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Brasil registra queda no número de casos e de mortes por aids
Ampliação da oferta de antirretrovirais e redução do tempo entre diagnóstico e início do tratamento contribuiu para a queda da epidemia no país
Os casos de aids e a mortalidade provocada pela epidemia estão caindo no Brasil. Isso é o que aponta a nova edição do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids , lançado nesta sexta-feira (1/12) em Cutiriba (PR), durante evento em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Aids. A publicação indica que em 2016 a taxa de detecção de casos de aids foi de 18,5 casos por 100 mil habitantes - uma redução de 5,2% em relação a 2015, quando era registrado 19,5 casos. Já a mortalidade, observa-se uma queda de 7,2%, a partir de 2014, quando foi ampliado o acesso ao tratamento para todos. Passando de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes para 5,2 óbitos, em 2016.
Os resultados demonstram a assertividade da política de assistência do Ministério da Saúde, que ampliou o diagnóstico do HIV, diminuiu o tempo para iniciar o tratamento, aumentando, consequentemente, o número de pessoas recebendo a terapia antirretroviral. Dando positivo, a pessoa inicia o tratamento no máximo 41 dias após o diagnóstico. Em 2014, esse tempo era 101 dias.
Confira aqui a apresentação (PDF)
“O Ministério da Saúde quer diminuir o número de pessoas que desenvolvem a doença. E é isso que estamos fazendo, ofertando os medicamentos mais modernos e investindo mais. Além disso, contamos com a mobilização da sociedade, especialmente daqueles que sabem que têm o vírus e que não se tratam, já que temos um tratamento gratuito e da melhor qualidade”, ressaltou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante a solenidade desta sexta-feira (1º). O ministro lembrou que os jovens são os que mais se expõe à infecção pelo vírus. “Por isso, vamos agir junto às escolas. Vamos orientar os jovens para reverter essa tendência de crescimento. Para isso, não faltam recursos e nem mobilização”, afirmou Ricardo Barros.
O perfil da aids revelado pelo Boletim demonstra que, nos últimos dez anos, há uma tendência de queda de casos em mulheres e aumento em homens. Em 2016, foram 22 casos de aids em homens para cada 10 casos em mulheres. Em relação à faixa etária, a taxa de detecção quase triplicou entre os homens de 15 a 19 anos, passando de 2,4 casos por 100 mil habitantes em 2006 para 6,7 casos em 2016. Entre os com 20 a 24 anos passou de 16 casos de aids por 100 mil habitantes, em 2006, para 33,9 casos em 2016. Já nas mulheres, houve aumento da doença entre 15 a 19 anos - passou de 3,6 casos para 4,1. Também há crescimento em idosas acima dos 60 anos, passando de 5,6 para 6,4 casos por 100 mil habitantes.
Quanto à forma de transmissão, a doença cresce entre homens que fazem sexo com homens, mudando o perfil, nos últimos dez anos, quando a proporção maior de caso era de transmissão heterossexual. Na comparação a 2006, observa-se aumento de 33% nos casos de transmissão de homens que fazem sexo com homens.
TRANSMISSÃO VERTICAL
Outro anúncio feito durante a divulgação do Boletim Epidemiológico foi a eliminação da transmissão vertical do HIV em Curitiba, que torna-se o primeiro município brasileiro a ficar livre da transmissão de mãe para filho. Lançada no ano passado pelo Ministério da Saúde, a estratégia tem foco nos municípios com mais de 100 mil habitantes e atendam a critérios estabelecidos pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre esses critérios estão atingir a taxa de detecção de HIV inferior a 0,3 por mil nascidos vivos, e proporção anual inferior a 2% de crianças expostas ao vírus que se infectaram.
Segundo dados do Boletim , registra-se queda em todos o país de 34% na taxa de detecção de HIV/aids em menores de 5 anos. Passando de 3,6 casos por 100 mil habitantes, em 2006, para 2,4 por 100 mil habitantes, em 2016. “Essa redução acontece graças ao esforço de toda a rede do SUS na ampliação da testagem e detecção precoce do HIV entre gestantes, aliado ao reforço na oferta de tratamento”, explica o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Já em gestantes, os casos de aids aumentam de 2,3 por 100 mil habitantes em 2006 para 2,6 em 2016. Isso pode estar associado a realização do pré-natal, que está detectando o HIV na gravidez.
Dados do Relatório de Monitoramento Clínico do HIV , divulgados na semana passada pelo Ministério da Saúde mostraram que, das 830 mil pessoas que viviam com HIV no país, 84% já estão diagnosticadas; que 72% destas estavam em tratamento antirretroviral; e que, destas, 91% já tinham carga viral indetectável. “Isso revela que já estamos muito próximos de atingir a meta 90-90-90 estipulada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids; quanto mais pessoas diagnosticadas e mais pessoas em tratamento precoce, menos pessoas doentes e menos vírus sendo transmitido”, comemora Adele Benzaken, Diretora do Departamento de IST, HIV/ais de hepatites virais do Ministério da Saúde (DIAHV). As metas estipulam que, até 2020, todas as pessoas vivendo com HIV no país sejam diagnosticadas; que 90% das pessoas diagnosticadas estejam em tratamento; e que 90% das pessoas em tratamento alcancem carga viral indetectável (supressão viral, ou redução da circulação do vírus no sangue para menos de 1.000 cópias/mL).
CAMPANHA
A nova campanha publicitária do Ministério da Saúde traz o slogan “Vamos combinar? Prevenir é viver” e a
hashtag
#VamosCombinar e tem foco nos jovens, reforçando as diversas formas de prevenção do HIV garantidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. Conta com filme para TV aberta e fechada, além da divulgação nas mídias sociais. O clipe tem a participação do grupo Dream Team do Passinho - revelação nacional entre o público jovem - que vai convidar a população, nas redes sociais, a fazer o seu próprio
passinho da prevenção
com a canção do filme. Além disso, haverá ações específicas nas redes sociais para públicos segmentados como profissionais de saúde, gestores, homens que fazem sexo com homens, gestantes e população trans.
PREVENÇÃO COMBINADA
Além de distribuir gratuitamente preservativos, o Ministério da Saúde oferta tratamento pós-exposição ao HIV, a chamada PEP. O medicamento está disponível em 151 serviços de 115 municípios com mais de 100 mil habitantes. Desde 2009, a oferta cresceu cinco vezes, passando de 10.963 para 57.714 medicamentos distribuídos em 2016. Nos primeiros seis meses de 2017, foram 32.559 enviados tratamentos.
A partir de dezembro, as populações com maior vulnerabilidade à infecção terão acesso ao tratamento pré-exposição (PrEP). O Ministério da Saúde adquiriu 3 milhões e 600 mil comprimidos para abastecimento de um ano. A oferta será gradativa: em 2017, 35 serviços em 22 municípios receberão o medicamento e outros 16 estados iniciarão em 2018. Os medicamentos serão para homens que fazem sexo com homens, gays, travestis, transexuais, profissionais do sexo e casais sorodiferentes em situação de vulnerabilidade à infecção. “É um medicamento bem específico, de uso contínuo e o usuário precisa tomar o comprimido diariamente para ficar protegido do HIV, além de só pode ser indicada após testagem. Por isso não, em hipótese alguma, podemos esquecer da camisinha”, observa o Ricardo Barros.
Por Agência Saúde
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