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Hospital no Pará reduz em 69% a lotação na emergência
Hospital Ophir Loyola reduz também em 92% o tempo médio da passagem do paciente no pronto-socorro até a alta em uma das maiores emergências de Belém
Pronto-socorro lotado, dificuldade de internação, recusa de recebimento de ambulâncias, ausência de atendimento especializado, são alguns aspectos que estão sendo melhorados na emergência do Hospital Ophir Loyola, em Belém (PA). Com a média de 39 mil pacientes atendidos por ano, a unidade de saúde o reduziu em 69% em sua totalidade a superlotação em todo o pronto-socorro. A mudança ocorre em função do projeto Lean nas Emergências, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Sírio-Libanês.
O Lean nas Emergências é uma metodologia que enxuga processos melhorando a gestão, racionalizando recursos, otimizando espaços e materiais. No Ophir Loyola, a intervenção iniciou na urgência e emergência oncológica e os resultados foram satisfatórios, segundo a avaliação dos técnicos do Hospital Sírio-Libanês. Além da redução na taxa de superlotação, o tempo médio do paciente no pronto-socorro foi reduzido em 92% e o tempo médio de passagem com internação do usuário reduziu em 78%. Ou seja, diminuiu o tempo de espera para a chegada do paciente até um leito de internação, resultando em um atendimento de melhor qualidade e redução da sobrecarga na unidade de atendimento imediato.
Durante o processo, o passo mais importante é o acompanhamento do usuário desde sua entrada na emergência, passagem pela triagem, consulta, exames até a alta. Isso permitiu dar mais atenção aos casos que necessitam de maiores cuidados de urgência e garantiu não só uma maior oferta de leitos dos hospitais como a diminuição do desgaste emocional tanto do paciente, e de seu acompanhante, como da equipe médica e hospitalar.
“É gratificante ver a evolução de um projeto em 57 hospitais, com resultados relevantes em tão pouco tempo. Em 3 meses o Lean já consegue ter resultados visíveis nas emergências do País. O Ophir Loyla tem uma história centenária no cuidado da saúde e dos pacientes com câncer no estado do Pará. O Hospital conseguiu sair de um quadro de caos com um número excessivo de macas nos corredores para um corredor zerado na urgência”, avalia o secretário de Atenção Especializada à Saúde, Francisco Figueiredo.
A aplicação da metodologia parece ser simples, mas necessita do envolvimento de todos os profissionais que atuam dentro do hospital, além de ser contínua. Uma das ferramentas da metodologia Lean é criar a cultura da disciplina, identificar problemas e gerar oportunidades para melhorias. Outra melhoria implementada no projeto que auxiliou no avanço do atendimento no pronto-socorro foi a adoção de fluxistas e médicos hospitalistas. Isso agilizou o diagnóstico, a prioridade e a definição do melhor tratamento para cada paciente.
“Durante o projeto, presenciamos uma superlotação, que até para nossa rotina era acima do normal. E bem naquela semana, tivemos a oportunidade de experimentar o Plano de Capacidade Plena. Graças à experiência com o projeto Lean, comunicamos todas as áreas para que a superlotação fosse solucionada. Identificamos quais pacientes deveriam internar e em quais leitos, quais poderiam ter alta ou aguardavam avaliação, entre outros pontos. Assim, mobilizando as equipes multiprofissionais e as especialidades médicas, conseguimos movimentar os pacientes. Saímos de um quadro de caos com um número excessivo de macas nos corredores para um corredor zerado na urgência”, avalia Marcus Silva, enfermeiro da unidade de saúde.
LEAN NAS EMERGÊNCIAS
Ao todo 36 hospitais de todas as regiões do país fizeram parte das três primeiras etapas, nas quais 800 profissionais foram treinados na metodologia Lean nos serviços de emergência. Em maio, teve início o Ciclo 0 e 1 com a intervenção em 16 hospitais públicos. Já o Ciclo 2 iniciou em novembro de 2018 com a participação de 20 unidades de saúde públicas. Em setembro, o Ministério da Saúde lançou o terceiro ciclo com 20 hospitais participantes.
O impacto do projeto Lean nas Emergências no SUS trouxe a ampliação do acesso a leitos de internação e o aumento do número de atendimentos no pronto-socorro nos hospitais participantes. Por mês no país, foram disponibilizados 5.947 leitos. Por ano, foram 71.364 leitos. Em relação ao número de atendimentos, o aumento foi de 4.489 por mês e 53.868 por ano.
O Projeto Lean nas Emergências, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Sírio Libanês, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), completa dois anos e tem como principal objetivo reduzir a superlotação dos serviços de urgência e emergência do SUS e já está no terceiro ciclo, executando a terceira visita de intervenção nos hospitais participantes para implementação das ferramentas de gestão.
O sucesso do projeto parte da melhoria dos processos de gestão que começa pela porta da emergência geral, identificando os tempos de atendimento e de maior fluxo. A metodologia do Lean reduz desperdícios e tempos de espera otimizando espaços e insumos. Com o progresso do projeto foi possível chegar a todas as áreas dos hospitais e com isso desafogar urgências e emergências otimizando, assim, a oferta de leitos.
Para alcançar essas melhorias, os hospitais que participam da iniciativa passam por um processo de intervenção, fase onde profissionais do Hospital Sírio-Libanês visitam os prontos-socorros e se reúnem com gestores e profissionais dos estabelecimentos para identificar dificuldades e implementar ações de melhoria, utilizando as ferramentas do projeto, bem como capacitar as equipes. Essa fase dura, em média, seis meses e, após o término desse período, os hospitais passam por uma etapa de monitoramento, por mais doze meses, para garantir a transformação no gerenciamento das unidades e que esses novos hábitos e padrões continuem mesmo após o fim das visitas
SAIBA MAIS SOBRE A METODOLOGIA
O Sistema Lean que pode ser traduzido como produção enxuta é uma metodologia japonesa que após a Segunda Guerra mundial chegou ao ocidente e foi utilizada em praticamente todos os setores produtivos. A partir da década de 90 houve uma adaptação para utilização na área da Saúde com impactos positivos.
Um dos indicadores utilizados para medir os resultados do projeto é o indicador de superlotação, chamado de NEDOCS (sigla em inglês para Escala de Superlotação do Departamento Nacional de Emergência) e mensura quesitos como tempo de passagem de pacientes pelas urgências, permanência no hospital, tempo de alta, entre outros.
Confira a página especial sobre o Lean nas emergências
Silvia Pacheco, da Agência Saúde
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