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Saúde Indígena
Indígenas isolados é tema de oficina realizada por SESAI e OTCA
Com o objetivo de proteger e respeitar as ações junto às comunidades indígenas em territórios isolados, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), em parceria com a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) deu início nesta semana, em Brasília (DF), a Oficina Regional para Intercâmbio de Informações e Experiências de Proteção em Saúde de Povos Indígenas em Isolamento Voluntário e Contato Inicial (PIACI).
O evento de abertura contou com a presença do secretário da SESAI, Marco Antônio Toccolin; do presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Franklimberg de Freitas; do assessor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Bernardino Vitoy; da Secretária Geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Jaqueline Mendoza; do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDISI) de Altamira (PA), Willian Domingues Xacriabá; além de demais colaboradores destas entidades, estudantes, sertanistas e antropólogos.
O Secretário da SESAI destacou a importância do evento inédito sobre o tema, como uma forma de atenção qualificada para o atendimento dessas comunidades que vivem isoladas. “Esse encontro tem uma importância ímpar no atendimento desses povos. Um espaço que certamente ampliará ideias e debates para a formulação de políticas públicas que beneficiarão e humanizarão o contato inicial, principalmente das equipes de saúde, junto aos indígenas em regiões isoladas”, afirmou.
O objetivo principal do encontro é garantir aos povos indígenas, por meio de ações orientadas pelas diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), o acesso à atenção integral à saúde, contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política de modo a favorecer os fatores que tornam essa população mais vulnerável, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à sua cultura tradicional.
Para o presidente do CONDISI Altamira, o evento tem sua importância na medida em que se habilite profissionais que tenham uma conduta responsável para o atendimento dos povos nestas localidades. “Com esse encontro devemos aprimorar a conduta de profissionais que irão fazer esse contato inicial com nossos ‘parentes,’ que vivem em isolamento. Que o encontro inicial seja respeitoso, pois esses povos vivem de maneira autônoma e têm seus costumes ainda preservados e exigem que sejam compreendidos”, destacou.
Para o assessor da OPAS, “o evento é uma demonstração de respeito aos povos indígenas e se insere nas diretrizes de da Convenção 169”. “A oficina, além do mais, integra os países em região de fronteira com o Brasil, que visa garantir os direitos dessas comunidades acima de qualquer imposição política ou geográfica”, frisou Bernadino Vitoy.
O encontro, que segue até a quarta-feira (17), terá debates para o aprimoramento, prevenção e controle de agravos à saúde, e vai destacar temas como a preparação de equipes e estruturação de planos e sistema de vigilância demográfica e epidemiológica, entre outras ações.
Povos Indígenas em Recente Contato
São considerados de recente contato os povos ou grupos indígenas com pouco contato (permanente ou intermitente) com segmentos da sociedade nacional, ou povos com alto grau de autonomia em relação à sociedade envolvente. Neste caso, tais povos possuem reduzido conhecimento dos códigos e valores da sociedade nacional majoritária.
Do ponto de vista da saúde, para que eles consigam um grau de vulnerabilidade aceitável frente às doenças infectocontagiosas, compatível com o padrão da população majoritária, faz-se necessário a elaboração e implantação de planos de ação específicos, de acordo com a situação epidemiológica e os aspectos culturais, além da qualificação profissional para atuação nesse contexto.
A indígena Daiara Tukano relembra as histórias de seu pai, que vivia na região amazônica, e vivia de forma isolada e teve o contato com um não índio somente aos 12 anos. “Ele viu um homem branco e de barba, se assustou achando que poderia ser um ‘Curupira’. Enxergo esse evento como uma forma de capacitar profissionais para o encontro primário junto a esses povos, devendo ser respeitoso e não gerar má interpretação, sendo de forma voluntária e não inserida a força como décadas atrás”, ressaltou.
Parceria
A presença da FUNAI no evento fortalece e complementa os trabalhos no evento. Segundo o Secretário da SESAI, “a retomada do diálogo entre as entidades e demais parceiros vai promover avanços na prestação de serviços de saúde e outras ações, que não se restringe somente aos povos isolados”.
Para o presidente da FUNAI, Franklimberg de Freitas, os bons resultados obtidos no evento devem ajudar no trabalho de proteção já realizado pela Fundação. “Os debates e soluções oriundas da Oficina deverão subsidiar o Plano de Contenção de Vigilância em Saúde já em implantação pela FUNAI. Dessa forma, iremos ampliar e qualificar a estrutura de proteção a esses povos”, enfatizou.
Veja mais fotos da abertura do evento.
Por Tiago Pegon
Fotos: Luís Oliveira