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Saúde Indígena
SESAI recebe visita de Relatora Especial sobre Direitos dos Povos Indígenas da ONU
O secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Souza, e a Relatora Especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, estiveram reunidos na manhã desta segunda-feira (7) para tratar de temas referentes à saúde e condições de vida dos povos indígenas do Brasil. Em visita oficial ao país até o próximo dia 16, a relatora tem agenda confirmada de encontros com autoridades dos três Poderes, além de visitas a Terras Indígenas (TI) do Mato Grosso do Sul, Bahia e Pará. Entre os principais objetivos da visita da executiva da ONU ao Brasil está o de conhecer situações sensíveis relacionadas a casos de violência e conflitos com povos indígenas, especialmente fundiários. Durante as visitas às Terras Indígenas, a relatora também pretende identificar boas práticas para apresentar propostas e encaminhamentos construtivos ao governo brasileiro. Além de visitas às TI, a delegação também pretende conhecer áreas agrícolas e grandes projetos de infraestrutura na região. Durante a audiência com o secretário Antônio Alves, Victoria Tauli-Corpuz conheceu como funciona a organização dos serviços de saúde voltados para população indígena brasileira. Esclareceu dúvidas sobre como é realizada a integração da medicina ocidental às práticas tradicionais dos pajés e manifestou preocupação com temas como poluição, violência e o trabalho de cooperação realizado na região de fronteira com outros países.
“O trabalho realizado na fronteira ainda é um grande desafio, porque em alguns países não encontramos a organização dos serviços de saúde voltados para população indígena como temos no Brasil. A eliminação da Oncocercose entre os Yanomamis é um exemplo disso. Como não há esta vigilância por parte do governo da Venezuela, os Yanomamis circulam livremente de um país para o outro e este controle da doença fica difícil de ser realizado”, explica Antônio Alves. Alves também destacou a transformação porque vem passando a Saúde Indígena, há dois anos, com a implementação do Programa Mais Médicos. “Hoje, graças ao funcionamento do Programa, contamos com 540 médicos atuando diretamente em áreas indígenas. Deste total, 340 são médicos do programa, em sua grande maioria intercambistas cubanos”.
Ao destacar a situação em que vivem as comunidades indígenas do Brasil, Alves defendeu a necessidade de implementação de políticas públicas integradas, que possibilitem o enfrentamento das condicionantes sociais que interferem diretamente na saúde e na condição de vida dos povos indígenas. “Precisamos de ações que envolvam diferentes áreas de atuação, numa perspectiva sustentável”. Participaram também da reunião a chefe de Gabinete da SESAI, Carmem Pankararu; a assessora para o Controle Social da SESAI, Bianca Moura; os representantes da assessora da ONU Hee-Kyong Yoo, Cathal Doyle e Erika Yamada; a assessora Internacional da Funai, Carolina Santana; o assessor do Ministério de Relações Exteriores, Marco Tulio Cabaral; e a chefe da Assessoria Internacional do Ministério da Saúde, Juliana Vallini.
Por Felipe Nabuco
Fotos: Alejandro Zambrana SESAI/MS