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Saúde Indígena
DSEI Alto Rio Solimões inaugura mais um Polo Base no território indígena
Com ritos de fé e manifestações culturais, integrantes das etnias Kocama, Kaixana e Ticuna se reuniram em algumas dezenas na Aldeia São Sebastião, município de Tonantins, no interior do Estado do Amazonas. O dia 24 de maio era de festa e o povo comemorava a concretização da luta incessante de muitas lideranças em busca de melhores condições de vida para os povos indígenas. Era a inauguração de mais um Polo Base no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Solimões, o décimo-terceiro nesse território e um marco histórico na região de Tonantins.
Presente à inauguração, estava a secretária Sílvia Waiãpi, titular da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), órgão do Ministério da Saúde responsável pela prestação de serviços de saúde às comunidades que vivem nos territórios indígenas de todo o país. A inauguração do Polo Base São Sebastião contou ainda com as presenças do coordenador distrital, Weydson Pereira; do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Elivaldo da Silva Kocama; de Eládio Curico Kocama, presidente do povo Kocama do Alto Rio Solimões e cacique da Aldeia São Sebastião, o senhor Everaldo; e outras lideranças como Alcinei Fermin Kaixana, Lucas Kocama, Ademir Kocama, conselheiros distritais e caciques de outras aldeias da região do Alto Solimões.
Com capacidade para atender indígenas que vivem em 31 aldeias da região, essa unidade de saúde é a primeira edificação padrão construída pelo próprio DSEI. A nova unidade de saúde é formada por três módulos: um assistencial, para o atendimento básico de saúde; um administrativo, para a gestão e a organização dos serviços; e um amplo alojamento para os profissionais que integram a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI), formada por médico, dentista, enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliar de saúde bucal, Agente Indígena de Saúde (AIS) e Agente Indígena de Saneamento (AISAN).
Responsabilização e cobranças
Convidada a saudar os presentes, a secretária Sílvia – indígena Waiãpi e primeira mulher a assumir a SESAI – iniciou sua fala em seu idioma nativo, e explicou: “Primeiro, eu falo na minha língua, para que vocês saibam que eu existo, porque um povo que não preserva sua identidade, nem guarda a memória de seus mortos não sabe de onde veio, nem sabe para onde vai”. E continuou: “Para mim, é uma honra estar aqui e participar da entrega de uma obra tão significativa para os indígenas, uma obra que traz em sua essência a luta de tantas lideranças por melhores condições de vida para seus povos”.
Silvia Waiãpi ressaltou a importância de conhecer de perto os resultados gerados pelo DSEI Alto Rio Solimões, “que tem o menor orçamento e os melhores resultados do país”. Disse, também, que sua administração será de responsabilização e cobrança e valorizará aqueles que realmente trabalham. “É por isso que estou aqui”. E falou sobre denúncias de corrupção: “A Saúde Indígena de alguma forma foi ferida e nós não vamos permitir que isso continue. Quem desvia um real da Saúde Indígena é um assassino em potencial e essas pessoas não continuarão cuidando de nós. Deixo claro a quem tentar vituperar, manchar a imagem de homens e mulheres de bem: para vocês, haverá a força da Justiça”.
Investimento com resultado
Chamado a cumprimentar a todos, o coordenador distrital, Weydson Pereira, agradeceu as presenças da secretária Sílvia e das lideranças locais e destacou a cobrança do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por resultados na Saúde Indígena, hoje com investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão/ano. “O ministro está certo ao cobrar resultados e nós enumeramos os nossos: construções de unidades de saúde no DSEI, hoje com 10 obras em andamento; estoques de medicamentos; contratação de mão de obra qualificada; redução da mortalidade infantil; ótima cobertura vacinal com sala de vacina e equipe qualificada em todos os Polos Base nas aldeias, sendo referência em imunização dentre os 34 DSEI; diminuição dos índices de malária no Distrito, com reconhecimento internacional; pré-natal para mais de 90% das gestantes, incluindo exames de imagem; expansão dos serviços de saúde bucal, com educação permanente; processos eficientes de vigilância nutricional, para o acompanhamento regular das crianças; e aquisições de veículos aquáticos e terrestres, para toda a logística da Saúde indígena, incluindo o combustível para essas operações”.
O coordenador também pediu o apoio da secretária para uma necessidade premente dos indígenas do DSEI e uma reivindicação das lideranças presentes à inauguração do Polo Base São Sebastião: celeridade na implantação de sistemas de abastecimento d’água e saneamento. De acordo com Weydson, 80% das aldeias do Alto Rio Solimões não dispõem de água tratada, o que resulta em casos de diarreia, inclusive com mortes. Segundo ele, o DSEI está se preparando para adquirir máquinas perfuratrizes, para agilizar o processo de construção de poços artesianos em todo o território do DSEI.
