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Saúde Indígena
Comunidade indígena de Parintins parabeniza a 35ª Expedição de Saúde
A solidariedade e a gratidão são sentimentos que andam de mãos juntas. Nesta 35ª Expedição de Saúde, que acontece desde o último sábado (9), no município de Barreirinhas (AM), a gratidão das comunidades indígenas Saterê Mauê e Hixkariana ao trabalho voluntário de mais de 200 profissionais envolvidos desde a montagem de toda estrutura, à realização das cirurgias e atendimentos especializados, era facilmente denotado nos sorrisos de pacientes e acompanhantes, até mesmo daqueles que enfrentaram dias de viagem de barco para aproveitar a oportunidade.
“Estamos muito felizes com este momento, com a vinda desta grande expedição para nossas aldeias. Quero agradecer muito a participação de cada um dos que ajudaram, desde o primeiro momento, na montagem da estrutura, aos médicos que vieram de longe para atender nossos parentes, pois sem o envolvimento de todos, esta expedição não sairia”, disse o Tuxaua representante das 11 aldeias do Polo Base de Umirituba, Lúcio Saterê, durante a abertura solene da expedição.
O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Parintins, Miguel Mayawakna, morador da aldeia Bilontra, na região do Alto Nhamundá, lembrou que há sete anos a mesma expedição esteve no mesmo local e que, desde então, a comunidade aguardava ansiosa pelo seu retorno. “O grande diferencial desta ação é que ela acontece toda em Terra Indígena, o que ajuda muito no deslocamento e acomodação dos nossos parentes, que não querem sair de área indígena para ir para as cidades”.
Outra importante peculiaridade da ação, apontada por Miguel, está na rapidez com que os procedimentos são executados, o que garante um retorno rápido do paciente a sua casa. “A gente sabe e vê no dia-a-dia como é difícil realizar uma cirurgia ou um atendimento especializado no SUS. Muitos parentes vão pra Casai [Casa de Saúde Indígena] no município e ficam semanas e até meses aguardando por uma cirurgia, porque o município não consegue ofertar. Muitos deles acabam desistindo e voltando para aldeia com o mesmo problema com que chegou”.
Benefícios
Seu Francisco da Paz (60), índio da etnia Saterê Maué e morador da aldeia Simão, no Polo Base de Umirituba, é um exemplo claro de como os benefícios da ação conseguem convencer até quem resolve participar do mutirão de última hora. Ao acompanhar de longe a triagem de pacientes que iriam ser operados para retirada da catarata, no primeiro dia de ação, ouviu da enfermeira que a cirurgia não demorava mais que 15 minutos e que, no dia seguinte, já poderia retornar para sua aldeia enxergando normalmente.
“Eu tenho um problema na minha visão que me impede de ler e me dificulta enxergar à noite, sinto tudo embaçado e os olhos ficam lacrimejando”, disse seu Francisco da Paz ao decidir se juntar ao grupo que seria operado. Horas depois, já na sala de pré-cirurgia, seu Francisco esbanjava confiança e alegria. “Já já acaba e eu estarei em casa”.