Notícias
Saúde Indígena
Secretário e lideranças Yanomamis discutem impactos de garimpos ilegais na saúde indígena
Lideranças indígenas Yanomamis estiverem reunidas com o secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Souza, nesta terça-feira (8), para apresentar o resultado de um estudo encabeçado pela FioCruz, que comprova diferentes níveis de contaminação por mercúrio em indígenas. A pesquisa foi realizada em campo entre os meses de novembro e dezembro de 2014 e contou com a parceria do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), Hutukara Associação Yanomami e Associação dos Povos Indígenas Yekuana.
De acordo com o estudo, o grande número de garimpos ilegais existentes nas Terras Indígenas Yanomami, no oeste do estado de Roraima (RR), tem provocado a contaminação por mercúrio de rios que banham dezenas de comunidades indígenas existentes na região. “Como consequência disso, encontramos diferentes níveis de contaminação em diferentes comunidades. Aquelas situadas mais próximas aos garimpos ilegais manifestaram as taxas mais preocupantes”, explica uma das pesquisadoras do projeto, Claudia Veja.
Além do contato direto com água, uma das principais formas de contaminação por mercúrio entre os indígenas está no consumo de peixes já contaminados. “Por se tratar de populações que consomem peixe diariamente, a necessidade de se realizar um monitoramento de possíveis alterações na saúde da população é necessária”, complementa a pesquisadora.
O secretário Antônio Alves manifestou preocupação com a situação e propôs a parceria da Secretaria Especial de Saúde Indígena em duas frentes de atuação. “Precisamos, por um lado, articular uma ação conjunta interministerial para acabar de vez com os garimpos ilegais em terras indígenas, sob a justificativa de um problema de saúde pública. Por outro, vamos mapear as áreas contaminadas para saber que tipos de agravos requerem intervenção imediata da Sesai”, disse Antônio Alves.
No que diz respeito aos agravos provocados pelo mercúrio, ainda não há registros de estudos que atestem os efeitos na saúde. A proposta dos pesquisadores é levar o estudo para outras regiões indígenas onde existem garimpos ilegais. “Até o mês de agosto, deveremos lançar um mapa com a localização dos pontos de garimpos nas terras Yanomamis”, disse o antropólogo do ISA, Marcos Oliveira.
Fotos: Alejandro Zambrana SESAI/MS