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Saúde Indígena
Depressão na população indígena é tema de palestra em evento promovido pela Opas
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) promoveu nesta segunda-feira (3) um momento de reflexão em alusão ao Dia Mundial da Saúde. Um grande debate sobre o tema da depressão reuniu acadêmicos, estudantes e profissionais de diversas áreas da saúde no auditório da instituição, em Brasília-DF. Entre as diferentes mesas que compuseram as discussões, chamou atenção a apresentação da psicóloga Oraide Siqueira, que é indígena e durante os últimos seis anos esteve à frente do Programa de Assistência Psicossocial do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Médio Rio Solimões e Afluentes.
Ao tratar do tema, Oraide Siqueira apresentou o perfil da assistência, os principais fatores socioculturais que estão envolvidos e demonstrou de que forma o trabalho realizado pelo DSEI conseguiu diminuir os agravos relacionados à doença entre os 30 pacientes indígenas acompanhados durante o ano de 2016.
“Hoje, a influência da TV, com a chegada da energia elétrica, associada à entrada de álcool e outras drogas nas aldeias, tem provocado uma total desintegração de valores para essas comunidades. Os caciques e os pajés já não conseguem sequer reunir as pessoas para discutir temas que são de interesse de todos”, frisa Oraide.
De acordo com ela, entre os principais fatores ligados à depressão entre as seis etnias acompanhadas ao longo de 2016 estão os conflitos conjugais, muitas vezes potencializados pelo consumo de álcool e outras drogas; as questões socioculturais como a violência, o desemprego, o preconceito e a discriminação; bem como perspectivas indígenas, a exemplo de feitiços e espíritos.
Matriciamento
Entre as medidas adotadas pelo DSEI para acompanhar a atenção dos 30 pacientes indígenas está o matriciamento das ações realizadas pelas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI). Trata-se de uma metodologia de atuação que é embasada no compartilhamento de ações para uma intervenção transdisciplinar, com trocas de saberes entre os profissionais envolvidos, visando ampliar o olhar sobre determinada situação e, assim, dar melhor direcionamento às ações.
“Nós construímos um modelo de atenção que contou com a participação de todos da comunidade. Procuramos envolver as lideranças indígenas, caciques e pajés, porque somente com envolvimento de todos podemos chegar a um projeto que produza resultados para estes pacientes indígenas”, destacou a psicóloga.
O DSEI Médio Rio Solimões e Afluentes está localizado no município de Tefé (AM). É responsável pela cobertura assistencial de 181 aldeias, de 17 etnias, que estão distribuídas em 14 municípios. Atualmente, há cerca de 24 mil indígenas aldeados na região.
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Foto: Alejandro Zambrana/Sesai.