Durante a cerimônia de inauguração do Polo Base São Sebastião, as lideranças indígenas relembravam episódios das lutas travadas pelas comunidades na busca por melhoria de vida, em especial no tocante à Saúde Indígena. À secretária Sílvia Waiãpi, relataram inúmeras dificuldades enfrentadas pelos indígenas no cotidiano e corroboraram a colocação do coordenador distrital sobre a necessidade de implementar sistemas de abastecimento e saneamento básico nas aldeias com urgência, ação fundamental para a redução de enfermidades, como a diarreia que acomete grande número de indivíduos, na maior parte das vezes por falta de água de qualidade.
A secretária de Sílvia Waiãpi informou ao coordenador distrital, Weydson Pereira, e demais lideranças que os engenheiros da Secretaria Especial de Saúde Indígena já estão trabalhando para apresentar e executar projetos de saneamento, exatamente para dar mais agilidade aos processos de implantação de sistemas de abastecimento d'água e saneamento.
Fiscalização direta
Antes de seguir para a inauguração do Polo Base São Sebastião, em Tonantins, Sílvia Waiãpi fez uma inspeção em todos os departamentos da sede do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Solimões, instalado no município de Tabatinga, distante 1.106 quilômetros de Manaus. Ela estava acompanhada por Morganna Mendes Oliveira, coordenadora geral de Projetos Especiais da Secretaria Especial de Articulação Social – órgão vinculado à Secretaria de Governo da Presidência da República. Todas as áreas foram fiscalizadas pela secretária, que questionou cada detalhe do que foi apresentado pelo coordenador distrital, Weydson Pereira. E concluiu: “Esse DSEI, que trabalha com o menor orçamento, é exemplo para os demais Distritos Sanitários, pois tem os melhores resultados da Saúde Indígena. Precisamos de gente comprometida, que trabalhe com a competência e a transparência necessárias aos bons resultados dos serviços oferecidos aos povos indígenas; e com a comprovação que investimentos de recursos públicos exigem”, disse.
A secretária ainda visitou, em Tabatinga, a Primeira Sala da Parturiente Indígena, instalada na Maternidade Celina Villacrez Ruiz desde dezembro 2016. Nesse espaço, as gestantes contam com parteiras indígenas para o nascimento de seus bebês, em respeito às práticas da medicina tradicional; mas também recebem todos os cuidados necessários dentro dos preceitos da medicina ocidental. Em 2019, já foram realizados 103 partos na Sala da Parturiente Indígena. Em dezembro de 2016, foram 26 partos; em 2017, 261; e em 2018, 267. Um total de 657 partos.
CASAI Manaus em condições precárias
No percurso de retorno a Brasília, Sílvia Waiãpi fez uma visita surpresa, à noite, à Casa de Saúde Indígena (CASAI) de Manaus. Durante a inauguração do Polo Base, ela havia recebido denúncias das lideranças presentes na Aldeia São Sebastião sobre o sucateamento dessa unidade de saúde. E o resultado surpreendeu! A secretária encontrou um local sujo, malcheiroso, com banheiros fedidos e sem descargas, esgoto sem grade e totalmente aberto, enfermaria pediátrica com mal cheiro, cortinas sujas, ar-condicionado vazando, colchões com mofo, fios desencapados, além de enfermeiros trabalhando sem o Corem. Diante da situação, a secretária informou que tomará as providências necessárias para coibir esse tipo de situação e pediu aos trabalhadores que colaborem com a SESAI fazendo denúncias de irregularidades em seus locais de trabalho. E sentenciou: “Vamos fazer visitas surpresas em todos os DSEI do Brasil e corrigir absurdos como esses que encontramos aqui na CASAI Manaus”.
Serviços do Polo Base São Sebastião
- Imunização / Vacinação
- Saúde da mulher
- Saúde do homem
- Saúde da criança
- Saúde do idoso
- Saúde mental
- Saúde na escola
- Atendimento odontológico
- Aplicação de flúor e escovação
- Atendimento nutricional
- Sistema de vigilância alimentar e nutricional
- Combate a doenças sexualmente transmissíveis
- Assistência farmacêutica
- Programa de Hiperdia
- Exames preventivos
- Educação em saúde
- Rodas de conversas
- Visitas domiciliares
- Endemias
- Vigilância epidemiológica
- Serviço Social
DSEI Alto Rio Solimões
- Área total: 80.189,53 km²
- População aldeada: 70.671
- Etnias: 07 (Ticuna, Kocama, Kambeba, Kaixana, Kanamari, Witoto e Maku-Yuhup)
- Aldeias: 231
- Polo Base: 13
- CASAI: 01
- Casa de Apoio: 04
- Estado de abrangência: Amazonas
- Municípios de abrangência: 07 (Amatura, Benjamin Constant, Japurá, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Tabatinga, Tonantins)
Comunicação SESAI
Atendimento à imprensa:
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