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Mosquitos do ‘bem’ combatem a dengue
Método inovador utiliza uma bactéria para reduzir a capacidade do Aedes aegypti de transmitir o vírus da dengue, zika e chikungunya
Foto: Erasmo Salomão / ASCOM MS
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, participou nesta segunda-feira (2), da liberação dos chamados mosquitos do “bem” em Niterói (RJ). A tecnologia já se mostrou promissora no combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti (dengue, zika e chikungunya). Nos primeiros resultados, os insetos infectados com a bactéria Wolbachia reduziram em 75% os casos de chikungunya, em 33 bairros da região. A tecnologia inibe a transmissão de doenças que atingem o ser humano. A ação aconteceu na área externa da Clínica Comunitária da Família, Dr. Antônio Peçanha, em Niterói.
“A partir desse ano, após estudos, decidimos levar o método para mais cinco biomas, para ver como a Wolbachia vai se comportar. A expansão será para Belo Horizonte, Petrolina, Fortaleza, Manaus, Campo Grande e Foz do Iguaçu. Além disso, é muito importante que todos continuem o dever de casa, não deixando água parada. Temos que redobrar a atenção, porque quando uma epidemia atinge um país, todos sofrem”, ressaltou o ministro da Saúde,Luiz Henrique Mandetta.
Também participaram da ação, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira; a presidente da Fiocruz, Nisia Trindade; a secretária municipal de Saúde de Niterói, Maria Célia; e o pesquisador da Fiocruz e líder do World Mosquito Program no Brasil, Luciano Moreira.
Nesta etapa, o conjunto de bairros contemplados são Fonseca, Engenhoca, Cubango, Santana e São Lourenço, todos em Niterói. Após a soltura dos mosquitos, o ministro da Saúde visita o laboratório World Mosquito Program (WMP), da Fiocruz, onde são desenvolvidas todas as fases de produção dos insetos, desde a produção de ovos até a preparação para liberação nos locais em que o projeto acontece.
A metodologia é inovadora, autossustentável e complementar às demais ações de prevenção ao mosquito. A Wolbachia é uma bactéria intracelular que, quando presente nos mosquitos, impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam dentro destes insetos. Não há qualquer modificação genética, nem da bactéria, nem do mosquito. A Wolbachia está naturalmente presente na maioria dos insetos, mas não é encontrada nos mosquitos Aedes aegypti.
Até o momento, o método Wolbachia já foi aplicado em 28 bairros do Rio de Janeiro e 33 de Niterói, beneficiando 1,3 milhão de pessoas. Também faz parte do projeto a realização de ações prévias de engajamento e comunicação junto às comunidades locais e profissionais de saúde sobre a segurança do método e seu impacto no ecossistema. Esse processo de mobilização já se iniciou em Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG), sendo que a soltura dos mosquitos será iniciada nas três localidades no próximo ano, com o apoio do Ministério da Saúde.
Além dos três estados, está programada uma nova expansão do Wolbachia em 2020 para: Fortaleza/CE, Foz do Iguaçu/PR e Manaus/AM. Somente em 2019, o Ministério da Saúde investiu R$ 21,7 milhões na tecnologia.
As liberações dos mosquitos são realizadas semanalmente, durante 16 semanas, em grupos de bairros. Durante o monitoramento, é verificada a necessidade de realizar novas solturas pontuais. Em áreas onde é possível trafegar, a Fiocruz utiliza veículo para realizar a ação. Em áreas onde não é possível, as liberações são feitas por agentes das prefeituras.
WOLBACHIA NO BRASIL
Desde 2011, o Ministério da Saúde, juntamente com a Fundação Bill & Melinda Gates e National Institutes of Health, já investiu R$ 31,5 milhões no método Wolbachia . As primeiras liberações dos mosquitos contendo Aedes aegypti com Wolbachia no Brasil ocorreram em 2015 nos bairros de Jurujuba em Niterói e Tubiacanga na Ilha do Governador ambos no estado do Rio de Janeiro. Em 2016 a ação foi ampliada em larga escala em Niterói e em 2017 no município do Rio de Janeiro.
Além do Brasil, também desenvolvem ações do programa países como: Austrália, Colômbia, Índia, Indonésia, Sri Lanka, Vietnã, e as ilhas do oceano pacífico Fiji, Kiribati e Vanuatu.
PREVENÇÃO
Durante o período de seca, a população pode realizar ações de prevenção, basta tirar 10 minutos do dia para verificar se existe algum tipo de depósito de água no quintal ou dentro de casa, por exemplo. Uma vez por semana, lavar com água, sabão e esfregar com escova os pequenos depósitos móveis, como vasilha de água do animal de estimação e vasos de plantas.
Além disso, é preciso descartar o lixo em local adequado, não acumular no quintal ou jogar em praças e terrenos baldios. Limpar as calhas, retirando as folhas que se acumularam no inverno também é importante para evitar pequenas poças de água.
Cada pessoa pode ser um vigilante permanente de atenção à saúde, com isso não teremos dengue, zika e chikungunya.
Por Jéssica Cerilo, da Agência Saúde
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