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Brasil é um dos países de alta carga de TB com melhores indicadores relacionados à incidência, diz OMS
Relatório aponta notificação de quase 90% de todos os casos no país e indica que a situação epidemiológica da tuberculose drogarresistente (TB-DR) no Brasil é controlada
O Brasil foi reconhecido como um dos poucos países de alta carga de tuberculose com bom desempenho no que diz respeito aos indicadores de incidência, com uma notificação de quase 90% de todos os casos no país. Além disso, também é um dos poucos países que depende inteiramente de recursos domésticos para o controle da tuberculose, o que indica a prioridade do governo para o enfrentamento da doença. Esses são alguns pontos abordados no Relatório Global de Tuberculose, lançado neste mês de outubro pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para a publicação deste ano, focou-se nas metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e da Estratégia pelo Fim da Tuberculose.
Relatório Global de Tuberculose
Sumário Executivo
Perfis dos países
O documento, que revela os dados epidemiológicos da tuberculose no mundo, considerando 201 países e territórios que representam mais de 99% da população mundial e dos casos notificados de tuberculose, indica que a situação epidemiológica da tuberculose drogarresistente (TB-DR) no Brasil é controlada. Segundo a publicação, isso se dá por diversas atividades de controle estabelecidas no país, entre elas a oferta do tratamento exclusivamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados mostram que desde a implantação do Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB), que detecta a resistência à rifampicina no momento do diagnóstico, o Brasil diagnosticou mais de 50% dos casos de TB multidrogarresistente estimados para o país pela OMS.
O relatório indica ainda que a integração de uma agenda multissetorial de pesquisa no Brasil tem sido crucial para o enfrentamento da doença. Um exemplo reconhecido pela OMS é o engajamento entre o Ministério da Saúde, academia, organismos internacionais e agências de financiamento para otimizar a prestação de serviços de TB para as populações mais pobres e vulneráveis do Brasil, alavancando a plataforma nacional de proteção social existente. O documento destaca que ao priorizar medidas de proteção social, o país busca diminuir as barreiras para o acesso ao tratamento completo, diminuindo, portanto, o abandono ao tratamento.
Situação do Brasil
O Brasil figura como um dos países prioritários para o enfrentamento da tuberculose e da coinfecção TB-HIV, de acordo com a OMS. Isso significa que o país está entre os 48 países prioritários para a abordagem da tuberculose, tanto por ser considerado um dos países com maior número de casos da doença no mundo, como também por ser um dos países com maior número de casos de TB-HIV.
Apesar desses países representarem 90% do número de casos de tuberculose no mundo, o Brasil, com seus 87 mil casos estimados, representa menos de 1% dos casos globais.
Apenas três países em desenvolvimentos foram considerados como países com altas taxas de detecção: Brasil, China e a Federação Russa. Dos trinta países de alta carga, apenas cinco foram considerados com alta cobertura dos serviços de tratamento: Brasil, China, Federação Russa, Vietnam e Zimbabué.
Apenas sete dos trinta países de alta carga da doença superaram 90% de cura dos casos de tuberculose. Alguns países ainda precisam avançar, como é o caso do Brasil, que apresentou 71% de cura entre os casos novos.
O relatório revela ainda que, no Brasil, os percentuais de testagem para o HIV seguem elevados. Entretanto, menos de 50% dos casos de TB com HIV positivo iniciaram terapia antirretroviral (TARV) em 2016. Ações, em parceria com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, continuam sendo realizadas para melhorar esse resultado.
Tuberculose drogarresistente
A resistência antimicrobiana tem sido uma prioridade na agenda global de saúde. Estima-se que a tuberculose drogarresistente (TB-DR) seja responsável por um terço das mortes relacionadas à resistência aos antimicrobianos. A TB-DR é uma ameaça para a atenção e prevenção global da tuberculose e continua como um problema de saúde pública em muitos países.
Em 2016, apenas 153.119 casos de TB-DR foram notificados no mundo e desses, apenas 129.689 iniciaram o tratamento. Isso significa que mais de 20 mil casos diagnosticados com algum tipo de resistência não receberam qualquer tipo de tratamento. Além disso, o número de casos que iniciaram o tratamento para a TB-DR em 2016 representa apenas 22% da incidência estimada desses casos.
Pesquisa e inovação para o alcance das metas
A OMS estabeleceu desde 2014, com a aprovação da Estratégia pelo Fim da TB, que sem o desenvolvimento de novas ferramentas e sua incorporação aos sistemas de saúde, não seria possível alcançar as metas para o fim da epidemia global. Isso significa que novos diagnósticos, tratamentos encurtados e uma vacina eficaz são necessários para redução significativa do número de casos de tuberculose no mundo.
Cobertura Universal
Entretanto, os dados lançados indicam que o progresso para acabar com a tuberculose está estagnado. De acordo com o relatório, 10,4 milhões de pessoas adoeceram com tuberculose no ano de 2016, dentre esses casos, cerca de 600 mil apresentaram alguma forma de resistência ao tratamento, e 1,7 milhão de pessoas morreram por conta da doença. Duas em cada cinco pessoas com tuberculose não foram diagnosticadas ou notificadas, o que ilustra o desafio mundial para o alcance das metas estabelecidas para o enfrentamento da doença.
Alcançar as metas da tuberculose acordadas nos ODS e na Estratégia pelo Fim da TB requer ações voltadas para a cobertura de saúde universal e ações multissetoriais para abordar os determinantes sociais e econômicos da tuberculose.
O Brasil serve como estudo de caso para a OMS para as ações em cobertura universal para o tratamento da TB, proteção social e estratégias que abordam os determinantes da doença. Isso porque o Sistema Único de Saúde garante o diagnóstico e tratamento da tuberculose e o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) tem priorizado as discussões sobre proteção social entre suas ações.
Por Nucom SVS
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