças Armadas, nos Polos Base Umariaçu I, Umariaçu II, Campo Alegre, Vila Betânia e São Sebastião.
Foi para dar suporte aos profissionais da EMSI e reforçar à saúde do Distrito Sanitário que os médicos especialistas das Forças Armadas foram enviados para as aldeias. Com as consultas nos Polos Base, os indígenas evitam se deslocar 1.106 km de Tabatinga para Manaus para receber atendimento especializado.
A comodidade em receber os profissionais na própria aldeia animou a indígena Nazaré Guedes. “Há muito tempo a gente esperava essa consulta com ginecologista. Hoje mesmo eu fiz o preventivo e estou feliz. Assim, saberei se estou bem ou não. Se não, a gente segue um tratamento. A gente espera que essa ação volte sempre”, comemorou ela que há 1 ano esperava para fazer o Papanicolau.
Atendimento domiciliar
Quem tem dificuldade de locomoção e não consegue ir até os Polos Base não fica sem atendimento. Uma parte da EMSI e médicos das Forças Armadas se desloca pelas aldeias indo de casa em casa acompanhar o progresso dos pacientes diabéticos, hipertensos e cadeirantes.
Esses pacientes domiciliares são, em sua maioria, idosos e muitas vezes falam apenas o idioma Ticuna. Por isso, um Agente Indígena de Saúde (AIS) acompanha os médicos para fazer a tradução.
“Eu visito todos os dias os idosos, hipertensos, gestantes e crianças menores de 1 ano. Muitos idosos não falam português e eu ajudo a traduzir”, explicou a AIS, Enete Araújo.
Durante as visitas, o clínico geral Tenente Florian conheceu o ‘Seu Demétrio’, um idoso de 70 anos que sofre com as sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e vive acamado. “ Ele estava sentindo muita dor nas costas e ardência para urinar, que são sinais de infecção urinária. Deixei a prescrição de um antibiótico, que ele pode retirar no posto”, informou.
Todos os pacientes dos Polos Base têm direito a retirar medicamentos de forma gratuita nas farmácias internas. Basta comparecer com o pedido médico e solicitar ao farmacêutico. Caso o indígena não entenda o que está escrito no pedido, o AIS o acompanha e faz a tradução. Para essa ação, 52 mil itens, entre medicamentos e equipamentos de proteção individual (EPI) foram entregues aos cinco Polos Base. Ao fim do dia, os pacientes voltam para casa consultados, com medicamentos e guias para exames futuros.
Segurança e respeito
Todos os profissionais de saúde e comunicação que participaram da 19ª Missão Interministerial realizaram os testes de COVID-19 (RT-PCR) e teste rápido sorológico (IgG e IgM). As equipes só partem para as aldeias depois que todos os resultados estão negativos.
Ao chegar no aeroporto de destino, as bagagens são desinfetadas com jatos de água sanitária para que qualquer possível organismo não prospere. Para chegar nas aldeias, os profissionais precisam, ainda, passar por uma barreira sanitária da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Indígenas da Guarda de Segurança são voluntários e fiscalizam quem entra e sai das aldeias. Todas as pessoas precisam estar com máscara para que não levem contaminação às terras indígenas.
“Estamos protegendo a nossa área indígena e nossa comunidade para não contaminar devido à enfermidade de Covid-19. Não pode entrar sem máscara”, reforçou o segurança indígena, Moreno Leopoldo Ramos.
A cacica de Umariaçu II, Trindade Bernaldino Fidelis, foi informada da ação pelo assessor-técnico da SESAI, Carlos Colares, e concedeu a autorização para que os profissionais entrassem e atuassem na área indígena. “Agora estou satisfeita porque aqui mesmo tem atendimento. Viemos e fomos atendidos”, comemorou. Aproveitando a ocasião, a cacica Trindade realizou um teste para COVID-19, que deu o resultado negativo. Todas as ações da SESAI respeitam as lideranças locais e suas culturas.