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Hospital alagoano reduz em 79% lotação na emergência
Resultado levou ao aumento de 12% no volume de atendimento diário em uma das maiores emergências públicas da capital de Alagoas
Pronto-socorro lotado, dificuldade de internação, recusa de recebimento de ambulâncias, ausência de atendimento especializado, são alguns aspectos que estão sendo melhorados na emergência do Hospital Geral Prof. Osvaldo Brandão Vilela (HGE), em Maceió (AL). Com a média de 124 mil pacientes atendidos por ano, o complexo hospitalar participou do 2º ciclo do Projeto Lean nas Emergências e conseguiu em seis meses – de novembro de 2018 a maio deste ano - reduzir em 79% a superlotação em todo o pronto-socorro, melhorando a gestão, racionalizando recursos, otimizando espaços e materiais. O Lean é realizado em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. Até 2020, a meta é intervir na gestão de 100 hospitais públicos.
Nessa metodologia de enxugar processos, o HGE conseguiu aumentar o giro dos leitos, reduzindo em 37% o tempo médio de internação na emergência. Além disso, novos processos de gestão ajudaram a reduzir em 30% o tempo médio do paciente no pronto-socorro. A metodologia permitiu dar mais atenção às pessoas que necessitam de maiores cuidados de urgência, como traumas, infartos, AVC entre outros.
“É gratificante ver a evolução de um projeto em 57 hospitais, com resultados relevantes em tão pouco tempo. Em três meses o Lean já consegue ter resultados visíveis nas emergências do País. Com o envolvimento dos gestores e de todos os profissionais e áreas do HGE foi possível ter uma melhoria na assistência ao paciente e ter um grande impacto social e humanitário”, avalia o Francisco Figueiredo, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde.
A aplicação da metodologia parece ser simples, mas necessita do envolvimento de todos os profissionais que atuam dentro do hospital, além de ser contínua. Uma das ferramentas da metodologia Lean é criar a cultura da disciplina, identificar problemas e gerar oportunidades para melhorias.
“No início da primeira apresentação, tivemos a impressão que seria mais uma de várias tentativas fracassadas. Porém, algo despertava, as palavras e evidências eram fortes, ao ponto de surgirem as primeiras dúvidas, onde ouvia-se diversos questionamentos: Como vai ser? Como vamos conseguir? Quem vai nos ajudar? Diante de olhares sérios TODOS que ali estavam, sabiam da grandiosidade do sonho, do impacto social e humanitário, se conseguíssemos atingir a meta que naquele momento passaria ser a nossa maior missão. Começamos a ficar assustados e até desacreditados porque a pergunta...ela já tinha resposta pronta...esvaziar os corredores da azul? Impossível! Era a primeira palavra de muitos e até inclusive dos que ali estavam sob nossos cuidados”, relata Michelle Oliveira, coordenadora da Farmácia do HGE.
Outra melhoria implementada no projeto, que auxiliou no avanço do atendimento no pronto-socorro, foi a criação da sala de decisão médica. Ela integra os profissionais médicos e a equipe de enfermagem e permite a discussão sobre cada caso recebido na unidade, agilizando o diagnóstico, a prioridade e definindo o melhor tratamento para cada paciente.
Os desafios são contínuos e por isso a necessidade da adoção de processos que visam aperfeiçoar o atendimento na emergência do HGE. Nesse contexto, foram desenvolvidos dois aplicativos que auxiliam na gestão, o app para acompanhamento on line do tempo de permanência de cada paciente que aguarda exame ou diagnóstico e o app em que é possível acompanhar on line da gestão de leitos. Tudo isso garante não só uma maior oferta de leitos nos hospitais como a diminuição do desgaste emocional tanto do paciente, e de seu acompanhante, como da equipe médica e hospitalar.
LEAN NAS EMERGÊNCIAS
Ao todo 36 hospitais de todas as regiões do país fizeram parte das três primeiras etapas, nas quais 800 profissionais foram treinados na metodologia Lean nos serviços de emergência. Em maio, teve início o Ciclo 0 e 1 com a intervenção em 16 hospitais públicos. Já o Ciclo 2 iniciou em novembro de 2018 com a participação de 20 unidades de saúde públicas. Em setembro, o Ministério da Saúde lançou o terceiro ciclo com 20 hospitais participantes.
O impacto do projeto Lean nas Emergências no SUS trouxe a ampliação do acesso a leitos de internação e o aumento do número de atendimentos no pronto-socorro nos hospitais participantes. Por mês no país, foram disponibilizados 5.947 leitos. Por ano, foram 71.364 leitos. Em relação ao número de atendimentos, o aumento foi de 4.489 por mês e 53.868 por ano.
O Projeto Lean nas Emergências, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Sírio Libanês, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), completa dois anos e tem como principal objetivo reduzir a superlotação dos serviços de urgência e emergência do SUS e já está no terceiro ciclo, executando a terceira visita de intervenção nos hospitais participantes para implementação das ferramentas de gestão.
O sucesso do projeto parte da melhoria dos processos de gestão que começa pela porta da emergência geral, identificando os tempos de atendimento e de maior fluxo. A metodologia do Lean reduz desperdícios e tempos de espera otimizando espaços e insumos. Com o progresso do projeto foi possível chegar a todas as áreas dos hospitais e com isso desafogar urgências e emergências otimizando, assim, a oferta de leitos.
Para alcançar essas melhorias, os hospitais que participam da iniciativa passam por um processo de intervenção, fase onde profissionais do Hospital Sírio-Libanês visitam os prontos-socorros e se reúnem com gestores e profissionais dos estabelecimentos para identificar dificuldades e implementar ações de melhoria, utilizando as ferramentas do projeto, bem como capacitar as equipes. Essa fase dura, em média, seis meses e, após o término desse período, os hospitais passam por uma etapa de monitoramento, por mais doze meses, para garantir a transformação no gerenciamento das unidades e que esses novos hábitos e padrões continuem mesmo após o fim das visitas
SAIBA MAIS SOBRE A METODOLOGIA
O Sistema Lean que pode ser traduzido como produção enxuta é uma metodologia japonesa que após a Segunda Guerra mundial chegou ao ocidente e foi utilizada em praticamente todos os setores produtivos. A partir da década de 90 houve uma adaptação para utilização na área da Saúde com impactos positivos.
Um dos indicadores utilizados para medir os resultados do projeto é o indicador de superlotação, chamado de NEDOCS (sigla em inglês para Escala de Superlotação do Departamento Nacional de Emergência) e mensura quesitos como tempo de passagem de pacientes pelas urgências, permanência no hospital, tempo de alta, entre outros.
Confira a página especial sobre o Lean nas emergências
Silvia Pacheco, da Agência Saúde
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