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ATENÇÃO P´RIMÁRIA
Hanseníase sem estigma
Há relatos históricos que mostram que a hanseníase parece acometer ao homem desde a antiguidade. A enfermidade já foi motivo de estigma e exclusão. Atualmente, faz parte do rol de doenças consideradas negligenciadas e que requer ação estratégica das políticas de saúde públicas.
Há mais de 20 anos, a doença tem tratamento oferecido pelo SUS capaz de curar a totalidade dos casos. Neste mês é o lançamento da campanha de conscientização sobre a doença. Duas datas comemorativas marcam o Janeiro Roxo, como ficou conhecido o marco no calendário da Saúde: o dia Mundial de Luta contra a Hanseníase e o dia nacional, 28 e o último domingo do primeiro mês do ano.
Hanseníase é uma doença transmissível causada por um bacilo que é uma bactéria. A transmissão é por meio das secreções das vias respiratórias e pelas gotículas de saliva da pessoa doente sem tratamento. O contato direto e prolongado com o doente em ambiente fechado, com pouca ventilação e pouca luz solar, aumenta as chances de se infectar com o bacilo da hanseníase. A doença progride lentamente. Entre o contato com a pessoa doente e o aparecimento dos primeiros sinais, pode levar em média dois a cinco anos.
A maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não adoece. Se diagnosticada precocemente e tratada corretamente, não incapacita para o trabalho, podendo o portador levar uma vida normal. E isso é muito importante porque a pessoa com hanseníase deixa de transmitir a doença logo que começa o tratamento.
O diagnóstico de caso de hanseníase deve ser feito na Atenção Básica. Por meio de um exame clínico, é possível identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade, entre outras manifestações da doença. Os nervos cutâneos (da pele) também são atingidos, provocando manchas ou áreas adormecidas na pele. Pode também afetar os olhos e, eventualmente, outros órgãos. É comum aparecerem caroços ou inchaços no rosto, orelhas, cotovelos e mãos; entupimento constante do nariz, com um pouco de sangue e feridas; alteração na musculatura das mãos, que resulta nas chamadas "mãos de garra".
Deve-se abordar, no atendimento, a presença dos sinais e sintomas, acolher as dúvidas e impressões do paciente, bem como realizar a avaliação de incapacidades e registrar essas informações no Prontuário do Cidadão. A avaliação do grau de incapacidades ajudará a equipe de saúde a identificar em que grau está realizando o diagnóstico e atuar na tentativa de identificar a doença o mais precoce possível.
É importante que a área de atuação da equipe seja intensificada onde há casos de pessoas com sinais e sintomas compatíveis com hanseníase. A busca ativa auxilia no diagnóstico precoce e no controle da doença. Ao conhecer melhor as demandas do território, a equipe consegue se organizar estrategicamente no combate a doença.
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) preconiza ações de Vigilância em Saúde sob a responsabilidade das equipes de Atenção Básica, ressaltando o importante e necessário papel dos profissionais para realização do cuidado integral aos cidadãos. O desenvolvimento das atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças, agravos e de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares, ações educativas individuais e coletivas, consultas, entre outras, tem seu resultado ampliado quando integrado com a atuação das equipes de Vigilância em Saúde. O Guia Política Nacional de Atenção Básica – Módulo 1 : Integração Atenção Básica e Vigilância em Saúde traz algumas orientações para auxiliar nesse trabalho em conjunto.
Trabalho da Equipe de Saúde da Família
A orientação ao usuário é que busque atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) quando se queixar de manchas sem sensibilidade local ou pontos do corpo sem manchas, mas sem sensibilidade tátil ou de outros sintomas que podem se manifestar. É necessário também avaliar toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente de hanseníase nos últimos cinco anos (contatos intradomiciliares) para avaliação na unidade. Mesmo que o familiar, por exemplo, não tenha desenvolvido a doença, precisa ser orientado sobre o autoexame, mesmo depois da avaliação feita pela equipe.
A informação sobre a classificação operacional é fundamental para selecionar o esquema de tratamento adequado. Para isso, o profissional médico pode consultar o Guia de Vigilância em Saúde, caso tenha dúvidas sobre como tratar o paciente portador de hanseníase. A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizado pelo esquema terapêutico, dentro do prazo recomendado.
A pessoa com hanseníase deverá ser agendada periodicamente para cada 28 dias para a realização da dose supervisionada. A data de retorno e o controle da adesão ao tratamento devem ser registrados em um cartão de agendamento, de uso do paciente e prontuário do cidadão. No ato do comparecimento à UBS, o paciente deve ser reavaliado pelo médico e/ou enfermeiro.
O tratamento da hanseníase é eminentemente ambulatorial, utiliza os esquemas terapêuticos padronizado — poliquimioterápicos (PQT), e está disponível nas unidades públicas de saúde definidas pelos municípios para o tratamento do doente com hanseníase. A PQT mata o bacilo e evita a evolução da doença, levando à cura. O bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiológica da doença.
Material para consulta
Estratégia Global para Hanseníase 2016-2020
Confira a mensagem do Ministro Luiz Henrique Mandetta no dia de Enfretamento da Hanseníase.