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Após implementação de projeto Wolbachia, casos de chikungunya reduzem 75% em Niterói (RJ)
Dados preliminares mostram que o uso de mosquito Aedes aegypti infectado com bactéria foi eficiente para reduzir a transmissão do vírus
Estudo preliminar do Grupo de Avaliação Externa de Novas Tecnologias (GEENT, sigla em espanhol) da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), apontou redução de 75% nos casos de chikungunya devido ao uso de mosquitos com Wolbachia na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. A avaliação externa da OPAS foi feita por meio do programa World Mosquito Program, conduzido no Brasil pela Fiocruz com financiamento do Ministério da Saúde
A primeira conclusão apontou redução 75% nos casos de chikungunya na região. O número permaneceu o mesmo em novo monitoramento feito em junho, reforçando o resultado. Os dados são preliminares e são relacionados apenas à chikungunya porque, neste ano, houve baixo registro de circulação dos vírus da dengue e zika no município.
Os vírus transmitidos por mosquitos, causadores de doenças como a dengue, zika e chikungunya, matam cerca de 700 mil pessoas por ano no mundo. No Brasil, essas três doenças foram responsáveis por 944 mortes em 2019. Para evitar essas estatísticas, iniciativas para controle das arboviroses, como a liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia no meio ambiente, têm sido implementadas por diversos países, inclusive o Brasil. Quando esses mosquitos têm a bactéria, os vírus da dengue, zika e chikungunya não se desenvolvem dentro deles, contribuindo para a redução destas doenças.
A cidade de Niterói é pioneira no Brasil no uso da nova técnica de prevenção das arboviroses. Na opinião dos especialistas do GEENT os resultados, até o momento, são promissores, embora haja entendimento da necessidade de mais pesquisas na área. A comitiva da OPAS verificou também, por meio do Modelo de Aceitação Pública do WMP, que o projeto é bem aceito pela população, gestores públicos e membros da comunidade. Essa é uma etapa importante do projeto, já que as liberações de mosquitos com a bactéria Wolbachia devem ser feitas com frequência, até que a bactéria se estabeleça no território.
A manutenção dos mosquitos com a bactéria foi outro ponto importante analisado pelo grupo de avaliação externa da OPAS que identificou diferença nos níveis de estabelecimento da Wolbachia na cidade, exigindo liberações adicionais de mosquitos. Essa constatação ocorreu porque o Brasil possui um sistema de vigilância das arboviroses bem estabelecido que possibilitou o monitoramento contínuo do mosquito com Wolbachia na região. Outro ponto ressaltado foi a infraestrutura municipal de saúde associada à Estratégia de Saúde da Família (ESF), que conta com agentes de controle de zoonoses e os agentes comunitários de saúde que trabalharam juntos para o sucesso do projeto.
Em Niterói, houve participação ativa e envolvimento da gerência entre os diferentes níveis de governo com WMP/Fiocruz, incluindo a contribuição financeira do nível nacional, pelo Ministério da Saúde, tanto no projeto Wolbachia, quanto na disponibilização de todos os recursos e infraestrutura para uma avaliação externa, além dos recursos humanos do município.
Considerando os diferentes ambientes existentes no Brasil, o Ministério da Saúde se propõe implementar o projeto Wolbachia em todas as regiões do Brasil para avaliar o comportamento do Aedes aegypti com a bactéria em cada local e seu impacto no cenário epidemiológico. Além de Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG), que iniciaram o projeto em 2019, a pasta estuda implementar a tecnologia em mais três municípios: Fortaleza (CE), Foz do Iguaçu (PR) e Manaus (AM).
Vale destacar que algumas das recomendações apontadas no relatório da Opas já estão em andamento ou em fase de adoção pelo Ministério da Saúde nos demais municípios. A expansão de uso das armadilhas ovitrampas - tecnologia simples e de baixo custo para captura e monitoramento da infestação do mosquito, prevista para ser utilizada em municípios acima de 100 mil habitantes, independentemente de receber ou não a estratégia da Wolbachia. Assim como o monitoramento da resistência a inseticidas, essencial para direcionar as atividades de controle químico e indicar a necessidade de substituição do tipo de inseticida utilizado, estratégia já realizado de forma sistematizada pelo Ministério da Saúde desde 1999.
Agência Saúde
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