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Brasil retoma exportação de vacina contra febre amarela
Anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta terça-feira (22), durante encontro com produtores de vacina internacionais no Rio de Janeiro
Foto: Renato Strauss / ASCOM MS
Após três anos de interrupção da exportação da vacina contra febre amarela, o Brasil, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), retoma a capacidade instalada para atender 100% a demanda interna e fornecer para outros países. Entre 2017 e 2018, o país suspendeu a venda da vacina, para voltar toda sua produção à população brasileira, que passava por surto da doença. Outro importante fator que impulsionou essa retomada foi a aprovação da Lei 13.801/2019, que determina que os recursos adquiridos com a exportação desse insumo retornem exclusivamente à Fiocruz, permitindo o reinvestimento na produção dessa e de outras vacinas, e em pesquisas. Assim, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fiocruz, fornecerá, entre 2019 e 2020, 23 milhões da vacina para a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) e Unicef.
“As vacinas são as tecnologias que mais salvaram vidas no mundo. Por isso, temos trabalhado para ampliar a capacidade produtiva e de inovação tecnológica instalada no país. É importante para o Brasil a retomada da produção em larga escala e a exportação da vacina da febre amarela. Outro importante passo que estamos dando e, que encontra-se em fase final de modelagem, é a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS) em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Será uma plataforma múltipla, que poderá produzir diferentes tipos de vacinas, dando resposta rápida às necessidades internas”, destacou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta terça-feira (22), no Rio de Janeiro, durante a 20ª Reunião Geral Anual da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês). O encontro, que prossegue até o dia 24, contará com a participação da diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, além de representantes da Organização Mundial da Saúde, da Unicef, da Fundação Bill & Melinda Gates, dentre outras instituições. Também participam 59 especialistas do Brasil e de outros 13 países. Serão discutidos temas como os avanços tecnológicos na área, acesso equitativo a vacinas no mundo, e os desafios atuais da indústria com ênfase na atuação dos países em desenvolvimento e oportunidades de parcerias.
O Brasil é o maior produtor de vacina contra febre amarela no mundo e com o menor preço, cerca de US$ 1,00 (R$ 4,15) a dose. Atualmente apenas mais três países também produzem o insumo. São eles: Rússia, França e Índia. Com a retomada da exportação brasileira, já foi disponibilizado 1,2 milhão de doses pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) aos organismos internacionais. A Fiocruz, por meio de Bio-Manguinhos, além de atender aos programas regulares do Ministério da Saúde e situações emergenciais no Brasil, atua na contenção de surtos e epidemias em nível global. O Instituto tem a sua vacina de febre amarela pré-qualificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2001, o que a torna apta a ser adquirida pelas Agências das Nações Unidas. Desde então, mais de 160 milhões de doses foram exportadas, abrangendo mais de 70 países endêmicos.
Com o objetivo de reforçar seu compromisso com a eliminação global de doenças de saúde pública, a partir da ampliação da capacidade produtiva e da inovação tecnológica, o Ministério da Saúde irá investir R$ 3 bilhões na construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), em Santa Cruz (RJ). O local terá capacidade para produzir até 300 milhões de doses anuais. Outra importante ação prevista, é o estímulo de projetos em estágio avançado de desenvolvimento de vacinas para a aplicação de novas tecnologias para o enfrentamento de doenças negligenciadas, como a malária. Nesse sentido, já encontra-se em fase final de desenvolvimento a vacina contra a leishmaniose, pela Fiocruz.
No âmbito do Movimento Vacina Brasil, que conta com uma série de ações integradas do Ministério da Saúde para melhorar as coberturas vacinais, o apoio ao desenvolvimento de vacinas do governo brasileiro visa contribuir para o atendimento dos objetivos da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades”, com destaque para o combate a doenças imunopreviníveis; e “Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação”.
ENCONTRO INTERNACIONAL
“Vacinas, inovações para o bem”. Com esse lema, a Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês) realiza sua 20ª Reunião Geral Anual, entre 21 e 24 de outubro no Sheraton, no Rio de Janeiro. O encontro faz parte das comemorações dos 120 anos da Fundação Oswaldo Cruz, e contará com visitação aos laboratórios de produção de vacinas da Fiocruz, que fazem parte de seu Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).
Criada em 2000, a iniciativa DCVMN abrange atualmente 50 produtores de 17 países e territórios, que fabricam e fornecem mais de 40 tipos de vacinas em diversas apresentações, totalizando 200 produtos, sendo 40 deles pré-qualificados pela OMS. O objetivo da rede é fortalecer e alavancar a produção e a inovação para atender aos desafios de saúde global com vacinas eficazes, efetivas e acessíveis para todos.
Por Regina Xeyla, da Agência Saúde
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