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Saúde Indígena
SESAI amplia ações de saúde indígena com reestruturação do DSEI Alto Rio Negro
Enfrentando desafios e com o compromisso de levar a Saúde Indígena a uma das regiões mais isoladas do país, profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Negro (DSEI ARN), com sede no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), realizaram neste mês de agosto várias ações que ampliaram ainda mais a assistência de atenção básica a mais de 26 mil indígenas da região.
O Distrito abrange um território equivalente ao do Estado de São Paulo e os indígenas, de 23 etnias diferentes, vivem em aldeias espalhadas por cinco calhas de rio, daí o esforço das equipes de saúde da Secretaria Especial de Saúde Indígena para percorrer todas as localidades.
Mutirão de cirurgia do colo do útero
Em uma iniciativa inédita, médicos voluntários que atuam junto aos Expedicionários da Saúde (EDS) realizaram, entre os dias 9 e 12, um mutirão de atendimentos ginecológicos no hospital de Guarnição do Exército, em São Gabriel da Cachoeira (AM). A ação possibilitou que 65 mulheres, residentes em comunidades afastadas do município, recebessem avaliação ginecológica, com encaminhamento imediato para as Cirurgias de Alta Frequência (CAF) em 16 delas. O procedimento é uma intervenção cirúrgica que demora em média 30 minutos, e que ajuda a diminuir em até 100% as chances de desenvolvimento do câncer de colo do útero.
Intervenções oftalmológicas (triquíase)
Entre os dias 20 e 27 de agosto, médicos e equipes de saúde do DSEI ARN realizam 53 procedimentos cirúrgicos para pacientes que foram diagnosticados com triquíase. Na ocasião, a equipe realiza visita técnica a localidades indígenas para avaliar cerca de 30 pacientes que já receberam cirurgias em ação dos EDS, no ano passado, e verificar a possibilidade de nova intervenção oftalmológica em virtude do diagnóstico da doença.
Reestruturação da infraestrutura
A SESAI também deve continuar em breve a reforma e melhoria da Casa de Saúde Indígena (CASAI) de São Gabriel da Cachoeira e dos polos base e Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSIs) em diversas aldeias, como em Taracuá, Tucumã, Canadá, São José 2, Anchieta, Mercês, Arurá, Camanaus, Ilha das Flores, Balaio, São Joaquim, Querari e Jandiá.
A Secretaria também tem trabalhado na perfuração e manutenção de poços artesianos em algumas aldeias. Já no tocante aos estabelecimentos, a Sede do Distrito já conta com novas instalações para melhoria das condições de trabalho. Está prevista para acontecer até 2018, uma nova parceria com o Exército Brasileiro para ofertar água potável à população indígena, com a criação de 405 sistemas de captação de água de chuva individuais. Também está prevista para o final do ano, a conclusão do georreferenciamento nas 690 aldeias de abrangência do DSEI. Em 2017, 355 foram georreferenciadas.
Saúde da Criança/NutriSUS
No tocante à saúde da criança indígena, o DSEI tem ampliado as atuações das equipes de saúde nas comunidades, implantando a estratégia de fortificação da alimentação infantil com micronutrientes em pó (NutriSUS). A ação, que envolve, além da utilização do composto nutricional, a capacitação de equipes para acompanhamento da alimentação infantil, vai beneficiar quase 300 crianças da região com idade inferior a 5 anos.
Saúde bucal indígena
Equipes entraram em área 21 vezes, enquanto foram 33 inserções de equipes nas comunidades, no mesmo período deste ano. As ações de escovação atenderam 6.533 indígenas durante todo o ano de 2016. Até junho deste ano, já foram realizadas ações de escovação com 6.877 pessoas. Os tratamentos odontológicos concluídos somaram 1.035 no primeiro semestre do ano passado (total de 2.278 no ano). Neste primeiro período do ano, já foram finalizados 1.566 (previsão de 4.367 até o fim do ano). Além disso, os valores de recursos para os insumos odontológicos neste ano serão ampliados em mais de 60%, em comparação a 2016.
No atendimento de saúde bucal nos 25 polos base da região do Alto Rio Negro houve aumento significativo das ações, em um comparativo feito entre 2016 e 2017. No primeiro semestre de 2016, as
Remoção e resgate
O DSEI ARN montou uma equipe exclusiva para os atendimentos emergenciais e de resgate em localidades indígenas. A equipe é formada por enfermeiros, técnicos de enfermagem e um tradutor indígena, que ficam disponíveis 24 horas por dia para orientações e atendimento via radiofonia, de forma a viabilizar (ou não) a remoção do paciente. A formatação da equipe ajuda a diminuir o número de resgates (seja aéreo, fluvial ou terrestre), gerando economia e qualificação no atendimento emergencial. No primeiro semestre de 2016, foram realizadas 227 remoções (no ano foram 372). No mesmo período deste ano, houve uma redução de 5%, somando-se 217 resgates.
Combate à malária
Ações intensivas das equipes de endemias do DSEI junto às comunidades para eliminação dos focos de vetores da doença estabilizaram o surgimento de novos casos. As equipes se deslocam continuamente até as comunidades mais distantes para a realização do inquérito epidemiológico, que pode identificar de maneira precoce a doença e, com isso, cessar o ciclo de transmissão.
Nas periferias da cidade, onde se concentram moradias indígenas, equipes de endemias do DSEI realizam roçagem e aplicação do “fumacê” (termonebulização) e borrifação de inseticida nos domicílios. Além disso, as equipes, lideranças e agentes de saúde indígena atuam conjuntamente para orientação da população visando à diminuição da incidência de novos casos. O trabalho já se reflete no número de casos este ano – uma redução de quase 6% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
Além do trabalho desempenhado, a atuação das equipes conta com a parceria de outros órgãos governamentais, associações indígenas e da sociedade civil que atuam no Alto Rio Negro. O Ministério da Defesa é parceiro para auxílio logístico na região. A atuação solidária da entidade Expedicionários da Saúde ajudou a diminuir o sofrimento de mais de 800 indígenas que necessitavam de procedimentos cirúrgicos e clínicos, além de atender (com consultas e exames) quase 6 mil pacientes, durante duas ações na região. A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) e a prefeitura de São Gabriel da Cachoeira também ajudaram, ampliando o diálogo com a comunidade e reunindo esforços para que a SESAI, por meio do DSEI ARN, pudesse desempenhar seu papel de acordo com as diretrizes do SasiSUS e respeitando a interculturalidade existente entres os povos.
Vejam as fotos que demonstram o trabalho realizado no DSEI ARN.
Por Tiago Pegon
Fotos: Alejandro Zambrana