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Saúde Indígena
DSEI Bahia inicia processo de qualificação das ações
A execução de um projeto inovador tem transformado a gestão da Saúde Indígena no estado da Bahia. Por meio da estratégia de Matriciamento dos Polos Base de Saúde, iniciado há pouco mais de três meses, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Bahia tem construído espaços coletivos que possibilitam a participação dos trabalhadores na gestão e a organização dos seus processos de trabalho. Até o final deste mês de junho, todos os seis Polos Base de Saúde gerenciados pelo DSEI terão passado pelo processo de matriciamento. De acordo com o coordenador do DSEI, Jerry Matalauê, o objetivo da ação visa efetivar as estratégias de fortalecimento da Atenção Básica, perseguindo os princípios da territorialidade, do planejamento estratégico situacional, da intersetorialidade e da cidadania. “Compartilhando experiências e modos de organização do trabalho, pôde-se abrir espaço para análise de alguns nós presentes no cotidiano de trabalho e para tomada de decisão conjunta na reorganização dos serviços de saúde. Para isso, a roda de diálogos foi aberta entre as equipes de saúde que atuam nos polos e a equipe interdisciplinar que realiza o matriciamento”. Para cada região onde há um Polo Base responsável pela assistência de um conjunto de aldeias indígenas, o DSEI Bahia deslocou uma equipe interdisciplinar de profissionais da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (DIASI) para realização da agenda junto aos respectivos profissionais do Polo. “Através dos encontros, também se fortaleceu a vinculação entre as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) e a equipe de matriciadores da DIASI, exercitando o diálogo coletivo e o apoio permanente entre as equipes de assistência e de gestão, em busca da co-gestão”, explica a chefe da Diasi/DSEI Bahia, Sara Mota. De acordo com ela, esta união permite a construção de novas ferramentas para a reorganização dos serviços e processos de trabalho das equipes de saúde, “estabelecendo uma relação dialógica e solidária, em que o compartilhamento de conhecimentos se dê de maneira horizontal e contínua”. “Na fala dos profissionais, emergiram desde os obstáculos do trabalho às tentativas e buscas de estratégias para enfrentamento dos problemas”, reforça Sara.
Troca de Experiências
A própria experiência de reunir os profissionais de diferentes áreas em uma Roda de Diálogos proporciona um espaço de aprendizado para novas modalidades de trabalho em equipe. “Os variados espaços mostraram a diversidade das realidades do DSEI Bahia de um Polo a outro. Exemplo disso foi a realização de um dos encontros numa Oca Comunitária na aldeia de Santa Cruz de Cabrália, Polo Base de Porto Seguro, onde a participação dos Agentes Indígenas de Saúde (AIS) fez a diferença nos trabalhos. Em outro Polo Base, de Ibotirama, a contribuição maior partiu do Conselho Local de Saúde Indígena, na descrição da realidade dos diferentes territórios da vasta área assistida pelas equipes”, destaca Leonardo Mendes, que integra a equipe de matriciadores do DSEI.
METODOLOGIA
Para girar a roda e possibilitar a participação efetiva dos trabalhadores do Polo Base, a equipe de matriciadores também dispôs de metodologias diversas que dinamizaram e qualificaram os espaços de reunião. O espaço para “o cuidado com o cuidador” também foi efetivado em muitos momentos, onde práticas de cuidado diversas (meditação, alongamentos, jogos teatrais, dinâmicas de interação e integração, dança, reza e canto tradicional indígena) estiveram presentes. “A partir dos principais ‘nós’ encontrados, elaboramos em conjunto um plano de ação para cada Polo Base como norteador para o enfrentamento dos principais problemas diagnosticados. Este plano de ação contempla também as diretivas do Plano Distrital de Saúde Indígena (PDSI) previsto para o quadriênio 2016-2019”, reforça o coordenador do DSEI, Jerry Matalauê.
Por Felipe Nabuco
Foto: Divulgação DSEI Bahia