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Saúde Indígena
DSEI Alto Rio Solimões apresenta redução da mortalidade infantil
O Distrito Sanitário de Saúde Indígena (DSEI) Alto Rio Solimões, em Tabatinga (AM), conseguiu no ano passado, ainda no primeiro semestre, reduzir em 45% o número de óbitos absolutos em crianças de até um ano, em comparação com o mesmo período de 2015. A melhoria dos índices se deve pela ampliação de ações, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde, para a redução da morte de bebês e crianças indígenas de até 5 anos. Segundo o coordenador distrital, Weydson Pereira, o trabalho para a redução da mortalidade infantil dentro das comunidades indígenas do Alto Solimões se deu também, principalmente, por conta de capacitação dos profissionais de saúde para as mães nas aldeias e boa cobertura vacinal. “Essa redução aconteceu justamente pelo trabalho desenvolvido pela SESAI dentro dos DSEIs , com a capacitação dos profissionais, com a inclusão de médicos do Programa Mais Médicos, a intensificação das visitas domiciliares (principalmente nas consultas de pré-natal), um acompanhamento próximo da saúde das crianças, onde as equipes observaram seu crescimento e desenvolvimento junto à comunidade, e claro, a capacitação específica dos profissionais na estratégia AIDPI (Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância). Hoje o DSEI Alto Rio Solimões tem 85 profissionais capacitados”, destacou. Um investimento de R$ 117 mil, em 2016, possibilitou boa cobertura vacinal e a aquisição de 11 câmaras de conservação nas salas de vacina existentes em todos os polos base. Com isso, as equipes de saúde também conseguiram ampliar o atendimento de pré-natal e puerpério. O DSEI Alto Rio Solimões atende a segunda maior população indígena do país, com mais de 65 mil pessoas espalhadas em 225 comunidades na calha do Alto Solimões. Com 12 polos base, o DSEI atende cerca de 10 mil crianças de até cinco anos.
Ações
Em novembro do ano passado o Ministério da Saúde lançou uma série de ações para reduzir em 20% mortes de bebês e crianças indígenas com até cinco anos de idade. A meta deve ser atingida em 2019. Objetivo é fortalecer e ampliar a assistência impactando nos óbitos evitáveis, causados, por exemplo, por doenças respiratórias, parasitárias e nutricionais. Isso porque, ao contrário do que acontece no restante do país, metade das mortes de bebês indígenas acontece após o primeiro mês de vida. As ações têm cinco metas principais: garantir que 85% das crianças menores de cinco anos tenham esquema vacinal completo; ampliar para 90% as gestantes com acesso ao pré-natal; implementar as consultas de crescimento e desenvolvimento para crianças indígenas menores de 1 ano, chegando a 70%; ampliar para 90% o acompanhamento pela vigilância alimentar e nutricional as crianças indígenas menores de 5 anos e investigar, ao menos, 80% dos óbitos materno-infantil fetal. Apesar de nos últimos 15 anos o índice de mortalidade infantil indígena registrar queda de 58% - em 2000 era 74,61 mortes por mil nascidos vivos e atualmente é 31,28 – a mortalidade ainda é quase três vezes maior do que a média nacional, de 13,8 óbitos a cada mil nascidos vivos.
Acompanhamento
Para o maior acompanhamento de gestantes e crianças, a pasta vai elaborar protocolos de atenção à saúde integral da criança indígena; adaptar e ofertar a caderneta de Saúde da Criança; elaborar metodologia para distribuição dos kits de Crescimento e Desenvolvimento Infantil (suplementos, medicamentos e equipamentos de monitoramento nutricional); promover o estímulo à amamentação; elaborar “Guia Alimentar dos povos Indígenas Brasileiros” e estruturar rede de frios nos DSEI prioritários (armazenamento das vacinas e outros insumos). Ainda com foco no reforço da assistência, o Ministério da Saúde vai incentivar o aumento de consultas de retorno e/ou visitas domiciliares para acompanhamento da criança doente; articular a rede de saúde para o atendimento em média e alta complexidade; capacitar profissionais para aprimorar os trabalhos nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas; implantar e implementar a triagem neonatal com enfoque no teste no pezinho e ampliar a imunização indígena. O Ministério da Saúde vai estimular a utilização de tecnologia e pesquisa para qualificar a assistência indígena. Para isso, vai capacitar profissionais de saúde e comunidade indígena na identificação das doenças mais prevalentes na infância com apoio do Instituto Materno-Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP), em Recife/PE – AIDPI; implantar o telessaúde nos Pólo Base prioritários e realizar conferências regionais, cursos à distância de cuidado integral e interculturalidade. Ainda tem medidas para qualificar os dados sobre nascimento, óbitos, imunização e de segurança alimentar e nutricional em crianças menores de 05 anos e discutir critérios e parâmetros para a integração com outros benefícios sociais, como Bolsa Família e Assistência Social.
Recursos
O orçamento da saúde indígena, nos últimos cinco anos, cresceu 221%, passando de R$ 431 milhões em 2011 para R$ 1,4 bilhão neste ano. Atualmente, existe no país 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas que contam com 510 médicos, sendo que 65% são do Programa Mais Médicos. Para o atendimento direito aos diversos povos e etnias, são 1.286 UBSI (unidade básica de saúde de indígena), 354 Polos Bases (unidade de referência) e 68 CASAI (tratamento e acompanhamento). Ao todo, são 22 mil trabalhadores em saúde, sendo 50% indígenas. Em 2015, mais de 99 mil crianças foram vacinadas, 78,9% das crianças indígenas menores de sete anos. Em 2014, mais de 62 mil crianças de até cinco anos (67,9%) receberam acompanhamento nutricional. Em 2013, 80% das gestantes passaram pelo pré-natal.