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Saúde Indígena
Alto Rio Negro recebe a 36ª Expedição da Saúde
A região de Assunção do Içana, em São Gabriel da Cachoeira (AM), no extremo norte do país vai ser a sede da 36ª Expedição da Saúde, realizado conjuntamente pela Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI/MS), Ministério da Defesa, Expedicionários da Saúde (EDS) e Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
O mutirão de cirurgias realizado pela a ação, entre os dias 8 a 26/11, terá novidades, com duas expedições simultâneas. Profissionais médicos farão cirurgias, também, para o tratamento inédito de tracoma/triquíase, na região de Iauareté, localizado às margens do Rio Negro. Na região de Assunção do Içana, os tratamentos terão foco nas cataratas, hérnias e atendimento clínico especializado como pediatria e ginecologia.
A previsão é realizar cerca de 300 cirurgias e mais 2,5 mil atendimentos especializados, incluindo as ações de tracoma/triquíase. Para realizar os atendimentos, será montada uma estrutura física no meio da floresta amazônica, que conta com centro cirúrgico e espaço para a realização de exames de ultrassonografia. O mutirão conta com voluntariado de equipes logísticas e de saúde e com os investimentos feitos pelo Governo Federal e outros apoiadores. Também participam da iniciativa, indígenas das comunidades existentes na região por meio de seus caciques, tuxauas e outros trabalhadores do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Negro. Segundo a diretora de atenção à saúde da SESAI/MS, Regina Rezende, a atuação dos profissionais nas ações da Expedição vão ampliar o acesso à saúde de qualidade das populações indígenas do Alto Rio Negro. “A parceria entre Expedicionários, Exército e SESAI durante alguns anos do programa reflete a importância de ações de média e alta complexidade em locais que nunca se imaginou, e com o ineditismo das cirurgias de tracoma/triquíase teremos a oportunidade de extinguir essa doença que acomete alguns povos indígenas dessa região, de tão difícil acesso”, destacou. Outro desafio dessa atividade é a logística para as instalações necessárias. Para a coordenadora do EDS, Márcia Abdala, o reconhecimento das localidades e ajustes de infraestrutura são fundamentais. “Para que essa complexa logística aconteça, a equipe de voluntários EDS já deram início às viagens precursoras para Planejamento da logística e Capacitação dos profissionais responsáveis pela saúde local. Foram dias intensos onde as equipes se revezaram para visitar as aldeias e escolher o melhor local para instalações do Complexo Hospitalar e acerto de ações junto as lideranças indígenas e de pactuações com os Ministérios Saúde e Defesa. Cada um fazendo sua parte o sucesso da expedição é inevitável”, lembrou.
Apoio Logístico
Um dos maiores desafios das ações dos Expedicionários da Saúde é o transporte das dezenas de toneladas de equipamentos usados para as instalações médicas. O apoio logístico do Exército é fundamental durante todo o processo. Segundo o comandante da 2º Brigada de Infantaria de Selva (BIS), General Fernando Bandeira, o Exército Brasileiro não poderia deixar de participar ativamente desta ação, que segundo ele é de extrema relevância social. “O nosso apoio será irrestrito e no que precisar, desde o transporte de material, pacientes e segurança para garantir a atenção básica de saúde para todos dessa região de tão difícil acesso”, afirmou.
Ação Humanitária
Em 35 edições, desde 2004, as equipes dos Expedicionários da Saúde já realizaram mais de seis mil cirurgias e mais de 35 mil atendimentos especializados. A área coberta pelas ações dos voluntários é equivalente ao território da França, sendo a grande maioria de terras indígenas demarcadas.
Fortalecimento
Durante a visita das equipes da SESAI/MS para os preparativos da Expedição, lideranças indígenas e trabalhadores das equipes de saúde do DSEI/ARN se reuniram para informar sobre as ações e fortalecimento da saúde indígena na região, onde foi apresentado o Plano Emergencial de Reestruturação da Saúde Indígena
Para o diretor da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), Marivelton Barroso, a presença dos técnicos da SESAI é importante para dar transparência no trabalho de atendimento aos indígenas. “A presença da SESAI aqui na região demonstra o compromisso de reestruturação do DSEI, o que com certeza vai melhorar o diálogo e articulações entre todas as ações a serem tomadas para benefício da saúde dos nossos povos”, ressaltou.
A diretora de atenção à saúde da SESAI/MS, Regina Rezende destacou que é dever dos trabalhadores da saúde ser transparente nas ações e dialogar com a comunidade. “A busca de parceria com lideranças e ampliar o diálogo entre agentes da União, como o Exército e a prefeitura, é dessa forma que aumentamos e qualificamos as ações de saúde”, lembrou.
Por Tiago Pegon