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Saúde Indígena
SESAI e Unicef realizam mais uma etapa da Oficina de Segurança Alimentar com indígenas do Acre
A Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) realizaram, na última semana, mais uma etapa da ‘Oficina para o Desenvolvimento de Competências de Famílias Indígenas para o Direito Humano à Alimentação Adequada e Segurança Alimentar e Nutricional’. Desta vez, a comunidade contemplada foi da aldeia Samaúma, no Polo Base de Cruzeiro do Sul (AC), onde vivem indígenas da etnia Katukina.
A oficina tem como objetivo contribuir para o fortalecimento da Agenda Integrada da Saúde da Criança, visando a redução da mortalidade infantil em 15 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) apontados como prioritários. Para tanto, o projeto busca construir, com a participação de lideranças e mulheres indígenas, novas abordagens e estratégias que ajudem a melhorar o estado nutricional das crianças menores de cinco anos.
“Os Noke Koî (povo verdadeiro), mais conhecidos como Katukina, historicamente consumiam alimentos provenientes da caça, pesca e cultivo de frutos e tubérculos. Durante as atividades, a comunidade elencou os fatores que contribuíram para as mudanças negativas no padrão alimentar, como a construção da BR, trazendo a cidade para próximo da aldeia e afugentando a caça, além da monetarização através dos empregos e programas de transferência de renda, promovendo a ida dos indígenas para as cidades e tornando-os mais sedentários. A situação reforça a necessidade de ações de educação em saúde contínuas na aldeia”, explica a nutricionista da SESAI, Gisele Mêne.
Oficina
Durante as atividades, foram abordados temas voltados à saúde e nutrição infantil, valorizando a percepção da comunidade sobre o que é uma criança saudável, os cuidados com as gestantes, práticas de aleitamento materno, além dos processos de transição alimentar vivenciados nas comunidades indígenas.
“A oficina estimula entre elas a discussão sobre os cuidados na gestação e no parto, a importância do aleitamento materno e da alimentação complementar adequada a partir do 6º mês de vida do bebê”, explica a nutricionista e consultora do Unicef, Valderez Aragão.
Outra atividade desenvolvida foi a troca de saberes, em que as mulheres indígenas demonstraram como se dá a introdução da alimentação complementar para as crianças Katukina, utilizando alimentos tradicionalmente consumidos. Estiveram envolvidos na atividade nutricionistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, Agentes Indígenas de Saúde (AIS), Agentes Indígenas de Saneamento (Aisan), além de professores.
“Nesta aldeia, aconteceu uma participação ativa das duas parteiras, as indígenas Rena Alves Katukina e Jovina Nascimento Katukina, que descreveram os cuidados no parto e no nascimento. Elas expuseram como o parto é feito na cultura e nos saberes tradicionais indígenas”, complementa Valderez Aragão.
De acordo com a nutricionista do DSEI Alto Rio Juruá, Janaína Jorge, a oficina deixa um importante legado que facilitará a atuação das equipes de saúde nas demais aldeias assistidas pelo DSEI Alto Rio Juruá. “A nossa meta agora é replicar a metodologia para outras comunidades, promovendo o fortalecendo da cultura alimentar dos povos indígenas atendidos pelo Distrito”
A aldeia Samaúma pertence ao Polo Base Cruzeiro do Sul (AC) e fica localizada na abrangência do município de mesmo nome, distante aproximadamente 60 km. Em toda sua extensão, a terra indígena é cortada pela BR-364 que dá acesso a capital do estado, Rio Branco. O DSEI Alto Juruá atende mais de 17 mil indígenas dos povos Apurinã, Poyanawa, Nukini, Arara Apolima, Jaminawá, Katukina, kulina, Madjá Kulina, Ashaninka, Arara, Shanenawá, Nawa, Yauanawá, Kontanawa, Kampa Ashaninka e Kaxinawá, distribuídos em sete Polos Base e 148 comunidades.
Por Felipe Nabuco, do Nucom/SESAI
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