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Saúde Indígena
Expedicionários e SESAI parceiros junto aos povos do Alto Rio Negro
As ações dos Expedicionários da Saúde (EDS), que acontece na região indígena de Yauaretê, localidade no norte da Amazônia, na fronteira com a Colômbia, segue até este final de semana com intensa movimentação. A 38ª edição dos Expedicionários da Saúde (EDS), realizada em parceria com a Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI/MS) e Ministério da Defesa, por meio do Exército e Aeronáutica, atendeu até agora mais de 1.800 pessoas, realizando 255 procedimentos cirúrgicos (138 oftalmológicos e 117 cirurgias gerais).
Cerca de 80 trabalhadores do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Negro (DSEI/ARN), 50 voluntários EDS e outros 200 militares atuam em conjunto para assegurar atendimento médico e cirurgias em plena floresta amazônica, em uma das localidades de mais difícil acesso do Brasil.
O Secretário Especial de Saúde Indígena, Marco Antônio Toccolini, que visitou o complexo hospitalar provisório em Yauaretê, destacou a importância da parceria entre sociedade civil organizada e governo federal para a realização da ação. “É uma felicidade saber que uma ação dessa magnitude e com essa estrutura pode ser feita em prol dos povos indígenas do Alto Rio Negro. E isso só é possível com a parceria irrestrita junto ao Exército, Aeronáutica, EDS e, claro, nossas equipes do DSEI”, afirmou Toccolini.
Na ação, a SESAI investe mais de R$ 1,5 milhão em recursos para o transporte logístico e de insumos que dão suporte aos profissionais envolvidos na realização da expedição.
A atuação dos Expedicionários da Saúde integra o plano reestruturante de saúde para os povos do Alto Rio Negro. Em novembro de 2016, quase três mil indígenas da região do rio Içana receberam os cuidados da expedição. Este ano a atividade deve superar estes números, com a expectativa de ultrapassar 300 cirurgias durante uma semana de ação.
TRACOMA/TRIQUÍASE
As equipes do DSEI/ARN realizam desde o ano passado as ações de triagem de pacientes, mas um trabalho mais minucioso junto às equipes EDS também foi feito, uma semana antes da Expedição. Mais de 230 pessoas receberam atendimento em diversas especialidades médicas e odontológicas, na localidade de Pari Cachoeira. Foram identificados 54 pacientes que precisaram ser submetidos a cirurgia, onde três deles passaram pelo procedimento para triquíase.
A coordenadora da ação pela SESAI, Regina Célia de Rezende, destacou que todos os pacientes removidos de Pari Cachoeira para atendimento de média complexidade foram transportados de avião até a localidade de Yauaretê. “O trajeto aéreo teve média de deslocamento de 30 minutos. Mas se essa remoção de pacientes fosse feita por via fluvial, por exemplo, este deslocamento poderia levar até dois dias. Daí vemos a complexidade e importância de melhoria logística para levar saúde indígena a esses povos”, afirmou.
AÇÃO
Médicos EDS, do DSEI e do Exército se somam para a realização de inúmeras ações desde cirurgias a atendimentos clínicos, pediátricos, ginecológicos e odontológicos aos povos indígenas do extremo norte do Amazonas.
A indígena Paulina dos Santos Moura, 62 anos, da etnia Tukano, que mora na comunidade de Caruru do Tiquié, fez cirurgia de catarata. “Espero voltar a enxergar melhor, nunca tinha feito cirurgia alguma. Quero voltar a cozinhar e ter condições melhores para viver o restante dos anos que me restam”, disse. Outro indígena, beneficiado com uma cirurgia de hérnia, o hupda Mauro Pires Dias, 26 anos e pai de três filhos, espera não sentir mais dores “e ficar mais forte para poder trabalhar na roça e ajudar a criar os filhos”.
O coordenador dos Expedicionários da Saúde, o médico Ricardo Ferreira, afirma que toda edição dos Expedicionários é uma satisfação nova. “Queremos exatamente ir ao encontro dos anseios, das necessidades dos indígenas, conseguir com nosso trabalho trazer melhoria de condições de vida plena para estes povos”, destacou.
A ação em Yauaretê segue até sábado (1/4), e uma próxima edição está prevista para o mês de agosto, na região amazônica.
Por Tiago Pegon