Notícias
Saúde Indígena
DSEI Altamira promove ações para conter surto de gripe
O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Altamira vem promovendo um conjunto de ações estratégicas que tem possibilitado conter e prevenir novos casos relacionados a síndromes gripais em áreas indígenas. Desde o dia 19 de abril, data em que as equipes de saúde constataram um aumento significativo de casos narrados de gripe em aldeias indígenas, a coordenação do DSEI vem trabalhando intensamente para garantir a presença constante de equipes de saúde em área, organização logística para remoções de pacientes graves e articulando, com Estado e município, leitos de retaguarda para assistência a pacientes indígenas em estado grave. “Todo este trabalho articulado só vem sendo possível graças à organização assistencial do DSEI Altamira. O trabalho de monitoramento semanal realizado pelas equipes de saúde do DSEI possibilitou a identificação rápida do aumento de casos nas aldeias, o que levou o DSEI a agir com celeridade”, explica a enfermeira Maria de Lourdes, que integra a equipe da Diretoria de Atenção à Saúde da SESAI. De acordo com ela, com esta rápida constatação, o DSEI pôde acionar o Ministério da Saúde, que prontamente encaminhou ao município uma equipe da Secretaria de Vigilância em Saúde (EpiSUS/SVS) para realizar a investigação epidemiológica de todos os casos suspeitos. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) também enviou técnicos para acompanhar a elaboração de estratégias de enfrentamento e execução de protocolos de atendimento nas aldeias. “Assim que constatamos esta ampliação de casos, a primeira medida foi colocar todas as equipes de saúde em área e realizar a aplicação de antivirais nas 44 aldeias. Como se trata de uma situação de surto, avaliamos a necessidade de envolver outros órgãos como o Ministério Público Federal, as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, bem como a Fundação Nacional do Índio (Funai) para que fossem elaboradas estratégias intersetoriais de enfrentamento”, explica o coordenador do DSEI Altamira, Lindomar Carneiro. Ele lembra que embora se trate de um distrito que possui umas das mais complexas estruturas logísticas de acesso às aldeias, o DSEI Altamira está entre os que registraram as melhores coberturas vacinais para Influenza nos últimos anos, com percentuais de 90% e 97%, para 2015 e 2016, respectivamente. Ainda assim, neste ano de 2016, num período sazonal já aguardado de surgimento de casos da doença, as equipes de saúde foram surpreendidas com um aumento significativo, gerado, numa primeira avaliação, pela aglomeração de centenas de indígenas que se deslocaram ao município para participar das comemorações alusivas à semana do índio.
Investigação Epidemiológica
De janeiro a maio deste ano, o DSEI monitorou 2.242 casos suspeitos de síndrome respiratória em aldeias indígenas da região. Com a chegada da equipe do EpiSUS a Altamira, todos os casos passaram por uma investigação nominal, onde foram aplicados os critérios previstos em protocolos. Com esta nova investigação, a equipe do EpiSUS/SVS descartou 1.422 casos, sendo os outros 820 notificados como Síndrome Gripal. Destes, apenas 26 (1,6%) precisaram de internações, por se tratarem de Síndrome Respiratória Aguda. A investigação constatou ainda que cerca de 50% dos casos notificados foram em crianças menores de dois anos. Neste mesmo período foram registrados seis óbitos em crianças que estavam internadas em leitos hospitalares.
Plano de Enfrentamento
A elaboração do Plano de Enfrentamento previu a organização das ações de acordo com seis eixos estratégicos de atuação: Vigilância Epidemiológica, Imunização, Atenção básica nas aldeias, Assistência Hospitalar de média e alta complexidades e comunicação social. Para isso, foram envolvidos além do DSEI Altamira/SESAI, as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, responsáveis pela gestão da média e alta complexidades; a Funai; o Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi); e a Eletro Norte, empresa que executa o plano de mitigação em área indígena, referente aos impactos causados pelas obras da Hidroelétrica de Belo Monte. “O Plano consiste, entre outras coisas, em elaborar estratégias que permitam conter o avanço da doença, com a aplicação dos protocolos previstos de atendimento; garantir prevenção, por meio da imunização e do trabalho de campo das equipes de saúde; garantir suporte logístico para remoções de pacientes em estado grave das aldeias; e leitos de retaguarda nos hospitais do estado e do município para que acolham os pacientes removidos”, explica Lindomar Carneiro. Ele reforça que neste momento os casos de gripe estão controlados. “Basta constatarmos a diminuição de encaminhamentos que temos notado para Casai. Há duas semanas atrás, a ocupação estava muito maior. Estamos conseguindo resolver a grande maioria dos casos suspeitos na própria aldeia”.