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Saúde Indígena
DSEI Pernambuco realiza troca de saberes entre parteiras Indígenas
O Distrito Sanitário Especial Indígena Pernambuco (DSEI/PE), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, Grupo Curumim e Instituto Nômades, encerrou, na última sexta-feira (18), a I Oficina de Troca de Saberes das Parteiras Tradicionais Indígenas de Pernambuco. O encontro foi realizado na cidade de Belo Jardim e reuniu 27 parteiras indígenas das diversas etnias existentes no estado. O evento contou com a participação do diretor de Atenção à Saúde Indígena (DASI/SESAI), Ércio Lins.
O objetivo da oficina foi estimular a troca de saberes entre as parteiras, bem como aproximar os conhecimentos tradicionais das técnicas de saúde previstas pela medicina convencional, abordando, inclusive, práticas de reanimação em recém-nascidos em risco.
“Durante a oficina, ficou evidente, em depoimentos colhidos, que a busca pelas práticas tradicionais e por conselhos advindos das parteiras indígenas é comum em algumas aldeias, sendo realizada por escolha da própria gestante/família ou por necessidade, uma vez que a população encontra dificuldade no deslocamento entre a aldeia e as unidades de saúde existentes nos centros urbanos”, explica o coordenador do DSEI PE, Antônio Fernando da Silva, reconhecendo, no entanto que a maioria das gestantes ainda busca os serviços hospitalares, “o que causa um sentimento de tristeza e falta de reconhecimento das parteiras indígenas”.
“As pessoas já não valorizam o trabalho que as parteiras realizam nas aldeias. É preciso valorizar e apoiar o parto tradicional indígena”, lamenta a parteira Alizândra Xucuru. Maria das Dores, mais conhecida como Dora, parteira e grande liderança do povo Pankararu, também pediu mais reconhecimento para o trabalho realizado pelas parteiras. Lembrou que a atividade deve ser concebida como fundamental para o ato de “cuidar” das famílias indígenas. “Para nós, é mais que uma profissão, é um dom concedido pela força encantada de fazer o bem às pessoas”, exaltou Dora.
De acordo com a instrutora do instituto Nômades, Julia Amorim, o reconhecimento do trabalho realizado pelas parteiras é uma etapa imprescindível, tendo em vista a necessidade de interlocução e fortalecimento da política de saúde com os saberes tradicionais indígenas. Segundo ela, já foi solicitado reconhecimento do trabalho de Dora como patrimônio vivo cultural no Estado de Pernambuco.
Oficina
Entre os principais conteúdos apresentados durante a oficina, foram abordados: noções de assistência obstétrica e perinatal; conhecimentos sobre anatomia e fisiologia do sistema reprodutivo; acompanhamento da gravidez, abortamento, reconhecimento da mulher e do bebê de risco; importância do pré-natal, amamentação e exames que a parteira pode fazer em casa.
Também foram promovidos momentos de rodas de conversa e dinâmicas dos movimentos corporais voltados para facilitação do trabalho de parto. Entre as participantes, a atividade oportunizou a troca de experiências e relatos que apresentaram grande riqueza de detalhes.
Ao final do evento, o diretor de Atenção da SESAI, Ércio Lins, e o coordenador do DSEI PE, Antonio Fernando da Silva, entregaram kits de trabalho para as parteiras indígenas. Neste momento, as parteiras tiveram a oportunidade de solicitar mais atenção ao trabalho realizado por elas e expor seus pontos de vista acerca da política de saúde voltada para a medicina tradicional.
Por Felipe Nabuco, com informações do DSEI Pernambuco
Fotos: DSEI/PE