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Saúde Indígena
SESAI lança Agenda Estratégica de Prevenção ao Suicídio entre Povos Indígenas
A Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), em alusão ao “Setembro Amarelo”, lançou neste mês a Agenda Estratégica de Prevenção ao Suicídio entre Povos Indígenas. Além de fortalecer e ampliar a atuação das equipes de saúde nas aldeias, o objetivo da Agenda é estabelecer, por meio de um conjunto orquestrado de ações, uma política permanente de prevenção ao suicídio, em especial nos 16 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) apontados como prioritários por apresentarem maiores incidências. A estratégia foi apresentada aos presidentes e vice-presidentes de Conselhos Distritais de Saúde Indígena, durante encontro do controle social da Saúde Indígena, realizado na última semana. Entre os resultados aguardados com a Agenda Estratégica está “uma redução durável do número de suicídios e de tentativas de suicídio entre as comunidades indígenas”. Para alcançar este objetivo, as ações propostas na Agenda estão centradas em quatro importantes eixos: institucionalização da Agenda nos DSEIs; estratégias para melhorar a investigação epidemiológica e do óbito; qualificação da atuação das equipes de saúde para a prevenção do suicídio; e formação de jovens multiplicadores para valorização da vida. “Metade dos óbitos por suicídio entre indígenas se localiza na faixa etária de 10 a 19 anos, o que demonstra que o impacto do suicídio sobre a população indígena no Brasil ainda é maior do que na sociedade como um todo, tanto pela maior incidência, quanto pelo fato de que esses óbitos ocorrem mais cedo, diminuindo a expectativa de vida da população e dificultando o desenvolvimento socioeconômico de comunidades inteiras”, explica o psicólogo Fernando Albuquerque, responsável técnico pelo Programa de Assistência Psicossocial da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). De acordo com ele, outro importante objetivo da Agenda é identificar, avaliar e eliminar, na medida do possível, os fatores de vulnerabilidade que podem provocar tentativas de suicídio entre as populações indígenas. “Uma das estratégias que utilizamos é a elaboração de um genograma (representação gráfica das relações e da história médica e psicológica de uma família, com foco em uma pessoa) para, através do mapeamento das pessoas mais próximas, incluindo amigos, possamos nos antecipar na identificação do risco”, explica Fernando. No campo da promoção da saúde e Bem Viver, as estratégias da Agenda também preveem parcerias interministeriais e intersetoriais, através dos Ministérios da Cultura e do Esporte, para a realização de ações lúdicas e esportivas nas aldeias indígenas. AVANÇOS A primeira estratégia adotada pela SESAI/MS, a partir de 2010, para o enfrentamento do suicídio foi a implementação da vigilância epidemiológica nos DSEI, na qual é realizada a coleta, organização e análise dos dados sobre os eventos. “A partir disso, tem sido possível acompanhar as taxas de suicídio nas comunidades indígenas. Estes dados são fundamentais na compreensão do fenômeno, pois proporcionam subsídios para a vigilância em saúde e para estratégias de prevenção e intervenção”, explica Fernando Albuquerque. “Em regiões prioritárias, como o DSEI Araguaia e DSEI Tocantins, realizaram-se também estudos antropológicos específicos para a compreensão dos modelos explicativos indígenas”, complementa. A segunda estratégia preconizada para o enfrentamento ao suicídio diz respeito à prevenção e promoção da saúde. São ações que visam o fortalecimento das redes sociais de apoio, o fortalecimento ‘identitário’ e cultural das comunidades, a mobilização social e comunitária sobre temas relacionados aos fatores de risco em suicídio como álcool, drogas, violência, DST’s e gestação. Entretanto, foi nos anos de 2015 e 2016 que a SESAI deu os passos mais significativos, ao lançar o ‘Material Orientador para Prevenção do Suicídio em Povos Indígenas’, direcionado para profissionais de saúde que atuam nas aldeias indígenas; bem como ao implementar as ‘Linhas de Cuidado Locais para Prevenção do Suicídio na Atenção Básica à Saúde Indígena’. Na ocasião, 240 profissionais que atuam na assistência de comunidades indígenas foram capacitados. DSEIs PRIORITÁRIOS: Araguaia, Mato Grosso do Sul, Vale do Javari, Alto Rio Solimões, Médio Rio Purus, Médio Rio Solimões e Afluentes, Tocantins, Alto Rio Purus, Yanomami, Litoral Sul, Leste de Roraima, Alto Rio Juruá, Maranhão, Alto Rio Negro, Minas Gerais e Espírito Santo. Por Felipe Nabuco