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Saúde Indígena
Recorde de cirurgias durante Expedição amplia rede de atenção à saúde indígena
A 38ª Expedição de Saúde realizada no Alto Rio Negro, entre os dias 19/3 a 1/4, nas comunidades de Yauaretê e Pari Cachoeira, no extremo norte do país, novamente bateu recorde em atendimentos. Nessa nova edição foram realizados um total de 364 cirurgias, 2.963 consultas e 5.455 exames e procedimentos. Mais da metade dos indígenas que vivem nas calhas dos rios Walpés e Tiquié, pertencentes às etnias Tukano, Dessano, Tariano, Pira-tapuia, Tuiuca, Hupda, entre outros receberam atendimentos clínicos, cirúrgicos e odontológicos no complexo hospitalar foi montado em Yauaretê, área pertencente ao município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Uma estratégia logística montada para essa expedição possibilitou que os indígenas da região conseguissem se deslocar para atendimento com maior agilidade. A ação foi coordenada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) em parceria com o Exército Brasileiro, Aeronáutica e os Expedicionários da Saúde.
“Aviões, helicópteros e barcos foram usados para deslocarem os indígenas de suas comunidades até o complexo hospitalar em Yauaretê (onde se concentraram as cirurgias), o que possibilitou um rápido e eficaz atendimento, resultando no aumento de pessoas assistidas”, destacou Regina Célia de Rezende, coordenadora da ação pela SESAI. Um desses pacientes beneficiados na ação de Yauaretê foi o pequeno Crisley Lopes, de 3 anos, da etnia Tuiuca. Já se via logo uma criança esperta e brincalhona, mas que tinha um pequeno desvio na pálpebra que dificultava a maneira de olhar, sempre tinha que erguer a cabeça para enxergar melhor. “O médico informou que essa pequena má formação é por ele ter tido as células das pálpebras de maneira prematura, por isso optamos pela cirurgia. Depois do procedimento ele já não vai mais precisar olhar com o pescoço levantado, o que poderia ocasionar problemas na coluna futuramente”, explicou o pai de Crisley, Cristiano Dias Lopes. A atuação dos Expedicionários da Saúde integra o plano reestruturante de saúde para os povos do Alto Rio Negro. Em novembro de 2016, quase três mil indígenas da região do rio Içana receberam os cuidados da expedição, somando 312 procedimentos cirúrgicos.
Tracoma/Triquíase – As equipes do DSEI/ARN realizaram desde o ano passado as ações de triagem de pacientes, mas um trabalho mais minucioso junto às equipes EDS também foi feito, uma semana antes da Expedição. Foram identificados 54 pacientes que precisaram ser submetidos a cirurgia, onde três deles passaram pelo procedimento para triquíase. Mais de 230 pessoas receberam atendimento em diversas especialidades médicas e odontológicas, na localidade de Pari Cachoeira.
Atenção Primária – Pela primeira vez durante uma ação dos Expedicionários da Saúde, a SESAI, por meio dos trabalhadores do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Negro (DSEI/ARN), realizaram atividades de atenção básica. Centenas de pessoas foram imunizadas e fizeram exames e testes rápidos para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), busca ativa para malária e mutirão de escovação. Além disso, houve palestras e ações da área psicossocial com temas como enfrentamento do abuso sexual a crianças e adolescentes, consumo abusivo de álcool, violência e outros assuntos. Para a psicóloga do DSEI/ARN, Evelyn Albuquerque, “esta primeira atividade de atenção primária durante uma Expedição pôde se aproveitar a logística e o quantitativo de pessoas presentes, de outras regiões inclusive, para trabalhar as ações de educação e prevenção a saúde preconizadas pelo Subsistema de Saúde Indígena (SasiSUS)”.
Por Tiago Pegon
Fotos: Luís Oliveira