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Taxa de suicídio é maior em idosos com mais de 70 anos
Dados inéditos do Ministério da Saúde apontam ainda que suicídio é a quarta causa de morte entre jovens. Diagnóstico orientará qualificação e expansão da rede de atenção à saúde mental
Em alusão ao setembro amarelo, mês de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, o Ministério da Saúde divulga, nesta quinta-feira (21/9), o primeiro Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil. Um dos alertas é a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foram registradas média de 8,9 mortes por 100 mil nos últimos seis anos. A média nacional é 5,5 por 100 mil. Também chamam atenção o alto índice entre jovens, principalmente homens, e indígenas. O diagnóstico inédito vai orientar a expansão e qualificação da assistência em saúde mental no país.
Confira a apresentação dos dados divulgados hoje pelo Ministério da Saúde
Conheça a cartilha com dicas para jornalistas de como abordar o tema
Perfil Epidemiológico das tentativas e óbitos por suicídio no Brasil e a rede de atenção à saúde
O Ministério da Saúde, com base nos dados do boletim, lança uma agenda estratégica para atingir meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de redução de 10% dos óbitos por suicídio até 2020. Entre as ações, destacam-se a capacitação de profissionais, orientação para a população e jornalistas, a expansão da rede de assistência em saúde mental nas áreas de maior risco e o monitoramento anual dos casos no país e a criação de um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio. Desde 2011, a notificação de tentativas e óbitos é obrigatória no país em até 24h.
“Temos o compromisso de reforçar agora toda nossa rede de atenção psicossocial junto aos gestores locais, visando fortalecer e ampliar a assistência a todos os indivíduos que necessitam de atenção e cuidado neste momento”, afirmou o Secretário de Vigilância em Saúde, Adeilson Cavalcante.
O diagnóstico registrou entre 2011 e 2016, 62.804 mortes por suicídio, a maioria (62%) por enforcamento. Os homens concretizaram o ato mais do que as mulheres, correspondendo a 79% do total de óbitos registrados. Os solteiros, viúvos e divorciados, foram os que mais morreram por suicídio (60,4%). Na comparação entre raça/cor, a maior incidência é na população indígena. A taxa de mortalidade entre os índios é quase três vezes maior (15,2) do que o registrado entre os brancos (5,9) e negros (4,7). “A reúne esforços entre as áreas de vigilância e assistência em saúde com programas de prevenção e cuidado da saúde mental para diminuir a mortalidade por suicídio”, ressaltou Quirino Cordeiro Junior, coordenador geral de Saúde Mental, álcool e outras drogas do Ministério da Saúde.
Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é maior entre os homens, cuja taxa é de 9 mortes por 100 mil habitantes. Entre as mulheres, o índice é quase quatro vezes menor (2,4 por 100 mil). Na população indígena, a faixa etária de 10 a 19 anos concentra 44,8% dos óbitos. “A notificação de casos é muito importante para que consigamos visualizar onde se encontram as regiões com maiores indicadores e reunir esforços para diminuir as taxas de suicídio. Já trabalhamos com ações de prevenção nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que, em breve, devem chegar nas áreas de maior incidência”, enfatizou Maria de Fátima Marinho, Diretora do Departamento de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis do Ministério da Saúde.
O documento apresenta ainda que, entre os anos de 2011 e 2016, ocorreram 48.204 tentativas de suicídio. Ao contrário da mortalidade, foram as mulheres que atentaram mais contra própria vida, 69% do total registrado. Entre elas, 1/3 fez isso mais de uma vez. Por raça/cor, a população branca (53,2%) registrou maior taxa. Do total de tentativas no sexo masculino, 31,1% tinham entre 20 e 29 anos. Além disso, 58% dos homens e mulheres que tentaram suicídio utilizaram substâncias que provocaram envenenamento ou intoxicação.
Entre os fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicos, como perdas recentes; e condições clínicas incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica, neoplasias malignas. No entanto, tais aspectos não podem ser considerados de forma isolada e cada caso deve ser tratado no Sistema Único de Saúde conforme um projeto terapêutico individual.
ASSISTÊNCIA É FATOR DE PROTEÇÃO – Os serviços de assistência psicossocial tem papel fundamental na prevenção do suicídio. O Boletim apontou que nos locais onde existem Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), uma iniciativa do SUS, o risco de suicídio reduz em até 14%. Existem no país, 2.463 CAPS e, no último ano, foram habilitadas 146 unidades, com custeio anual de R$ 69,5 milhões do Ministério da Saúde. Por isso, a agenda estratégia prevê a expansão dessas unidades nas regiões de maior risco.
Outro ponto para ampliar o atendimento é a parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV). O Ministério da Saúde tornou gratuito a ligação para a instituição que faz o apoio emocional por para prevenção de suicídios. A partir do dia 30/09, além do Rio do Grande do Sul, o 188 ficará disponível sem custo de ligação para mais oito estados: MS, SC, PI, RR, AC, AP, RO e RJ. A expansão beneficiará 21% da população brasileira. Para se ter ideia do impacto da medida, no Rio Grande do Sul, onde já funciona desde setembro, número de atendimento aumento em treze vezes: de 4.500 ligações em setembro de 2015 para 58.800 em agosto deste ano. Além disso, a entidade também presta assistência pessoalmente, via e-mail ou chat. A representante do CVV, Leila Herédia, ressalta a importância da gratuidade das ligações para o aumento dos atendimentos. “O custo das ligações era um fator impeditivo na hora das pessoas procurarem ajuda. No momento de angústia, as pessoas querem ser ouvidas, querem conversar. A medida vai facilitar o acesso da população aos serviços do CVV”, afirmou.
Também está previsto materiais de orientação para ampliar a comunicação social e qualificar a informação aos jornalistas, profissionais de saúde e a população. Por isso, o Ministério lançou um folheto informativo para os jornalistas, com sugestões sobre como abordar o tema. Para a população, foi feito um folder com foco na identificação de sinais de alerta, como o que fazer e o que não fazer diante de uma pessoa com risco de suicídio. Já para profissionais de saúde, foi feito documento sobre a importância da notificação compulsória da tentativa de suicídio em até 24h e que traz informações técnicas sobre acolhimento na rede do SUS. Todos os documentos estão disponíveis para download no Portal da Saúde (www.saude.gov.br).
Já para a Educação Permanente dos profissionais de saúde na prevenção do suicídio, o Ministério da Saúde oferta, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um curso à distância sobre Crise e Urgência em Saúde Mental. Desde 2014, já foram capacitados 1.994 profissionais. A próxima turma, prevista para 2018, capacitará outros 1.500 profissionais da RAPS, com capítulo sobre suicídio. Outra capacitação prevista é a Oficina Nacional de Qualificação das Ações de prevenção suicídio entre povos indígenas, que será realizada em novembro. Também para os índios, ainda nesta ano, haverá a implantação das linhas de cuidados de prevenção do suicídio com capacitações em 16 DSEI prioritários e formação de jovens indígenas multiplicadores em estratégias de valorização da vida nas regiões com maior incidência de suicídio.
Por Victor Maciel, da Agência Saúde
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